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Eletrobrás vê riscos com mudança em Itaipu
Compradora de energia excedente do Paraguai, estatal afirma que reajuste criaria "grave problema"
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
O presidente da Eletrobrás,
José Antônio Muniz Lopes,
disse ontem que os acionistas
da empresa não podem ser prejudicados por um eventual aumento no preço da energia da
usina binacional de Itaipu. Cerca de 30% do capital da estatal
está nas mãos de investidores
privados, que compram e vendem ações em Bolsas.
"Os acionistas minoritários
não podem ser prejudicados.
Isso criaria um grave problema
para a Eletrobrás e para a imagem de todo o país. A Eletrobrás tem ações negociadas nas
Bolsas de Valores de Nova York
e de Madri", afirmou Lopes.
Desde a eleição de Fernando
Lugo para a Presidência do Paraguai, no último domingo, o
debate sobre o tema "esquentou" dentro do governo brasileiro. Pelo tratado de Itaipu,
Brasil e Paraguai têm direito,
cada um, a 50% da energia produzida na usina. A Eletrobrás
paga US$ 45,31 por MWh pela
energia que o Paraguai não usa
e vende ao Brasil. Lugo quer
reajustar esse valor -alegando
que está abaixo dos preços praticados no mercado.
O diretor da Eletrobrás, Valter Cardeal, diz que os valores
pagos pelo Brasil são "justos":
"Sob o ponto de vista de custos,
está perfeito. A tarifa atual, que
está sendo praticada pelos consumidores brasileiros, que pagam mais de 90% desses custos,
está absolutamente correta".
Em entrevista após almoço
no Clube dos Engenheiros do
Rio de Janeiro, Lopes e Cardeal
deixaram claro que eventual
decisão de rever as tarifas é assunto estritamente governamental. "Isso não é um assunto
da alçada da Eletrobrás. É
questão de Estado", afirmou
Lopes.
Alencar
Ao comentar ontem as reivindicações do Paraguai em relação a Itaipu, o vice-presidente José Alencar disse que o Brasil tem sido "generoso" com os
vizinhos da América do Sul e
que faz isso não por subserviência, mas por "coração" e
por ter uma situação econômica melhor. Mas, segundo o vice-presidente, a "solidariedade"
brasileira "tem um limite".
Alencar disse que essa situação será posta na mesa de negociações entre Brasil e Paraguai.
"O Brasil tem sido generoso
com todos os países. Essa generosidade faz parte de tudo aquilo que o Brasil pode fazer, até
com o seu coração. O Brasil não
está fazendo isso subservientemente. O Brasil está fazendo
todo esse apoio ao Paraguai, à
Bolívia [aumento do preço pago pelo gás], a todos os países
aqui da América do Sul tendo
em vista as condições do Brasil
em relação às condições deles",
disse o vice-presidente.
"Então, há um espírito de solidariedade. Obviamente, isso
tem um limite, e isso vai ser
posto por ocasião dessas negociações", afirmou Alencar.
Segundo Alencar, o Brasil foi
o país que "fez tudo". "Foi o
Brasil que colocou os recursos
que deveriam ser colocados pelo Paraguai. Então a empresa
nasceu com a ajuda do Brasil ao
Paraguai, nasceu com a ajuda
tecnológica do Brasil, com o
know-how do Brasil em matéria de hidrelétricas", disse.
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