São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004

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China barra seis empresas brasileiras

GUILHERME BARROS
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

Seis empresas brasileiras foram proibidas de exportar soja para a China por terem embarcado para o país sementes destinadas ao plantio misturadas com grãos do produto. A decisão foi tomada ontem após reunião do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, com o Ministério da Quarentena da China.
O governo local alega que foi constatada a presença de agroquímicos nas sementes de soja que estavam misturadas aos grãos exportadas para a China. A venda de sementes, como grãos, também é proibida.
No encontro, Rodrigues lamentou a venda de sementes destinadas ao plantio e admitiu o erro, o que não impediu o veto do governo chinês à soja exportada pelas seis empresas. "Houve má-fé, ganância e imediatismo", disse.
O ministro disse que a Polícia Federal foi acionada para tentar apurar responsabilidades no caso. As empresas impedidas de exportar soja para a China são: Bianchini, Cargill, Irmãos Trevisan, Noble Grain, ADM do Brasil e Louis Dreyfus do Brasil.
O governo ainda pretende reduzir o impacto da decisão do governo chinês. O Ministério da Agricultura tentará convencer a China a punir apenas uma empresa, e não seis, já que a mistura da soja com sementes ocorreu em apenas um silo, no porto do Rio Grande (RS), que pertence à Bianchini. Nos outros silos de soja não houve problemas.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Liu Jianchao, afirmou ontem que a China tem confiança de que o Brasil resolverá o problema da soja que foi exportada ao país.
Liu disse que o veto à soja é baseado apenas na questão da qualidade do produto e descartou especulações de que seria uma manobra de importadores chineses para tentar renegociar contratos com exportadores brasileiros.
"O Brasil tem exportado produtos de muito boa qualidade para a China, como jogadores de futebol", brincou, ao dizer que o incidente não prejudicará a imagem da soja brasileira na China.
O problema com a soja foi detectado pelo governo chinês em um navio no dia 10. Desde então, mais duas embarcações apresentaram problemas e voltaram para o Brasil. Um terceiro navio que está navegando em direção à China deverá ser interceptado provavelmente em Cingapura.
Rodrigues afirmou que o caso da soja deverá obrigar o governo brasileiro a rever as estimativas de exportação do produto para a China neste ano. No ano passado, o Brasil exportou US$ 1,6 bilhão para o país asiático. Neste ano, a estimativa era atingir US$ 2 bilhões. Para Rodrigues, essa meta pode estar comprometida, já que, só na semana passada, o preço do produto caiu cerca de 15% no mercado internacional.

Carne
As negociações do Brasil para passar a exportar carne "in natura" para a China não avançaram muito na reunião de ontem entre o Ministério da Agricultura e o Ministério da Quarentena.
Os chineses insistem em mandar equipes técnicas para o Brasil para examinar o gado, um processo que poderá se estender por muito tempo. Rodrigues apresentou uma contraproposta de serem exportadas para a China carnes que já são vendidas e que foram analisadas pela União Européia. O governo chinês ficou de avaliar a proposta.


Com a Redação


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