São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2004

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SAIA JUSTA

Ministro do Desenvolvimento e presidente do BNDES têm divergência sobre planejamento estratégico do banco

Lula diz resolver caso Furlan/Lessa no Brasil

DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem nos EUA que, assim que chegar ao Brasil, se pronunciará a respeito da mais nova divergência entre o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa.
Lula declarou que o BNDES "é subordinado ao Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio", mas declarou não saber "qual é a divergência que existe" entre Lessa e Furlan -que ele classificou como pessoas "da mais alta confiança".
Conforme texto publicado ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo", a mais nova divergência entre Furlan -que também preside o conselho de administração do BNDES- e Lessa foi o planejamento estratégico do banco para os anos 2004/2007.
Furlan mandou uma carta a Lessa em que se queixou do fato de o plano estratégico não ter sido submetido à aprovação do banco. Em carta resposta, Lessa disse a Furlan que o BNDES estaria vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, mas não subordinado a ele.
O presidente afirmou ontem que iria examinar o assunto, mas não deixou claro de que lado estaria. Disse que "não é normal que haja essa divergência entre duas pessoas que têm que trabalhar juntos para fazer as coisas fluírem com maior facilidade".
Lula disse ainda que "um presidente não comenta divergências entre dois funcionários, dois servidores do país. Mesmo porque, na hora em que o presidente entende que um dos dois está errado ou que os dois estão errados, o governo toma outras atitudes".
Por isso, Lula preferiu fazer suspense: "Como não conheço [a razão da divergência], pretendo chegar ao Brasil e saber o que está acontecendo", disse o presidente.

Histórico
A divergência entre Furlan e Lessa não é nova. Os dois já trocaram farpas outras vezes. Apesar de o BNDES ser subordinado ao Ministério do Desenvolvimento, Lessa não foi indicado por Furlan, e sim pela economista Maria da Conceição Tavares, uma das fundadoras do PT e com quem Lula nutre uma grande amizade.
Desde o início do governo, Furlan e Lessa se desentendem. Logo no início, Furlan defendeu a idéia de dividir o BNDES em dois, um banco voltado para exportação e outro para o mercado interno. Lessa bombardeou a proposta e acabou vitorioso.
Os dois chegaram a um acordo. Lessa teria independência para tocar o banco, mas os assuntos de governo, aqueles que necessitassem do aval de Lula, precisariam antes passar por Furlan. Para Furlan, Lessa quebrou a hierarquia ao não consultar o conselho do banco para elaborar o novo plano estratégico.
Em outras vezes no ano passado, quando Lessa se viu em problemas como esse, acabou sobrevivendo, apesar de sofrer fortes pressões.


Colaborou Guilherme Barros, editor do Painel S.A.


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