São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004

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COMÉRCIO

Para europeus, ofertas do Cone Sul são mais "modestas" que o prometido

Proposta do Mercosul não agrada à UE

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

A União Européia ficou insatisfeita com a nova proposta do Mercosul, preparada em Buenos Aires e enviada a Bruxelas na sexta-feira. Ontem, fontes da Comissão Européia voltaram a qualificar de "modesta" a última proposta feita pelo Mercosul.
O bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai havia feito uma proposta que cobria 83% do comércio entre os dois blocos. Com a insatisfação dos europeus, o Mercosul subiu a oferta para 90% do comércio, mas os europeus ainda acharam pouco.
A troca de listas que contêm as concessões tarifárias que um bloco fará ao outro deveria ser concluída na reunião de cúpula entre a União Européia e o Mercosul, ao longo desta semana, em Guadalajara (México).
Mas, segundo funcionários da Comissão Européia, a discussão sobre o que consta das listas será retomada em Guadalajara. O combinado seria que a oferta do Mercosul abarcaria 90% do comércio entre os dois blocos.
O Mercosul quer que a União Européia seja mais flexível quanto a seu mercado agrícola, altamente fechado e subsidiado. A UE, por sua vez, está de olho no mercado de serviços e de compras governamentais da região. Mas o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, afirma que o bloco sul-americano vai controlar a participação de empresas estrangeiras nas licitações públicas para manter a prerrogativa de aplicar políticas industriais.
Diplomatas brasileiros avaliam que o enfraquecimento das negociações do Mercosul na Alca (Área de Livre Comércio das Américas) deixa o Mercosul mais vulnerável às pressões dos europeus na negociação entre os dois blocos.
Isso porque a competição entre as duas potências (União Européia e Estados Unidos) pelo mercado do Mercosul diminuiria, com o malogro das negociações para a formação da Alca.
Na semana passada, os negociadores americanos surpreenderam o Mercosul ao afirmarem que alguns produtos agrícolas do bloco nunca entrarão nos EUA.
China No domingo, o secretário de Relações e Comércio Internacional da Argentina, Martín Redrado, disse que o Mercosul proporá um acordo comercial com a China. Como negociador-chefe do país que ocupa a presidência rotativa do bloco neste semestre, a ele cabe a iniciativa de propor acordos.
Segundo Redrado, a proposta será feita no dia 31, em Buenos Aires. "Vamos propor à China um acordo do tipo "quatro mais um" do mesmo tipo que negociamos com a Índia", disse Redrado.
Ele se referia ao acordo comercial assinado em janeiro, em que será negociada uma lista de produtos para os quais o Mercosul vai reduzir as tarifas. A Índia também apresentará uma lista.


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