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Lula reprova aliados no Senado que aprovaram aumento a aposentado
Presidente diz que "não dá para aprovar o que não tem dinheiro para pagar"
LETÍCIA SANDER
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Alegando preocupação com
as contas públicas, o presidente
Lula criticou ontem seus aliados no Senado que aprovaram
projetos que prevêem aumento
de gastos na Previdência Social
e na saúde sem que sejam apontadas as fontes para cobrir tais
despesas.
A pedido de Lula, a base aliada na Câmara deverá engavetar
até depois das eleições o projeto aprovado no Senado que estimula aposentadorias mais cedo. A proposta é a que acaba
com o chamado fator previdenciário e prevê que todos os aposentados, inclusive os que ganham acima do mínimo, terão
o mesmo reajuste anual.
Segundo relatos de deputados e senadores presentes à
reunião, o presidente deixou
claro que não abandonará nem
o ajuste fiscal nem os investimentos previstos, sobretudo
com o PAC. E que, por isso, o
governo não tem como pagar o
impacto da aprovação dos projetos em questão.
O primeiro deles estende a
aposentados e pensionistas a
política de valorização do mínimo. O segundo estabelece a extinção do fator previdenciário,
mudando a forma de cálculo
dos benefícios da Previdência.
O terceiro trata da emenda 29,
que aumenta os repasses obrigatórios da União para a saúde.
Esses projetos foram aprovados no Senado há duas semanas, mas ainda precisam ser
apreciados pela Câmara.
Na reunião, Lula taxou de irresponsável a atitude dos senadores Paulo Paim (PT-RS) e
Tião Viana (PT-AC), autores
dos projetos aprovados no Senado, e cobrou mais sintonia da
base aliada. Disse, segundo relatos de presentes, que "não dá
para aprovar o que não tem dinheiro para pagar". E deixou
claro que não quer passar pelo
constrangimento de ter de vetar os projetos.
Lula discutiu os dois assuntos em reunião ontem de manhã no Palácio do Planalto com
o Conselho Político, instância
que reúne os presidentes dos
partidos que apóiam o governo
no Congresso e seus principais
líderes no Legislativo. O presidente está preocupado porque
os projetos não indicam uma
fonte de financiamento.
Ou seja, para serem implementados, o governo deve cortar em outras áreas ou elevar
tributos. Nenhuma das duas
saídas agrada ao governo e aos
seus apoiadores em ano de eleições municipais.
Colaborou MARIA CLARA CABRAL ,
da Sucursal de Brasília
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