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IMÓVEIS
Banco aceitou R$ 24 milhões em debêntures em 95, quando empresa já vivia crise
Caso Encol estremece relações no BB
FERNANDO GODINHO
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
Em junho de 95, quando a construtora Encol já devia R$ 100 milhões ao Banco do Brasil, a diretoria do banco aceitou R$ 24 milhões
em debêntures -títulos privados- da empresa para ampliar
garantias de débitos anteriores.
Com a falência da Encol, decretada pela Justiça de Goiás no último
dia 16, as debêntures adquiridas
pelo Banco do Brasil perderam todo o valor.
O diretor de Créditos do BB, Edson Soares Ferreira, disse ontem à
Folha que o banco "não gastou um
centavo" na operação e que ela foi
feita para "reforçar as garantias"
concedidas anteriormente pela
Encol.
Segundo documento do BB obtido pela Folha, as debêntures foram aceitas para compensar a "difícil situação financeira da empresa para saldar seus empréstimos"
tomados anteriormente no banco.
Em julho de 95, a diretoria do
banco limitou o crédito da Encol
em R$ 90 milhões. Entre outubro e
novembro do mesmo ano, a diretoria do BB renegociou R$ 119,7
milhões em débitos da construtora.
Dívida de R$ 200 mi
As operações do BB com a Encol,
cuja dívida com a instituição está
calculada em cerca de R$ 200 milhões, estão provocando uma crise
na cúpula da instituição.
Hoje, acontece uma reunião extraordinária do conselho de administração do banco para discutir a
situação. A reunião foi convocada
por Pedro Parente, secretário-executivo do Ministério da Fazenda e
presidente do conselho.
Em junho de 95, a Encol estava
sendo investigada pelo Ministério
Público por sonegação de impostos e emissão de notas fiscais frias.
Soares disse que a direção do banco desconhecia a investigação
quando concordou em receber as
debêntures da construtora.
Cúpula do BB
A crise na cúpula do Banco do
Brasil se agravou no mês passado,
depois que o conselho fiscal aprovou um voto contrário à auditoria
feita pelo BB nas operações da Encol realizadas com a agência SIA,
de Brasília.
A auditoria, concluída em dezembro do ano passado, sugeriu a
demissão de Jair Bilachi (ex-gerente da agência e ex-presidente da
Previ, fundo de pensão dos funcionários) e de seis auxiliares seus.
Mas o conselheiro fiscal do BB
Carlos Alberto de Araújo produziu
um relatório contestando diversos
pontos da auditoria, o que provocou o voto contrário do conselho.
A Folha apurou que um dos motivos da reunião de hoje convocada por Pedro Parente é o parecer
contrário do conselho fiscal em relação ao trabalho da auditoria.
Bilachi foi gerente da agência SIA
entre novembro de 93 e fevereiro
de 95. Após deixar o cargo, foi promovido para superintendente do
BB no DF.
Ele foi demitido da presidência
da Previ no ano passado por envolvimento no escândalo do grampo
telefônico no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Atualmente, Bilachi está na Unidade de Desenvolvimento Empresarial, ligada à presidência do Banco do Brasil.
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