São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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Fed afasta temor de inflação alta e mantém juro próximo de zero

Política de compra de títulos deve seguir intacta, diz comunicado do BC dos EUA

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Afastando qualquer preocupação com a atual trajetória da inflação nos EUA, o Federal Reserve (o banco central norte-americano) manteve ontem próxima de zero a taxa básica de juros no país.
O Fed também comunicou ao mercado que manterá intacta sua política de compra trilionária de dívidas imobiliárias e de títulos do Tesouro para manter o custo do dinheiro em baixa, na expectativa de tirar a economia da atual recessão.
Segundo comunicado ao final de dois dias de reunião do Fomc (seu comitê de política monetária), o Fed disse ver "sinais de melhora" no quadro econômico no país, mas frisou que a recuperação da atual crise será demorada.
"O ritmo de contração da economia está diminuindo, e as condições dos mercados financeiros estão, de maneira geral, melhorando", disse a nota.
Ontem, o Departamento do Comércio anunciou que os pedidos das lojas por bens duráveis de maior valor nos EUA cresceram 1,8% em maio, surpreendendo analistas. O setor industrial responde por um terço da economia dos EUA e é importante termômetro sobre a saúde das empresas.
Mas, como vem acontecendo frequentemente, a boa notícia foi mais uma vez acompanhada por outra má: as vendas de novas moradias caíram em ritmo anualizado de 0,6% em abril, e seus preços médios recuaram mais 3,4% em relação a maio de 2008. Já entre os imóveis não novos, a queda atingiu 17%.
Segundo o comunicado do Fed, a taxa de juros no país, hoje entre zero e 0,25% ao ano, será mantida "excepcionalmente baixa" por um "período extenso" diante de chances ainda remotas de a inflação subir.
Os preços relacionados aos gastos dos consumidores acumularam alta anual de só 0,4% até abril, principalmente pelo efeito do petróleo, cujo preço por barril despencou de US$ 112 em abril de 2008 para cerca de US$ 50 em abril último.
A decisão do Fed de ontem foi unânime, e o comunicado afirma que continuará "monitorando o tamanho e a composição de seu balanço". Até o início de setembro, o Fed deverá adquirir US$ 300 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA para injetar dinheiro na economia.
O banco central norte-americano também se comprometeu a comprar até US$ 1,45 trilhão em dívidas imobiliárias de bancos e no mercado para tentar descongestionar o segmento de crédito no país.
Na coluna de créditos concedidos -especialmente ao setor financeiro- do balanço do Fed, já houve um aumento de US$ 1,17 trilhão do ano passado para cerca de US$ 2 trilhões agora.
No médio prazo, o desafio para o Fed será encolher esse volume de créditos em seu balanço e, assim que a economia mostrar sinais consistentes de recuperação, elevar o juro básico para prevenir o risco de volta da inflação.


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