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COMÉRCIO
Para europeus, ofertas do Cone Sul são mais "modestas" que o prometido
Proposta do Mercosul não agrada à UE
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
A União Européia ficou insatisfeita com a nova proposta do
Mercosul, preparada em Buenos
Aires e enviada a Bruxelas na sexta-feira. Ontem, fontes da Comissão Européia voltaram a qualificar de "modesta" a última proposta feita pelo Mercosul.
O bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai havia
feito uma proposta que cobria
83% do comércio entre os dois
blocos. Com a insatisfação dos europeus, o Mercosul subiu a oferta
para 90% do comércio, mas os europeus ainda acharam pouco.
A troca de listas que contêm as
concessões tarifárias que um bloco fará ao outro deveria ser concluída na reunião de cúpula entre
a União Européia e o Mercosul, ao
longo desta semana, em Guadalajara (México).
Mas, segundo funcionários da
Comissão Européia, a discussão
sobre o que consta das listas será
retomada em Guadalajara. O
combinado seria que a oferta do
Mercosul abarcaria 90% do comércio entre os dois blocos.
O Mercosul quer que a União
Européia seja mais flexível quanto
a seu mercado agrícola, altamente
fechado e subsidiado. A UE, por
sua vez, está de olho no mercado
de serviços e de compras governamentais da região. Mas o ministro
das Relações Exteriores brasileiro,
Celso Amorim, afirma que o bloco sul-americano vai controlar a
participação de empresas estrangeiras nas licitações públicas para
manter a prerrogativa de aplicar
políticas industriais.
Diplomatas brasileiros avaliam
que o enfraquecimento das negociações do Mercosul na Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) deixa o Mercosul mais
vulnerável às pressões dos europeus na negociação entre os dois
blocos.
Isso porque a competição entre
as duas potências (União Européia e Estados Unidos) pelo mercado do Mercosul diminuiria,
com o malogro das negociações
para a formação da Alca.
Na semana passada, os negociadores americanos surpreenderam
o Mercosul ao afirmarem que alguns produtos agrícolas do bloco
nunca entrarão nos EUA.
China
No domingo, o secretário de Relações e Comércio Internacional da
Argentina, Martín Redrado, disse
que o Mercosul proporá um acordo comercial com a China. Como
negociador-chefe do país que
ocupa a presidência rotativa do
bloco neste semestre, a ele cabe a
iniciativa de propor acordos.
Segundo Redrado, a proposta
será feita no dia 31, em Buenos Aires. "Vamos propor à China um
acordo do tipo "quatro mais um"
do mesmo tipo que negociamos
com a Índia", disse Redrado.
Ele se referia ao acordo comercial assinado em janeiro, em que
será negociada uma lista de produtos para os quais o Mercosul
vai reduzir as tarifas. A Índia também apresentará uma lista.
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