São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

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Governo já financiou dívida até meados de 2007

DE NOVA YORK

O Secretário do Tesouro, Carlos Kawall, disse ontem que o governo já tem atendidas todas as suas necessidades de financiamento da dívida pública até meados de 2007, criando um cenário de estabilidade "bem diferente" das últimas eleições presidenciais e de proteção contra choques externos. Segundo ele, até o final do ano mais US$ 3,7 bilhões em títulos da dívida doméstica e internacional serão rolados, o que completaria as obrigações até o final do próximo ano.
Na avaliação dele, mesmo sendo um ano eleitoral, o que gera insegurança de investidores para se comprometer com papéis de um país, não haverá dificuldade para colocar títulos no mercado com prazos mais prolongados. "É, sim, um ano em que podemos continuar a estender o prazo da dívida", disse.
Kawall, que sucedeu Joaquim Levy no posto, fez a primeira apresentação sobre seu comando do Tesouro ontem em Nova York, na Cúpula da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. "A mensagem pode ser um pouco entediante: é de continuidade", disse. Depois de expor a mudança qualitativa da composição da dívida -prazos mais longos, taxas mais baixas-, disse que os investidores brasileiros, em especial os fundos de pensão, não podem continuar "viciados na CDI", isto é, usar como referência os Certificados de Depósitos Interbancários que seguem a taxa básica de juros do Banco Central.
A questão foi de particular interesse para os analistas do risco dos títulos brasileiros que estavam na platéia, já que a composição da dívida, além de seu volume, é essencial para avaliar a capacidade de honrar compromissos. Um dos movimentos principais, segundo ele, é atrair investidores estrangeiros para o mercado doméstico. Kawall também apresentou projeções que indicam uma queda da relação dívida-PIB para cerca de 40%, dos atuais 50%, em cinco anos com uma taxa de crescimento médio anual de 3,5% do PIB.

Mensagem forte
"Temos de passar uma mensagem forte para os fundos de pensão se adequarem a um cenário de taxa real de juros mais baixa", disse Kawall. "Essa cultura do CDI é bastante enraizada, vem do passado inflacionário. A idéia de que o curto prazo remunera mais é uma realidade que pode mudar." Para ele, os fundos precisam fazer esse ajuste agora, para não perder a chance de obter títulos de longo prazo com taxas vantajosas, devido à gradual e continuada queda dos juros. (LEILA SUWWAN)


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