São Paulo, quarta-feira, 25 de março de 2009

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Setor aéreo prevê queda de 12% no ano

Recuo na receita das companhias será quase duas vezes maior que o ocorrido após os atentados do 11 de Setembro, diz entidade

Mesmo com declínio no preço do petróleo, empresas não esperam crescimento antes de 2011; Ásia deverá ser a região mais afetada


MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Sob o peso da acentuada queda no número de passageiros e no volume de cargas, o setor de transporte aéreo mundial amargará perdas de US$ 4,7 bilhões em 2009. A previsão é que a receita das empresas será 12% menor, um declínio quase duas vezes maior que o ocorrido após os atentados de 11 de setembro de 2001.
A região mais afetada pela crise será a Ásia, com perdas de US$ 1,7 bilhão, mas a América Latina não será poupada e deve fechar o ano com prejuízo de US$ 600 milhões. Mesmo com o declínio nos preços do petróleo, o setor não voltará a decolar antes de 2011, prevê a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).
"Este será o ano mais duro da história da aviação", disse ontem o diretor-geral da Iata, Giovanni Bisignani. Ele admitiu que a redução da demanda causada pela desaceleração econômica mundial foi mais rápida do que esperava, o que levou a Iata a quase dobrar a previsão de perdas para 2009 feita em dezembro, de US$ 2,5 bilhões para US$ 4,7 bilhões.
Para o Brasil, a Iata vê um horizonte com menos nuvens do que em outros países, devido ao potencial de crescimento do mercado. As perdas da Gol, que anunciou prejuízo líquido de R$ 687 milhões no quarto trimestre de 2008, são fruto de um "ajuste temporário", disse o economista-chefe da Iata, Brian Pearce. "A Gol está passando por um momento difícil por causa da desaceleração da economia, mas também pela reestruturação que está acontecendo após a compra da Varig", disse à Folha.
Os números, contudo, mostram que a crise mundial também derrubou a demanda no Brasil. Em dezembro, o número de passageiros internacionais entrando e saindo do país encolheu 1,8% em relação ao mesmo mês de 2007.
O contraste negativo com o ano anterior é notável. Em dezembro de 2007, o mesmo movimento crescera 17,3% em comparação com o mesmo mês de 2006. Nos primeiros três meses de 2009, a capacidade do setor em voos internacionais manteve-se estagnada. No mesmo período de 2008, havia ocorrido alta de 15%.
Segundo a Iata, que representa 230 empresas responsáveis por 93% do tráfego aéreo global, a crise provocará queda de 5,7% no número de passageiros em 2009. O volume de carga será ainda mais afetado, caindo 13%, diz a associação.
Bisignani lembrou que a redução no transporte de carga é um indício particularmente preocupante da desaceleração econômica mundial, uma vez que 35% do comércio do planeta é feito por via aérea.
Relatório que será divulgado hoje pela OMC (Organização Mundial do Comércio) prevê que o comércio mundial sofrerá contração de 9% neste ano, a maior queda desde a Segunda Guerra Mundial.
A única boa notícia para o setor de aviação é a queda nos preços de petróleo. Com o barril a uma média de US$ 50, a parcela do combustível na conta das empresas neste ano deve cair para 25%, calcula a Iata, contra 32% em 2008.


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