São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2008

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Alta de insumos eleva temor sobre inflação

Dow Chemical anuncia reajuste em resinas de 25%, e maior mineradora do mundo diz que aumento de rival de 96,5% não é suficiente

Aumento do petróleo e de outras commodities atinge vários setores industriais e aprofunda medo de uma espiral inflacionária global


DA REDAÇÃO

O fantasma da inflação voltou a assustar a economia mundial ontem com a decisão de companhias como a norte-americana Dow Chemical e a siderúrgica sul-coreana Posco de realinhar preços para combater a elevação de custo de energia e de matérias-primas.
O Brasil também foi atingido pela decisão de reajuste da Dow Chemical. Ontem, a companhia informou que as resinas vendidas no Brasil terão reajustes de até 25%. A justificativa da companhia para o repasse foi a forte elevação dos preços do petróleo, do gás natural e de outros derivados.
As decisões da Dow, o maior grupo petroquímico dos Estados Unidos, e da Posco, quarta maior fabricante de aços do mundo, demonstram a preocupação em relação a crescente pressão inflacionária sobre o setor corporativo.
A preocupações sobre pressão geral de preços ficou ainda maior quando a BHP Billiton, maior mineradora mundial, disse que não era suficiente o reajuste recorde de até 96,5% para o preço do minério de ferro negociado pela rival Rio Tinto anteontem com a chinesa Baosteel, o que poderia fazer com que o grupo pedisse aumentos acima de 100% para as siderúrgicas. O acerto da Vale com as siderúrgicas, de fevereiro, previa aumento de até 71% e era o segundo maior da história do setor de mineração.
A alta sustentada nos preços do petróleo e de outras commodities tem atingido vários setores industriais, como companhias de aviação e montadoras de automóveis, e aprofundado o temor de uma espiral inflacionária global, como a que tem cruzado a Ásia. Várias companhias aéreas americanas já anunciaram demissões, cortes no número de vôos e medidas para tentar elevar a receita, em uma tentativa de diminuir o impacto dos aumentos no preço dos combustíveis. GM e Ford já anunciaram redução na produção e fechamento de fábricas nos EUA, porque os consumidores estão preferindo modelos que consomem menos combustível.
A Rio Tinto negociou um aumento de 79,9% a 96,5% no contrato anual dos preços do minério de ferro com a siderúrgica Baosteel. Foi a primeira vez que os chineses concordaram em pagar mais pelo minério australiano do que pelo procedente do Brasil, cujo frete é mais caro, rompendo uma tradição do setor. A BHP, que apresentou oferta hostil de US$ 172 bilhões pela compra do Rio Tinto, ainda não chegou a um acordo sobre os preços.
"Estamos encantados por ver esse avanço", afirmou Marcus Randolph, executivo da BHP. "Mas ele não cobre totalmente a diferença do frete, de US$ 40 a US$ 50." A BHP também elevou a estimativa de suas reservas de minério de ferro na Austrália Ocidental. "Um aumento de 46% nos recursos minerais é um indicador do potencial futuro desses ativos", disse Randolph, em Londres.
A empresa também elevou sua disponibilidade calculada de manganês na divisão Samancor e em sua joint venture Samarco.


Com o "Financial Times" e a Reuters


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