São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2008

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Ministro da Economia se demite na Argentina

Renúncia acontece após crise com o setor agrícola

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia da Argentina, Martín Lousteau, 37, renunciou ontem à noite ao cargo que ocupava havia apenas quatro meses, após uma crise do governo com o setor agropecuário e uma série de divergências públicas com o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno.
O novo ministro será Carlos Fernández, diretor da Afip (Administração Federal de Ingressos Públicos da Argentina, a Receita local). Antes de dirigir a Afip, Fernández, que assume o cargo hoje, coordenava a Subsecretaria de Relações com as Províncias do Ministério de Economia. Especialista em finanças públicas, ele é homem de confiança do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007).
Havia dias, corriam rumores sobre a renúncia de Lousteau, que teria deixado o cargo a pedido da presidente Cristina Kirchner. O ex-ministro, que assumiu em 10 de dezembro, na posse de Cristina, perdeu apoio no gabinete após a medida que impôs aumentos de impostos para a exportação de soja e girassol e gerou um locaute agropecuário de três semanas no país. O locaute causou desabastecimento e panelaços no país.
A renúncia de Lousteau reforça também o poder de Guillermo Moreno. No conflito com o campo, Lousteau esteve de fora das negociações com os produtores, enquanto Moreno ameaçou aplicar a lei do desabastecimento, que previa prisão aos produtores se a falta de alimentos persistisse.
Outro motivo de dissidência entre o jovem Lousteau, 37, e o governo é a inflação que assola o país e cujos índices são manipulados pelo Indec (o IBGE local). Recentemente, Lousteau deu declarações sobre os riscos da inflação, sobre os quais o governo prefere manter silêncio.
Segundo a imprensa local, o então ministro viajaria ontem à tarde para a reunião de ministros da Economia de países integrantes do Banco do Sul, que acontece hoje em Montevidéu, mas foi impedido porque teria de deixar o cargo.


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