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INDÚSTRIA DO ATESTADO
Força-tarefa desmantelou três quadrilhas de golpistas; em Cubatão, carne-seca aumentava pressão
Sorocaba concentra ocorrências de fraude
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O gerente-executivo do INSS da
região de Sorocaba (SP), Décio
Araújo, disse que se deparou
"com uma situação preocupante"
logo que tomou posse, em 2003.
Foi montada conjuntamente com
a Polícia Federal e o Ministério
Público uma força-tarefa, que
desmantelou três quadrilhas de
falsificação de documentos.
De acordo com Araújo, foram
feitas representações contra vários advogados ao Ministério Público e à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) por "má conduta". Foram descredenciados 15
médicos por suspeita de facilitação na conclusão de perícias.
Araújo disse também que, com
o maior rigor nas perícias médicas, foi dada alta para mais de
4.000 pessoas que mantinham auxílios-doença por longo tempo.
Ou seja, perderam os benefícios.
Contou ainda que ele e outros
funcionários do INSS foram alvos
de ameaças e agressões.
"Consultórios médicos foram
depredados, e peritos foram agredidos, por incentivo de intermediários que recebiam o primeiro
pagamento do segurado. Meu
carro e o de uma colega médica
foram depredados", disse.
Segundo ele, em 2003 os indeferimentos de requerimentos de auxílio-doença em Sorocaba não
passavam de 25%. "Atualmente, a
porcentagem de protocolos indeferidos está em torno de 55%. É o
maior índice do Estado."
Fraude da carne-seca
Uma quadrilha de fraudadores
do INSS encontrou um meio criativo de obter auxílios-doença para
trabalhadores de Cubatão (SP).
Um médico envolvido no esquema orientava os "candidatos" a
comer, na noite anterior ao exame, enorme quantidade de carne-seca, sem beber água. Assim, a
pressão sangüínea do paciente subia bastante, permitindo o diagnóstico de "hipertensão".
Segundo Ivete Bittencourt, gerente-executiva do INSS em Santos, o médico, funcionário da Prefeitura de Cubatão, foi preso em
flagrante ao tentar vender um laudo para um segurado do INSS que
já recebia o auxílio-doença.
Indignado com o fato de lhe ser
cobrado R$ 600 por um serviço
público, que serviria para renovar
o benefício, o segurado gravou a
conversa em que fingia negociar
os valores com o médico.
Segundo Ivete, o denunciante
está hoje sob os cuidados do programa da polícia de proteção à
testemunha, depois de ter sofrido
ameaças de morte.
O caso em Cubatão estourou no
final de 2003. Ivete conta que, naquele ano, 96% dos requerimentos de auxílio-doença foram deferidos. Hoje, diz ela, os pedidos
acatados caíram para 70%. "Em
setembro de 2003, foram requeridos 814 auxílios-doença. No mês
passado, 421. Isso demonstra que
as pessoas não estão tendo acesso
tão fácil a esses laudos suspeitos.
Mas ainda há muito trabalho a ser
feito, são muitos os indícios de irregularidades", disse.
Assim como o superintendente
do INSS do Estado de São Paulo,
Carlos Gabbas, Ivete diz que são
muitos os casos em que médicos
envolvidos em esquemas suspeitos conseguem prolongar por
anos certos auxílios-doença, obtendo para o segurado aposentadoria por invalidez.
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