São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

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AGRONEGÓCIO

Especulações de que os agricultores segurariam produto para lucrar com imposto menor foi o motivo da alta

Retenção de safra no Brasil eleva preço da soja

Jean-Pierre Pingoud/Bloomberg News
Colheitadeira despeja soja em caminhão, em Minas Gerais; preço sobe com retenção da safra


DA BLOOMBERG

A soja alcançou a maior cotação das últimas seis semanas em Chicago devido a especulações de que os cortes de impostos que beneficiarão os agricultores no Brasil, o segundo maior produtor mundial da oleaginosa, reduzirão a urgência dos produtores para vender a safra, o que derrubaria os preços.
O governo brasileiro reduzirá os impostos e as tarifas de importação que incidem sobre insumos agrícolas para diminuir os custos de produção, no momento em que a valorização do real reduz a receita, em dólares, gerada pelas exportações do setor.
O preço da soja recuou 23% em relação à cotação máxima do ano passado. As reduções dos impostos se seguem a um pacote de ajuda aos agricultores no valor de R$ 14,6 bilhões anunciado no início deste mês pelo governo brasileiro.
"O governo está tentando elevar os preços da soja ao facilitar a retenção, por parte dos agricultores, de suas safras", disse Gregg Hunt, analista de mercado da Fox Investment Inc., de Chicago. "A alta dos preços também desacelerará as vendas dos produtores norte-americanos."
A soja para entrega em julho subiu US$ 0,05, ou 0,9%, passando a valer US$ 5,8825 por bushel na Bolsa de Mercadorias de Chicago, após ter alcançado US$ 5,98 -a mais elevada cotação desde 7 de março passado.
Os preços da soja haviam recuado 9,6% nos últimos 12 meses, após os produtores norte-americanos terem colhido a segunda maior safra de sua história no ano passado, e os estoques terem subido para seu recorde em 1º de março passado.
A maior cotação do ano passado foi de US$ 7,36 por bushel, registrada em 24 de junho durante a seca que ameaçou a produção. Os EUA são o maior produtor e exportador mundial de soja, seguidos pelo Brasil e pela Argentina.
"O governo [brasileiro] percebeu que há um potencial desequilíbrio econômico resultante da crise agrícola", disse o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, em entrevista em Nova York.
Os produtores brasileiros receberão R$ 1,2 bilhão em auxílio financeiro para arcar com gastos referentes ao transporte de suas colheitas e para financiar a compra de opções referentes à safra, o que lhes permitirá segurar os preços, disse Rodrigues no início deste mês. Bancos públicos e privados também oferecerão R$ 5,7 bilhões para auxiliar na venda e no armazenamento da safra.
"As medidas ajudarão os agricultores a recuperar sua receita e a pagar suas dívidas", disse o ministro. "O governo não permitirá que os preços caiam."
A alta ocorreu ontem após os preços terem subido acima do patamar da semana passada e da compra de novas posições no mercado futuro por parte de especuladores que venderam suas opções que venceriam em maio.


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