São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2010

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Agência rebaixa Portugal e põe pressão na UE

Com decisão, euro cai ao menor nível desde maio de 2009; reunião do bloco hoje pode definir pacote de ajuda à Grécia

Crise está relacionada aos temores do mercado quanto ao acúmulo de desequilíbrios fiscais pelos países denominados Piigs

João Cortesão - 5.fev.10/France Presse
Servidores portugueses reivindicam aumentos salariais

DO "NEW YORK TIMES"

A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou ontem a nota da dívida de Portugal, levando o euro à sua mais baixa cotação desde maio do ano passado e aumentando a pressão sobre os líderes europeus para que encontrem uma solução para os problemas financeiros da zona do euro.
O euro caiu para US$ 1,3337.
A baixa acentua o declínio continuado desde o pico de US$ 1,5145 atingido em novembro.
A crise está relacionada aos temores dos mercados quanto ao acúmulo de desequilíbrios fiscais pelos países denominados Piigs -Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha- e quanto a eventuais dificuldades que essas economias terão no sentido de refinanciar suas dívidas.
A Fitch anunciou ontem o rebaixamento da classificação dos títulos de dívida portugueses denominados em moeda local e estrangeira de AA para AA-, com a justificativa de que a perspectiva em relação à dívida de longo prazo é "negativa".
O rebaixamento, disse a agência, reflete o fato de que o deficit do governo português em 2009 representava 9,3% do PIB, bem acima dos 6,5% antecipados pela agência de classificação de crédito.
"Isso elevou de maneira significativa a escala do desafio fiscal para estabilizar e reduzir a dívida em médio prazo", afirmou o comunicado da Fitch.
Depois do rebaixamento, o Ministério das Finanças de Portugal reafirmou seu "forte compromisso para com a consolidação fiscal" e apontou que a Fitch havia feito alguns elogios ao país, entre os quais à "credibilidade" de seus planos orçamentários.
Portugal, um país de cerca de 11 milhões de habitantes, teve PIB de US$ 232,2 bilhões no ano passado, o que o torna a 50ª economia do mundo. O setor bancário português sobreviveu à crise financeira em melhor estado que os de alguns países vizinhos, mas as finanças públicas sofreram.

Reunião de líderes
O rebaixamento da dívida de Portugal surgiu um dia antes de uma reunião entre os líderes da União Europeia em Bruxelas para decidir sobre um pacote de assistência financeira à Grécia, que está sendo punida pelos mercados de títulos enquanto se esforça para cobrir um rombo orçamentário cada vez maior.
A Alemanha deu a entender na terça que poderia aceitar um pacote de assistência ao país financiado em parte pelos países da zona do euro, mas apenas como último recurso. Berlim deixou claro que o governo grego teria de exaurir sua capacidade de captação, e que qualquer resgate precisaria envolver o FMI (Fundo Monetário Internacional).


Com agências internacionais

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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