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Ministro da Economia se demite na Argentina
Renúncia acontece após crise com o setor agrícola
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
O ministro da Economia da Argentina, Martín Lousteau, 37,
renunciou ontem à noite ao cargo que ocupava havia apenas quatro
meses, após uma crise do governo com o setor agropecuário e uma
série de divergências públicas com o secretário de Comércio Interior,
Guillermo Moreno.
O novo ministro será Carlos Fernández, diretor da Afip
(Administração Federal de Ingressos Públicos da Argentina, a Receita local).
Antes de dirigir a Afip, Fernández, que assume o cargo hoje, coordenava a
Subsecretaria de Relações com as Províncias do Ministério de Economia. Especialista
em finanças públicas, ele é homem de confiança do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007).
Havia dias, corriam rumores sobre a renúncia de Lousteau, que teria deixado
o cargo a pedido da presidente Cristina Kirchner. O ex-ministro, que assumiu em
10 de dezembro, na posse de Cristina, perdeu apoio no gabinete após a medida que
impôs aumentos de impostos para a exportação de soja e girassol e gerou um locaute
agropecuário de três semanas no país. O locaute causou desabastecimento e panelaços no país.
A renúncia de Lousteau reforça também o poder de Guillermo Moreno. No conflito com o
campo, Lousteau esteve de fora das negociações com os produtores, enquanto Moreno ameaçou
aplicar a lei do desabastecimento, que previa prisão aos produtores se a falta de alimentos
persistisse.
Outro motivo de dissidência entre o jovem Lousteau, 37, e o governo é a inflação que
assola o país e cujos índices são manipulados pelo Indec (o IBGE local). Recentemente,
Lousteau deu declarações sobre os riscos da inflação, sobre os quais o governo prefere
manter silêncio.
Segundo a imprensa local, o então ministro viajaria ontem à tarde para a reunião de
ministros da Economia de países integrantes do Banco do Sul, que acontece hoje em
Montevidéu, mas foi impedido porque teria de deixar o cargo.
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