São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Desigualdade persistirá, afirma professor

O mercado de trabalho brasileiro do século 21 carrega -e aparentemente carregará por bastante tempo- distorções típicas da era pré-capitalista. É o que mostra pesquisa de Claudio Dedecca, professor do Instituto de Economia da Unicamp, que acaba de ser concluída. Dedecca analisou os dados dos últimos censos para tentar indicar as tendências de longo prazo do mercado de trabalho brasileiro.
A conclusão principal é que, apesar de as mudanças recentes serem suficientes para estancar o processo de deterioração do mercado de trabalho das duas últimas décadas, elas não bastarão para alterar o quadro estrutural de desigualdade que o país carregou durante todo o século passado. "A expressão mais candente dessa polaridade está na área agrícola", diz Dedecca. "Se, por um lado, temos agroindústrias de altíssima produtividade e poucas vagas, por outro há 5 milhões de pessoas que trabalham sem remuneração no campo. Plantam para comer e ajudar a família."
Segundo Dedecca, imaginava-se, a partir de experiências dos países desenvolvidos, que, com o passar do tempo, haveria uma homogeneização do trabalho em atividades urbanas, como aconteceu na Europa, nos EUA e no Canadá.
"Porém, o que temos visto é que o modelo desigual do campo acaba se replicando nos centros urbanos e mesmo nas pequenas cidades, para onde se deslocam esses trabalhadores sem qualificação", diz ele. "A situação de inserção dessa população tende a ser desfavorável porque 70% da sociedade brasileira tem baixa qualificação e renda, até mesmo para o trabalho manual."
Dedecca afirma que o Censo de 2010 deverá trazer dados que não modificarão estruturalmente levantamentos anteriores. "Como passamos por um período prolongado de ausência de estabilidade e de crescimento econômico, os anos recentes mais favoráveis são pouco robustos para modificar esse estado de coisas", diz ele.
A redução da desigualdade, apontada em pesquisas recentes de diversas fontes, é vista com restrição por Dedecca. Isso porque, segundo ele, só entram nessa conta os ganhos salariais e com a rede de proteção social, como Bolsa Família e aposentadoria. Tais números equivalem apenas a 40% do PIB. "A renda com ganho de capital das classes A e B, a qual os pesquisadores não têm acesso, deverá indicar aumento nessa desigualdade", afirma.

Inovação eleva produção de empresas

Das micro e pequenas empresas que adotaram processos inovadores nos negócios, no último ano, 52% tiveram alta na produção, segundo estudo do Sebrae-SP sobre a inovação de MPEs do Estado, que será divulgado amanhã. Cerca de 45% aumentaram faturamento, 39% tiveram alta na produtividade da mão-de-obra e 24% contrataram mais. O resultado foi o dobro do verificado nas empresas que não inovaram. O Sebrae-SP vai investir R$ 30 milhões em incubadoras no Estado.

Americanos vão ao México em busca de combustível barato

Para fugir da inflação nos Estados Unidos e buscar preços mais baixos para encher o tanque, motoristas californianos estão cruzando a fronteira com o México atrás de postos em Tijuana.
Segundo reportagem do "Wall Street Journal", um galão de gasolina pode ser encontrado por US$ 2,50 em Tijuana. A mesma quantidade sai por cerca de US$ 5 em San Diego, do lado americano.
As lojas especializadas em autopeças localizadas na região estão faturando com a instalação de tanques maiores nos veículos para serem preenchidos do lado mexicano.

OLHA O PASSARINHO
O preço de máquinas fotográficas digitais caiu até 67% em março deste ano ante o mesmo mês de 2007, segundo o instituto GFK Marketing Services. A participação das máquinas acima de 8 megapixels no total das vendas passou de 3% no ano passado para 26% neste ano. Os dados serão apresentados na feira PhotoImageBrazil, que ocorre entre 12 e 15 de agosto em São Paulo. Duda Escobar, diretora da feira, atribui a queda do preço ao aumento da produção e à desvalorização do dólar.

APERTO: BC DOS EUA REVELARÁ MAIOR PREOCUPAÇÃO COM INFLAÇÃO, DIZ LCA
O Federal Reserve (o BC dos EUA) deve manter os juros em 2% ao ano ao concluir a reunião que começou ontem, segundo a consultoria LCA. A expectativa, no entanto, é que o comunicado do BC revele maior preocupação em relação à inflação. A consultoria estima que o Fed mantenha os juros até o 1º trimestre de 2009. "Nas atuais circunstâncias, a elevação de juros poderia acelerar o aumento da inadimplência hipotecária e a queda nos preços das residências", diz a LCA.

A SERVIÇO
A Secretaria de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior vai incentivar as exportações brasileiras de serviços. Entre as ações previstas, estão estudos sobre oportunidades de investimentos, ampliação de cursos de capacitação, encontros regionais e a elaboração de uma cartilha sobre exportação de software. A iniciativa contará com a participação do Banco do Brasil, do Sebrae e de órgãos do governo.

BOAS MANEIRAS
A TAM aderiu ao "Pacto Global" das Nações Unidas. O pacto tem o objetivo de estimular as companhias a adotarem princípios de direitos humanos, ambiente, combate à corrupção e outras práticas.

EMBREAGEM
Sergio Habib, que deixa a presidência da Citroën do Brasil em julho para administrar seus negócios, inaugura hoje sua primeira loja-conceito, a Citroën Champs Elysées, nos Jardins, em São Paulo.

ÂNCORA
A VCP dobrará, em 2009, a exportação de celulose pelo porto de Santos. Serão 2 milhões de toneladas exportadas ao ano, com a entrada em operação da fábrica de Três Lagoas (MS), que será inaugurada em 2009.

DENTRO
As empresas BMK, GMC, HP e Print Laser vão trazer ao Brasil uma solução para usar contas como mídia. O TransPromo Mídia Institute veicula mensagens de marketing em correspondências a serem pagas, como boletos, extratos, apólice de seguro e outras. Esses papéis recebem mais atenção, segundo João Paulo Nunes, diretor da BMK. "Na mala direta comum, só 7% são abertas. O TransPromo tem apelo de sustentabilidade e usa banco de dados para mapear clientes."


com CRISTIANE BARBIERI (interina), JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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