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Governo usa leilão contra alta do arroz
Para setor, preço dispara pela decisão de Argentina e Uruguai de vender excedentes a outros países, que pagam mais
Vendas semanais dos estoques públicos começam com 55 mil toneladas no
dia 5; ministro nega barrar exportações privadas agora
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O preço do arroz vem subindo no mercado brasileiro como
reflexo direto da crise mundial
de alimentos, principalmente
pela decisão das indústrias da
Argentina e do Uruguai -tradicionais fornecedoras do Brasil- de vender para outros países, que pagam mais.
O diagnóstico foi feito ontem
por representantes do setor
após reunião com técnicos do
Ministério da Agricultura. Para
evitar maior especulação nos
preços brasileiros, o governo
decidiu fazer leilões públicos
semanais de arroz, começando
com 55 mil toneladas no dia 5.
"O arroz do Mercosul não está mais vindo para cá", afirmou
Francisco Shardong, presidente da Comissão de Arroz da
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Em 2007, o Brasil importou
cerca de 800 mil toneladas de
arroz da Argentina e do Uruguai, média de 66 mil toneladas
mensais. Neste ano, até agora,
foram importadas 55 mil.
Perdas de safra causadas pelo
clima levaram grandes produtores da Ásia a suspender as exportações do cereal.
O resultado é a "falta" de 3
milhões de toneladas do produto no mundo. Essa "falta" é a diferença entre a produção e o
consumo, que deve ser suprida
por estoques de outras safras.
Anteontem, o governo anunciou que proibiu as exportações
de arroz dos estoques públicos.
A exportação privada permanece liberada, mas pode ser
restrita, se houver necessidade.
Os agricultores não aceitam
barreiras à exportação. "Os
produtores subsidiaram o consumo de arroz por quatro anos,
com preço abaixo dos custos de
produção. Quando temos chance de ganhar um pouquinho
mais no mercado externo, o governo vem tirar o pirulito da
nossa boca", disse Shardong.
Para Marco Aurélio Marques
Tavares, vice-presidente da Federação de Arroz do Rio Grande do Sul, se o varejo, a distribuição, a indústria e os produtores se entenderem, há possibilidade de o saco de arroz de
cinco quilos custar R$ 8.
Ontem, o ministro Reinhold
Stephanes (Agricultura) negou
intervenção no mercado agora.
"Se houver um risco muito forte de abastecimento, teremos
que adotar algumas medidas.
Até lá, vamos ver o que será."
O Brasil teria capacidade de
exportar 1,5 milhão de toneladas, de acordo com Stephanes.
O governo monitora o mercado por dados de distribuidores de arroz. Há ainda preocupação com o milho e o trigo.
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