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Bancos elevam pessimismo e já esperam a maior inadimplência em nove anos
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
DEISE OLIVEIRA
DA FOLHA ONLINE
Os bancos brasileiros já trabalham com a perspectiva de
que os pagamentos em atraso
cheguem a 5,4% de toda a carteira de crédito até o final de
2009, segundo pesquisa da Febraban. Se a previsão se confirmar, será a maior inadimplência desde setembro de 2000,
anterior ao estouro da bolha da
internet, quando os atrasos acima de 90 dias atingiram 5,7%
do total do crédito.
Segundo Rubens Sardenberg, economista da Febraban,
o aumento da inadimplência
sucede a retração da atividade
econômica, o aumento do desemprego e a queda na renda.
A Febraban, no entanto, afirma que a possível disparada da
inadimplência não deverá elevar ainda mais os "spreads", a
diferença entre taxa de captação e a repassada ao consumidor. Isso porque os bancos já se
adiantaram elevando a "gordura" nas taxas para cobrir o aumento de eventuais perdas.
"O movimento observado
nos "spreads" segue o que era
esperado para a inadimplência.
Houve uma antecipação desse
cenário. O que vai determinar
agora será o desempenho da
economia e da demanda por
crédito. Como não deve ter aumento da taxa de aplicação, a
tendência é de estabilidade ou
mesmo recuo do "spread". Não
vejo novos ajustes, a menos que
a situação se agrave muito."
Pessimismo
Responsáveis por provisões
de quase R$ 65 bilhões para devedores duvidosos até dezembro, segundo a consultoria Austin Ratings, os bancos preveem
que o crédito cresça 14,2% em
2009 e some um total de R$ 1,4
trilhão -em janeiro, a expectativa era de expansão de 16,2%.
Com inadimplência de 5,4%, as
provisões atuais de R$ 65 bilhões não serão suficientes para cobrir eventuais perdas que
podem chegar a R$ 75 bilhões.
Desde a pesquisa de janeiro,
aumentou o pessimismo dos
bancos em relação à economia.
A previsão é que o PIB cresça só
0,3% em 2009 -em janeiro,
ainda era de 1,9%. A produção
industrial deverá recuar 1,7%
-antes, era 1,3%. A única previsão considerada positiva é
quanto à taxa Selic, que deverá
terminar o ano em 9,25% -em
janeiro, era de 10,75%.
"A pesquisa aponta na direção da desaceleração da atividade econômica, com projeções menores para PIB, inflação sob controle e espaço para
novas quedas na Selic".
Para 50% dos bancos, haverá
uma piora no quadro econômico. Já 42,9% acreditam que a situação ficará igual até o final do
ano, enquanto só 7,1% percebem alguma melhora.
Na pesquisa, 59,3% disseram
esperar uma retomada do crescimento só em 2010, enquanto
33,3% veem possibilidade de
recuperação ainda em 2009 e
7,4% só a partir de 2011.
Entre os bancos, 42,3% afirmaram concordar com a proposta de estatização do sistema
bancário americano como única solução para crise -19,2%
disseram discordar e os 38,5%
restantes disseram não concordar nem discordar da proposta.
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