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RECEITA ORTODOXA
Copom cita projeção maior para os índices de preços como justificativa para manter os juros em 16%
BC teme inflação acima da meta em 2005
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pessimismo do mercado em
relação ao comportamento da inflação e os riscos de que a meta fixada para o ano que vem venha a
ser descumprida foram alguns
dos argumentos usados pelo Banco Central para justificar a decisão
de, na semana passada, manter os
juros inalterados em 16% ao ano
por mais um mês.
As afirmações estão na ata da
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária do BC), responsável pela manutenção dos juros. Segundo o documento, "mereceu atenção especial" da diretoria do BC o aumento nas projeções de inflação para 2005 feitas
pelo mercado.
Levantamento feito entre analistas mostra que as projeções para o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) do ano que
vem passaram de 5% para 5,44%.
A meta do governo é manter a inflação de 2005 em 4,5%, admitindo um desvio de até 2,5 pontos
percentuais desse valor, para cima ou para baixo.
"Em um contexto de choques
transitórios à trajetória da inflação, seria razoável observar uma
deterioração mais concentrada
em horizontes mais curtos", diz o
BC. Ou seja, se a recente alta dos
preços fosse mesmo passageira,
não deveria haver reflexos nas
projeções do ano que vem.
A manutenção dos juros, nesse
cenário, teria por objetivo conter
o maior pessimismo em relação à
inflação, para evitar que esse pessimismo se traduza em maiores
reajustes de preços.
O documento também afirma
que, caso haja um choque significativo sobre a inflação -uma alta
repentina do dólar ou das tarifas
públicas, por exemplo-, a margem de tolerância de 2,5 pontos
poderá ser utilizada para evitar
que seja necessário um aumento
nos juros.
"A flexibilidade inerente ao sistema de metas para a inflação poderá absorver de maneira judiciosa os choques primários associados a essa pressão", diz o texto.
Para este ano, a meta foi fixada em
5,5%, com uma margem de tolerância de 2,5 pontos. Entre janeiro
e maio, a alta ficou acumulada em
2,75%.
Freio
Sempre que percebe que a inflação pode ficar acima do centro da
meta, o BC eleva os juros para
frear o nível de atividade e, assim,
diminuir a pressão por reajustes
de preços. Em tese, se deixasse de
ter como alvo o centro da meta e
aceitasse utilizar a margem, os juros poderiam ser menores -assim como seriam menores os efeitos negativos sobre o crescimento
econômico.
O BC logo ressalta, porém, que
mesmo a utilização dessa margem não se traduziria em reduções expressivas dos juros, pois
será necessário, nesse contexto,
"que a política monetária combata os efeitos de segunda ordem
desses choques" sobre a inflação.
A preocupação com a inflação,
somada à análise de que os últimos indicadores da atividade econômica apontam uma "inequívoca" retomada do crescimento, reforçam a idéia de que os juros básicos da economia não devem ser
reduzidos tão cedo.
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