São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2008

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Lula reprova aliados no Senado que aprovaram aumento a aposentado

Presidente diz que "não dá para aprovar o que não tem dinheiro para pagar"

LETÍCIA SANDER
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Alegando preocupação com as contas públicas, o presidente Lula criticou ontem seus aliados no Senado que aprovaram projetos que prevêem aumento de gastos na Previdência Social e na saúde sem que sejam apontadas as fontes para cobrir tais despesas.
A pedido de Lula, a base aliada na Câmara deverá engavetar até depois das eleições o projeto aprovado no Senado que estimula aposentadorias mais cedo. A proposta é a que acaba com o chamado fator previdenciário e prevê que todos os aposentados, inclusive os que ganham acima do mínimo, terão o mesmo reajuste anual.
Segundo relatos de deputados e senadores presentes à reunião, o presidente deixou claro que não abandonará nem o ajuste fiscal nem os investimentos previstos, sobretudo com o PAC. E que, por isso, o governo não tem como pagar o impacto da aprovação dos projetos em questão.
O primeiro deles estende a aposentados e pensionistas a política de valorização do mínimo. O segundo estabelece a extinção do fator previdenciário, mudando a forma de cálculo dos benefícios da Previdência.
O terceiro trata da emenda 29, que aumenta os repasses obrigatórios da União para a saúde. Esses projetos foram aprovados no Senado há duas semanas, mas ainda precisam ser apreciados pela Câmara.
Na reunião, Lula taxou de irresponsável a atitude dos senadores Paulo Paim (PT-RS) e Tião Viana (PT-AC), autores dos projetos aprovados no Senado, e cobrou mais sintonia da base aliada. Disse, segundo relatos de presentes, que "não dá para aprovar o que não tem dinheiro para pagar". E deixou claro que não quer passar pelo constrangimento de ter de vetar os projetos.
Lula discutiu os dois assuntos em reunião ontem de manhã no Palácio do Planalto com o Conselho Político, instância que reúne os presidentes dos partidos que apóiam o governo no Congresso e seus principais líderes no Legislativo. O presidente está preocupado porque os projetos não indicam uma fonte de financiamento.
Ou seja, para serem implementados, o governo deve cortar em outras áreas ou elevar tributos. Nenhuma das duas saídas agrada ao governo e aos seus apoiadores em ano de eleições municipais.


Colaborou MARIA CLARA CABRAL , da Sucursal de Brasília


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