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Setor aéreo prevê queda de 12% no ano
Recuo na receita das companhias será quase duas vezes maior que o ocorrido após os atentados do 11 de Setembro, diz entidade
Mesmo com declínio no preço do petróleo, empresas não esperam crescimento antes de 2011; Ásia deverá
ser a região mais afetada
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Sob o peso da acentuada queda no número de passageiros e
no volume de cargas, o setor de
transporte aéreo mundial
amargará perdas de US$ 4,7 bilhões em 2009. A previsão é
que a receita das empresas será
12% menor, um declínio quase
duas vezes maior que o ocorrido após os atentados de 11 de
setembro de 2001.
A região mais afetada pela
crise será a Ásia, com perdas de
US$ 1,7 bilhão, mas a América
Latina não será poupada e deve
fechar o ano com prejuízo de
US$ 600 milhões. Mesmo com
o declínio nos preços do petróleo, o setor não voltará a decolar antes de 2011, prevê a Iata
(Associação Internacional de
Transporte Aéreo).
"Este será o ano mais duro da
história da aviação", disse ontem o diretor-geral da Iata,
Giovanni Bisignani. Ele admitiu que a redução da demanda
causada pela desaceleração
econômica mundial foi mais rápida do que esperava, o que levou a Iata a quase dobrar a previsão de perdas para 2009 feita
em dezembro, de US$ 2,5 bilhões para US$ 4,7 bilhões.
Para o Brasil, a Iata vê um horizonte com menos nuvens do
que em outros países, devido ao
potencial de crescimento do
mercado. As perdas da Gol, que
anunciou prejuízo líquido de
R$ 687 milhões no quarto trimestre de 2008, são fruto de
um "ajuste temporário", disse o
economista-chefe da Iata,
Brian Pearce. "A Gol está passando por um momento difícil
por causa da desaceleração da
economia, mas também pela
reestruturação que está acontecendo após a compra da Varig", disse à Folha.
Os números, contudo, mostram que a crise mundial também derrubou a demanda no
Brasil. Em dezembro, o número de passageiros internacionais entrando e saindo do país
encolheu 1,8% em relação ao
mesmo mês de 2007.
O contraste negativo com o
ano anterior é notável. Em dezembro de 2007, o mesmo movimento crescera 17,3% em
comparação com o mesmo mês
de 2006. Nos primeiros três
meses de 2009, a capacidade
do setor em voos internacionais manteve-se estagnada. No
mesmo período de 2008, havia
ocorrido alta de 15%.
Segundo a Iata, que representa 230 empresas responsáveis por 93% do tráfego aéreo
global, a crise provocará queda
de 5,7% no número de passageiros em 2009. O volume de
carga será ainda mais afetado,
caindo 13%, diz a associação.
Bisignani lembrou que a redução no transporte de carga é
um indício particularmente
preocupante da desaceleração
econômica mundial, uma vez
que 35% do comércio do planeta é feito por via aérea.
Relatório que será divulgado
hoje pela OMC (Organização
Mundial do Comércio) prevê
que o comércio mundial sofrerá contração de 9% neste ano, a
maior queda desde a Segunda
Guerra Mundial.
A única boa notícia para o setor de aviação é a queda nos
preços de petróleo. Com o barril a uma média de US$ 50, a
parcela do combustível na conta das empresas neste ano deve
cair para 25%, calcula a Iata,
contra 32% em 2008.
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