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SAIA JUSTA
Ministro do Desenvolvimento e presidente do BNDES têm divergência sobre planejamento estratégico do banco
Lula diz resolver caso Furlan/Lessa no Brasil
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse ontem nos EUA
que, assim que chegar ao Brasil, se
pronunciará a respeito da mais
nova divergência entre o ministro
do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e o presidente do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa.
Lula declarou que o BNDES "é
subordinado ao Ministério do
Desenvolvimento, da Indústria e
do Comércio", mas declarou não
saber "qual é a divergência que
existe" entre Lessa e Furlan -que
ele classificou como pessoas "da
mais alta confiança".
Conforme texto publicado ontem pelo jornal "O Estado de S.
Paulo", a mais nova divergência
entre Furlan -que também preside o conselho de administração
do BNDES- e Lessa foi o planejamento estratégico do banco para os anos 2004/2007.
Furlan mandou uma carta a
Lessa em que se queixou do fato
de o plano estratégico não ter sido
submetido à aprovação do banco.
Em carta resposta, Lessa disse a
Furlan que o BNDES estaria vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, mas não subordinado a ele.
O presidente afirmou ontem
que iria examinar o assunto, mas
não deixou claro de que lado estaria. Disse que "não é normal que
haja essa divergência entre duas
pessoas que têm que trabalhar
juntos para fazer as coisas fluírem
com maior facilidade".
Lula disse ainda que "um presidente não comenta divergências
entre dois funcionários, dois servidores do país. Mesmo porque,
na hora em que o presidente entende que um dos dois está errado
ou que os dois estão errados, o governo toma outras atitudes".
Por isso, Lula preferiu fazer suspense: "Como não conheço [a razão da divergência], pretendo
chegar ao Brasil e saber o que está
acontecendo", disse o presidente.
Histórico
A divergência entre Furlan e
Lessa não é nova. Os dois já trocaram farpas outras vezes. Apesar
de o BNDES ser subordinado ao
Ministério do Desenvolvimento,
Lessa não foi indicado por Furlan,
e sim pela economista Maria da
Conceição Tavares, uma das fundadoras do PT e com quem Lula
nutre uma grande amizade.
Desde o início do governo, Furlan e Lessa se desentendem. Logo
no início, Furlan defendeu a idéia
de dividir o BNDES em dois, um
banco voltado para exportação e
outro para o mercado interno.
Lessa bombardeou a proposta e
acabou vitorioso.
Os dois chegaram a um acordo.
Lessa teria independência para
tocar o banco, mas os assuntos de
governo, aqueles que necessitassem do aval de Lula, precisariam
antes passar por Furlan. Para Furlan, Lessa quebrou a hierarquia ao
não consultar o conselho do banco para elaborar o novo plano estratégico.
Em outras vezes no ano passado, quando Lessa se viu em problemas como esse, acabou sobrevivendo, apesar de sofrer fortes
pressões.
Colaborou Guilherme Barros,
editor do Painel S.A.
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