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Fed afasta temor de inflação alta e mantém juro próximo de zero
Política de compra de títulos deve seguir intacta, diz comunicado do BC dos EUA
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Afastando qualquer preocupação com a atual trajetória da
inflação nos EUA, o Federal Reserve (o banco central norte-americano) manteve ontem
próxima de zero a taxa básica
de juros no país.
O Fed também comunicou
ao mercado que manterá intacta sua política de compra trilionária de dívidas imobiliárias e
de títulos do Tesouro para
manter o custo do dinheiro em
baixa, na expectativa de tirar a
economia da atual recessão.
Segundo comunicado ao final de dois dias de reunião do
Fomc (seu comitê de política
monetária), o Fed disse ver "sinais de melhora" no quadro
econômico no país, mas frisou
que a recuperação da atual crise será demorada.
"O ritmo de contração da
economia está diminuindo, e as
condições dos mercados financeiros estão, de maneira geral,
melhorando", disse a nota.
Ontem, o Departamento do
Comércio anunciou que os pedidos das lojas por bens duráveis de maior valor nos EUA
cresceram 1,8% em maio, surpreendendo analistas. O setor
industrial responde por um
terço da economia dos EUA e é
importante termômetro sobre
a saúde das empresas.
Mas, como vem acontecendo
frequentemente, a boa notícia
foi mais uma vez acompanhada
por outra má: as vendas de novas moradias caíram em ritmo
anualizado de 0,6% em abril, e
seus preços médios recuaram
mais 3,4% em relação a maio de
2008. Já entre os imóveis não
novos, a queda atingiu 17%.
Segundo o comunicado do
Fed, a taxa de juros no país, hoje entre zero e 0,25% ao ano, será mantida "excepcionalmente
baixa" por um "período extenso" diante de chances ainda remotas de a inflação subir.
Os preços relacionados aos
gastos dos consumidores acumularam alta anual de só 0,4%
até abril, principalmente pelo
efeito do petróleo, cujo preço
por barril despencou de US$
112 em abril de 2008 para cerca
de US$ 50 em abril último.
A decisão do Fed de ontem
foi unânime, e o comunicado
afirma que continuará "monitorando o tamanho e a composição de seu balanço". Até o início de setembro, o Fed deverá
adquirir US$ 300 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA para
injetar dinheiro na economia.
O banco central norte-americano também se comprometeu a comprar até US$ 1,45 trilhão em dívidas imobiliárias de
bancos e no mercado para tentar descongestionar o segmento de crédito no país.
Na coluna de créditos concedidos -especialmente ao setor
financeiro- do balanço do Fed,
já houve um aumento de US$
1,17 trilhão do ano passado para
cerca de US$ 2 trilhões agora.
No médio prazo, o desafio para o Fed será encolher esse volume de créditos em seu balanço e, assim que a economia
mostrar sinais consistentes de
recuperação, elevar o juro básico para prevenir o risco de volta
da inflação.
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