DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Bank of America (BofA), Eugene McQuade -o "número dois" na estrutura do banco, responsável pelas operações na América Latina- anunciou ontem que deixará a instituição até o fim de junho.
O pedido de demissão ocorreu dez dias depois da visita de McQuade, 55, ao Brasil, durante a qual concedeu entrevista à Folha. Ele havia garantido que os rumores de venda do BankBoston não eram verdadeiros e que o BofA não pretendia se desfazer das operações herdadas no Brasil.
As duas instituições passaram a estar ligadas no fim de 2003 quando o BofA anunciou a compra do FleetBoston, ex-controlador do BankBoston. A Folha apurou que McQuade -executivo que veio do Fleet- resolveu pedir demissão porque vinha se sentindo contrariado. Reclamava, por exemplo, de encontrar dificuldades para se adaptar à estrutura do BofA, instituição na qual as decisões importantes são tomadas de forma mais descentralizada.
McQuade trabalhou durante 12 anos no Fleet, onde ocupava, por último, o cargo de presidente da Fleet Boston Financial.
Com a notícia da saída de McQuade, que defendia a manutenção das operações na América Latina, analistas do setor bancário voltaram a falar ontem sobre a possibilidade de que o Boston seja vendido no Brasil.
A principal razão dos rumores recorrentes de venda é o fato de que o BofA, no início de 2003, anunciou decisão estratégica de encerrar as operações no país.
Segundo funcionários graduados da instituição no país, no entanto, apesar da saída de McQuade, há outros executivos do BofA que defendem a manutenção das operações no Brasil.
Richard Prager, recentemente nomeado para a função de executivo responsável pela América Latina, também participou da entrevista à Folha concedida por McQuade, a quem seria subordinado. Na ocasião, ele afirmou que os problemas que o BofA teve no país, no passado, ficaram para trás. Prager afirmou que a operação do Boston no Brasil, ao contrário da que o BofA teve no país, é bastante competitiva.
Ontem, ele escreveu a seguinte nota: "O Bank of America está comprometido com todos os países da América Latina nos quais temos escala suficiente para atender às demandas dos nossos acionistas. O anúncio de hoje não muda esse comprometimento".

Funções distribuídas
Com a saída de McQuade, suas funções serão distribuídas para outros executivos da instituição. Barbara Desoer, que veio do próprio BofA, vai assumir as atribuições ligadas à América Latina.
Em nota oficial divulgada ontem, Kenneth Lewis, principal executivo do BofA, afirmou que McQuade "sentiu que era o momento de buscar diferentes desafios e um capítulo novo em sua carreira".


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