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Para analistas, demissões não se espalharam
Fechamento de vagas ainda está mais restrito à indústria, apontam economistas; número de ocupados no setor de serviços cresce
Apesar disso, há consultorias que preveem deterioração
do mercado de trabalho ao longo do ano, com aumento da taxa de desemprego
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar de ter apontado a terceira alta consecutiva na taxa
de desemprego do país, a Pesquisa Mensal de Emprego divulgada pelo IBGE trouxe também dados que foram bem recebidos por analistas ouvidos
pela Folha. Eles consideraram
positiva a confirmação de que o
fechamento de postos de trabalho ainda está restrito à indústria, que viu o número de pessoas ocupadas cair 1,2% em relação a março de 2008.
O economista Fábio Romão,
da consultoria LCA, destacou
que, pelo segundo mês consecutivo, o estoque de ocupados
no setor de serviços ampliado
cresceu 1,6% em relação ao
mesmo período de 2008. Esse
grupo, que inclui serviços prestados a empresas, serviços domésticos, educação, saúde, administração pública e outros
serviços, responde por 57% do
estoque de empregos do país.
A expansão de 1,6%, apesar
de bem abaixo do verificado ao
longo do ano passado (em
maio, a diferença chegou a ser
de 4,2%), é considerada um
bom sinal pelo economista. "A
evolução, embora mais modesta, diminui o impacto do fechamento de postos na indústria."
Para Ariadne Vitoriano, da
Tendências, esse comportamento dos demais setores da
economia está relacionado ao
nível ainda elevado de renda da
população -apesar da crise, o
rendimento médio real do trabalhador foi 5% maior em março de 2009 do que em março de
2008. A massa salarial total, de
R$ 27,4 bilhões, também teve
desempenho positivo, com
crescimento de 5,4% em relação ao ano anterior.
"A maioria das categorias
conseguiu reajuste forte no ano
passado, quando a economia
estava aquecida. Além disso, a
desaceleração da inflação vem
contribuindo", explicou.
Ela disse acreditar, porém,
que esse desempenho não se
manterá neste ano, que deve
ter reajustes menores e migração de mão de obra para o mercado informal devido à crise.
Por isso, aposta na deterioração do mercado de trabalho,
com uma taxa média anual de
desemprego de 9,3%, contra
7,9% no ano passado.
Já Romão aposta em um resultado um pouco melhor, de
8,9%, baseado na avaliação de
que a indústria deve, já a partir
do próximo mês, estancar o
processo de demissões.
"A indústria teve um ajuste
de produção muito rápido e intenso entre novembro e janeiro. Agora, esse ímpeto demissionário vai ser menor", disse o
economista.
(DM)
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