São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2004

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CRIME NA REDE

Engenheiro é detido sob a acusação de comercializar 92 milhões de endereços eletrônicos de clientes de provedor

Venda de e-mails acaba em prisão nos EUA

DO "NEW YORK TIMES"

Um engenheiro que trabalhava na America Online (AOL) foi preso ontem sob a acusação de roubar 92 milhões de endereços de e-mails de clientes da empresa e vendê-los para anunciantes de pílulas para aumentar o pênis e sites de jogos na internet.
O engenheiro Jason Smathers, 24, foi preso em sua casa em Harpers Ferry, Virgínia Ocidental. Sean Dunaway, 21, que foi descrito pelos promotores como um corretor de listas de e-mails para spam (publicidade não-solicitada), foi preso em Las Vegas. O promotor federal de Manhattan (Nova York) os acusou de violar a nova lei federal anti-spam.
O caso é um dos primeiros processos criminais de acordo com a nova lei, que entrou em vigor em 1º de janeiro. Cada réu poderá pegar a pena máxima de cinco anos de prisão e multa de US$ 250 mil ou o dobro do rendimento ou prejuízo bruto de suas atividades.
Segundo a queixa, Smathers usou a identidade de outro funcionário da AOL, que trabalha em Tucson, Arizona, para ter acesso à lista de "nomes de tela" -nome dado pela AOL aos endereços de e-mails- de seus membros em maio de 2003.
A lista também incluía o número de telefone, o código postal e o tipo de cartão de crédito usado pelos clientes da AOL. Ela não continha os números dos cartões de crédito, que são guardados em um banco de dados separado.

Investigação
Dunaway comprou a lista de Smathers para promover seu próprio site de jogos na internet, e por sua vez vendeu a lista para outros distribuidores de spam, por US$ 52 mil. Depois, em março passado, Dunaway pagou a Smathers US$ 100 mil por uma lista atualizada.
A denúncia diz que Smathers vendeu a lista para outras pessoas, mas não dá detalhes sobre os compradores ou os termos dessas vendas.
A AOL disse, por meio de uma declaração, que a infração de Smathers foi detectada no início deste ano, quando a empresa moveu um processo civil contra um grupo de "spammers".
Na investigação desse processo, a AOL entrevistou alguém que disse ter comprado os endereços de seus assinantes de uma pessoa da firma e os utilizou para mandar publicidade de pílulas para aumentar o pênis, segundo a queixa.
A AOL passou essa informação ao serviço secreto. O vendedor de pílulas disse ao serviço secreto que comprou uma lista de nomes de Dunaway, que lhe disse que a havia comprado de um funcionário da AOL.
A America Online, uma unidade da Time Warner, conseguiu determinar a identidade do funcionário examinando as datas de uma cópia da lista apresentada pelo vendedor de pílulas, segundo a queixa.
Quando determinou a data em que a lista foi roubada, a empresa examinou o registro de usuários e descobriu que o computador de Smathers esteve envolvido no exame de endereços de e-mails naquela data.

Demissão
A America Online investigou o computador laptop de Smathers, que foi demitido ontem, e descobriu e-mails falando sobre os lucros que podem ser obtidos com o envio de spam, assim como evidências de que ele havia entrado no banco de dados da AOL, disse a queixa.
O vendedor de pílulas, que não foi identificado, também disse que usou computadores secretamente seqüestrados para distribuir a publicidade, o que seria uma violação da nova lei anti-spam.
A queixa disse que ele estava fornecendo informações aos promotores na esperança de conseguir atenuantes para sua participação no caso.
Smathers depôs num tribunal ontem na Virgínia e deverá passar a noite na cadeia. Dunaway deverá ser ouvido hoje num tribunal de Las Vegas. Uma porta-voz do Ministério da Justiça dos Estados Unidos disse que não sabia se Dunaway e Smathers tinham contratado advogados.
Na declaração, a AOL disse: "Lamentamos profundamente o que ocorreu e estamos revendo e reforçando totalmente nossos procedimentos internos em conseqüência dessa investigação e detenção".


Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves


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