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CRISE NO AR
Consultor diz representar fundos europeus interessados na aquisição das três empresas em recuperação judicial
Investidor oferece US$ 1,9 bi pela Varig
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O consultor Jaime Toscano voltou a procurar credores da Varig
para tentar comprar a empresa.
No ano passado, ele chegou a
apresentar proposta à Justiça para
adquirir o controle de todas as
empresas do grupo, mas ela foi recebida com descrença por não
apresentar a origem dos recursos.
Com a piora da situação da
companhia aérea, a nova proposta restringe-se à aquisição do controle das três empresas em recuperação judicial -Varig, Rio Sul
e Nordeste. A base da oferta é um
empréstimo-ponte de US$ 1,9 bilhão, que pode ser parcelado em
até seis vezes. No curto prazo, seriam disponibilizados US$ 500
milhões para fluxo de caixa.
Desde que entrou em recuperação judicial, a Varig já recebeu algumas propostas de compra, mas
até agora nenhuma foi aprovada.
Os credores consideraram a
maioria sem fundamento ou com
ofertas baixas. Entre os interessados na Varig já apareceram nomes como os de German Efromovich, dono da Ocean Air, Nelson
Tanure, do Jornal do Brasil, e de
empresas como a portuguesa
TAP e o fundo de investimento
americano Matlin Patterson.
Segundo Selma Balbino, presidente do Sindicato dos Aeroviários, o consultor marcou uma
reunião para hoje com os sindicatos. "Vemos a proposta com uma
certa reserva porque há seis meses, quando ele nos procurou, pedimos que entregasse a proposta
à Justiça e nem assim ele afirmou
quem era o investidor. Esperamos
que ele diga agora", afirmou.
Segundo o consultor, o projeto
consiste na oferta de um empréstimo-ponte, na realização de uma
"due dilligence" (processo de avaliação de dados da empresa) e na
administração com comitês de
co-gestão durante o regime de recuperação judicial.
O consultor diz que os recursos
viriam de fundos de investimento
europeus. A falta de informações
sobre a origem do dinheiro foi o
principal entrave à aceitação da
proposta anterior. "Não existe
propriamente um único investidor, esses recursos vêm de fundos
de investimento. Quem será o dono é uma questão a ser definida
com o tempo", disse.
Toscano afirma ser dono de
uma consultoria e trabalhar há
seis anos na área financeira buscando recursos para empresas em
dificuldades. Em entrevista à Folha por telefone, ele disse que as
negociações ainda estão no início.
"Procuramos os sindicatos, precisamos que alguém apresente a
proposta", disse.
Na primeira fase, seriam verificados ao longo de 30 dias os contratos e estatutos sociais das companhias e a viabilidade de uma
emissão de debêntures conversíveis em ações. Elas seriam usadas
como garantias dos recursos financiados durante os seis primeiros meses. "Os recursos serão
concedidos pelo período de dez
anos e condicionados ao regime
de co-gestão total do negócio pelo
período de financiamento", informa a proposta apresentada a credores.
Numa segunda fase, o investidor decide se adquire ou não o
controle acionário das companhias após o período de "due dilligence". Caso decida assumir o
controle, os recursos já concedidos seriam usados para aumentar
o capital das companhias.
"Nossa proposta seria um financiamento dentro de um prazo
de 180 dias, período necessário
para que a Boucinhas & Campos,
que faz nossa assessoria, levantasse a situação das empresas", afirmou Toscano. O contrato incluiria cláusulas para a evitar que a falência da Varig fosse solicitada no
período ou que a empresa tivesse
títulos protestados.
Questionado sobre o valor da
oferta, muito superior ao de outros interessados, Toscano afirma
que os investidores que representa pensam no desempenho da
companhia nos próximos anos.
De acordo com o consultor, a
participação dos estrangeiros ficaria dentro do permitido em lei,
de 20%. Seria criada uma sociedade anônima com sócios brasileiros responsáveis pela gestão.
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