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Governo já financiou dívida até meados de 2007
DE NOVA YORK
O Secretário do Tesouro, Carlos
Kawall, disse ontem que o governo já tem atendidas todas as suas
necessidades de financiamento da
dívida pública até meados de
2007, criando um cenário de estabilidade "bem diferente" das últimas eleições presidenciais e de
proteção contra choques externos. Segundo ele, até o final do
ano mais US$ 3,7 bilhões em títulos da dívida doméstica e internacional serão rolados, o que completaria as obrigações até o final
do próximo ano.
Na avaliação dele, mesmo sendo um ano eleitoral, o que gera insegurança de investidores para se
comprometer com papéis de um
país, não haverá dificuldade para
colocar títulos no mercado com
prazos mais prolongados. "É, sim,
um ano em que podemos continuar a estender o prazo da dívida", disse.
Kawall, que sucedeu Joaquim
Levy no posto, fez a primeira
apresentação sobre seu comando
do Tesouro ontem em Nova York,
na Cúpula da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. "A
mensagem pode ser um pouco
entediante: é de continuidade",
disse. Depois de expor a mudança
qualitativa da composição da dívida -prazos mais longos, taxas
mais baixas-, disse que os investidores brasileiros, em especial os
fundos de pensão, não podem
continuar "viciados na CDI", isto
é, usar como referência os Certificados de Depósitos Interbancários que seguem a taxa básica de
juros do Banco Central.
A questão foi de particular interesse para os analistas do risco
dos títulos brasileiros que estavam na platéia, já que a composição da dívida, além de seu volume, é essencial para avaliar a capacidade de honrar compromissos. Um dos movimentos principais, segundo ele, é atrair investidores estrangeiros para o mercado doméstico. Kawall também
apresentou projeções que indicam uma queda da relação dívida-PIB para cerca de 40%, dos
atuais 50%, em cinco anos com
uma taxa de crescimento médio
anual de 3,5% do PIB.
Mensagem forte
"Temos de passar uma mensagem forte para os fundos de pensão se adequarem a um cenário de
taxa real de juros mais baixa", disse Kawall. "Essa cultura do CDI é
bastante enraizada, vem do passado inflacionário. A idéia de que o
curto prazo remunera mais é uma
realidade que pode mudar." Para
ele, os fundos precisam fazer esse
ajuste agora, para não perder a
chance de obter títulos de longo
prazo com taxas vantajosas, devido à gradual e continuada queda
dos juros.
(LEILA SUWWAN)
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