São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004

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ORTODOXIA

Ministério diz que foi adotada estimativa do mercado de alta de 6,37%, superior aos 5,5% fixados como centro da meta

Fazenda projeta inflação maior em 2004

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Fazenda já projeta, pela primeira vez no ano, uma inflação de 6,37% para este ano, em vez de 5,5%, que é a meta central para o IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo). A nova previsão foi incluída no Relatório do 2º Bimestre do Orçamento de 2004, enviado ontem ao Congresso Nacional.
Na última revisão do Orçamento, que aconteceu após o final do 1º bimestre, o ministério ainda previa que a inflação medida pelo IPCA fosse chegar a 5,5% ao final de 2004. Os cálculos foram feitos pela Secretaria de Política Econômica. De janeiro a abril, o IPCA acumula alta de 2,23%.
O secretário-adjunto de Política Econômica, Roberto Messenberg, disse à Folha que a previsão de IPCA divulgada ontem não é uma projeção do governo, mas uma projeção de mercado. "Seguimos a trajetória que o mercado vem precificando", afirmou.
Pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central mostrou que analistas do mercado financeiro elevaram, pela segunda semana consecutiva, sua estimativa de IPCA para este ano, que passou de 6,17% para 6,36%. Na pesquisa da semana passada a previsão já havia subido de 6,12% para 6,17%.
Mesmo que fique em 6,37%, a meta de inflação deste ano não será descumprida porque há um intervalo de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Ou seja, a meta terá sido cumprida desde que o IPCA fique entre 3% e 8%.
No documento, o Ministério da Fazenda também reviu para baixo o valor do PIB (Produto Interno Bruto) em reais por causa da divulgação do valor em reais do PIB de 2003, que ficou abaixo do projetado. Assim, a meta de superávit primário do governo federal caiu de R$ 41,5 bilhões para R$ 41 bilhões, cerca de 2,45% do PIB.
Apesar das últimas mudanças nos indicadores econômicos, o ministério reduziu a projeção para a taxa de juros básica em dezembro, de 13,84% ao ano para 13%, ao contrário do faz o mercado, que prevê juros de 14,5%.
Questionado sobre os motivos pelos quais o Ministério da Fazenda não adotou a estimativa de mercado também para a taxa de juros, Messenberg disse que "houve uma discussão interna" e que foi decidido utilizar outra previsão, compatível com a inflação. "Preferimos adotar outra trajetória", afirmou, ressaltando que a estimativa não tem relação com as decisões do Banco Central.
Já o preço do dólar no documento da Fazenda também caiu, de R$ 3,19 para R$ 3,11.

Pesquisa Focus
Na pesquisa feita pelo BC, na qual os analistas de mercado elevaram, pela segunda semana consecutiva, suas projeções para a inflação deste ano, eles apostam em uma queda de juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). No documento, em que elevam a estimativa para o IPCA de 6,17% para 6,36%, os analistas prevêem um corte de 0,25 ponto nos juros.

Mercado financeiro
Apesar da forte alta nos preços do petróleo ontem, o mercado financeiro voltou a ter um dia mais calmo. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 2,10% e o dólar recuou 0,5%, para R$ 3,18.
Segundo analistas, a forte queda nos preços dos ativos nas últimas semanas atraiu investidores, principalmente domésticos.
Rumores de que a dívida da Rússia poderia ter sua nota elevada por uma agência de classificação contribuiu para a queda do risco-país de mercados emergentes ontem. O risco brasileiro recuou 2,67%, para 729 pontos.


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