São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2004

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VACA DOENTE

Ministério da Agricultura havia dito na quarta-feira que Rússia e Argentina suspenderiam o veto ainda ontem

Países mantêm embargo à carne brasileira

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
DA REDAÇÃO

Rússia e Argentina mantiveram o veto à importação de carne brasileira, em razão do foco de febre aftosa encontrado em Monte Alegre (PA), no dia 17. Na quarta-feira, o governo brasileiro havia dito que o embargo seria suspenso ainda ontem pelos dois países -apesar de o governo argentino não ter confirmado a informação.
Em relação à Argentina -que havia anunciado o embargo na própria quarta-feira-, o Ministério da Agricultura divulgou nota ontem na qual relatou que já havia enviado ao governo argentino informações sobre a identificação do foco da doença no Pará.
O ministério afirmou que o governo russo alegou ter solicitado informações adicionais sobre o foco da aftosa. A embaixada em Moscou, no entanto, não teria recebido o pedido.

Blefe
A Rússia blefa ao proibir importações de carne do Brasil, alegando a existência de um foco de febre aftosa no Estado do Pará. Essa é a opinião de exportadores e representantes de entidades ligadas ao setor ouvidos pela Agência Folha. A proibição russa, porém, deve afetar mais o setor de carnes suínas que o de gado bovino.
"Quando você começa a aparecer, pode se preocupar que irão começar os ataques", define Irene Batista Monteiro, gerente de comercialização da multinacional holandesa Teeuwissen Mercosul, exportadora de alimentos.
Segundo ela, o Brasil tem que se preocupar, "daqui para a frente", com medidas como a tomada pelos russos. "É simples, o Brasil hoje é competitivo. E em um mercado internacional bastante vendedor, a briga vai ser de foice por mercados", afirma.
A Teeuwissen tem hoje dois carregamentos de carne bovina, "no mar", com destino à Rússia. Irene Monteiro disse que a proibição russa visa brecar a entrada de carne suína, e não a bovina. "Eles [os russos] produzem carne suína, que é um mercado mais restrito que o de carne bovina", diz.
A Agência Folha apurou ontem que frigoríficos brasileiros conseguiram recolocar a carne bovina barrada pela Rússia em outros mercados. Carregamentos de carne suína, no entanto, estão armazenados em portos e com custos de "logística", de acordo com Péricles Salazar, do Sindicarne (Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados) do Paraná.
Nos primeiros quatro meses deste ano, o Paraná exportou para a Rússia US$ 14,5 milhões em carne suína, US$ 4,5 milhões em frango e US$ 2,6 milhões em carne bovina.


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