|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BB e Caixa unem-se para enfrentar privados
Objetivo é reduzir custos e preparar instituições para cenário de juro baixo
Unificação das estruturas terá investimento de
R$ 300 milhões e deverá
ser expandida a serviços
como emissão de cartões
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da ameaça de grandes
bancos privados à liderança de
instituições públicas, sobretudo do Banco do Brasil, o governo decidiu unir parte das estruturas do BB e da Caixa Econômica Federal. O objetivo é reduzir custos e prepará-los para
operar num cenário de taxas de
juros cada vez mais baixas.
A preocupação com o avanço
da concorrência foi levada ao
ministro Guido Mantega (Fazenda) pelos executivos dos
bancos e a união de esforços
apresentada como alternativa
para melhorar a eficiência das
instituições federais.
A idéia de Mantega é que, inicialmente, a unificação se restrinja à tecnologia. Mas, segundo a Folha apurou, deverá ser
expandida para serviços de
apoio relacionados com transações bancárias dos clientes.
Classificados como "back-office" no jargão financeiro, esses
procedimentos incluem os registros necessários para emissão de cartões, processamento
de cheques e documentos.
Na primeira fase, porém, a
parceria entre as duas instituições será para a construção de
um centro tecnológico que reunirá, no mesmo espaço, os sistemas considerados críticos.
Na prática, serão cópias extras ("backup") das bases de
dados de cada banco, com históricos de transações dos clientes, saldos, além de sistemas de
automação que permitem às
agências operarem internet
banking e avaliarem riscos.
Essa é uma exigência das novas regras internacionais de
prudência bancária. O investimento, de R$ 300 milhões, foi
confirmado pelos bancos e, segundo informou a assessoria da
Caixa, será feito por meio de
parceria privada e cada banco
manterá seus sistemas separados. Mas ambos economizarão
ao dividirem a estrutura.
O centro, que deverá estar
funcionando no início de 2009,
será construído pela empresa
que vencer a concorrência pública em andamento. Ela também ficará responsável pela
manutenção das instalações,
atualização dos equipamentos
e segurança. A Caixa e o BB pagarão pelo uso do espaço por
um período de 25 anos.
Fusão
Com a unificação de parte
das estruturas dos bancos, o governo encontrou um meio-termo à proposta de fusão do BB e
da Caixa, que chegou a ser cogitada no ano passado. Segundo a
Folha apurou com um participante dos debates na área técnica do governo, a fusão surgiu
como uma possibilidade para
"otimizar canais de distribuição e atendimento do governo".
No entanto, além das resistências políticas que a idéia geraria no PT, avaliou-se que os
bancos têm perfis diferentes e
seria difícil concretizá-la.
Com isso, o melhor caminho
seria buscar unificação em
áreas que evitam duplicação de
estruturas sem comprometer o
foco de cada banco, seguindo a
linha da parceria firmada em
2005 para os clientes poderem
consultar saldos e realizar saques nos caixas eletrônicos.
Ameaça
A análise dentro do governo é
que com a redução da taxa de
juros e a dificuldade de os bancos públicos crescerem adquirindo outros bancos -como fazem os concorrentes privados-, é preciso ganhar eficiência cortando custos e aumentando a presença no mercado.
Cada vez mais, BB e Caixa são
ameaçados pela agressividade
das instituições privadas. O BB,
que é controlado pelo Tesouro
mas tem parte das suas ações
negociadas na Bolsa de Valores,
tenta driblar restrições legais
impostas atualmente para tentar adquirir outros bancos -estuda comprar o Besc (Banco de
Santa Catarina).
Levantamento da Austin Rating mostra que, nos últimos
dez anos, 43 bancos foram
comprados. O Bradesco, segundo no ranking e principal ameaça ao Banco do Brasil, ficou
com 17; o Itaú, terceiro maior
banco do país, com 7.
Essa movimentação fez com
que os privados diminuíssem a
distância em relação aos federais. Em 1996, os ativos totais
do Bradesco representavam
46%, ou seja, menos da metade
dos do BB. No final do ano passado, alcançaram 89%.
O Itaú seguiu o mesmo caminho. Em dez anos, seus ativos
passaram de 38,7% do total administrado pelo BB para 71%. A
melhora do ambiente econômico no país deverá atrair interesse de bancos que hoje estão
fora do mercado brasileiro,
abrindo espaço para negócios.
Texto Anterior: Ambientalistas dizem que desfalques no CNPE podem influenciar resultado
Próximo Texto: IPO traz risco para quem vê ganho fácil na Bolsa Índice
|