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Exclusão de corretoras limita o acesso às ações da Visanet
Corretores excluídos teriam feito propaganda irregular sem autorização da CVM
Informado no último dia
da reserva de compra, investidor pessoa física teve pouco tempo de mudar pedido para outra corretora
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
SAMANTHA LIMA
EM SÃO PAULO
Na reta final do processo de
abertura de capital da Visanet,
maior processadora de cartões
do país, os coordenadores da
operação, liderada pelo Bradesco BBI, decidiram descredenciar 23 das mais importantes
corretoras que participavam
como intermediárias da oferta.
O motivo foi que as corretoras
teriam feito propaganda indevida da oferta inicial de ações,
sem passar pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Com a exclusão dessas corretoras, ficou fora da operação
uma parcela importante do público de varejo, que não teve
tempo hábil para procurar um
outro agente para efetuar o pedido -a internet noticiou o fato
no final da manhã e os investidores tinham até as 16h para recolocarem o pedido caso tivessem conta em outra corretora.
A CVM manteve o cronograma da operação, e as ações devem estrear na Bolsa no dia 29.
Aguardada desde 2007, a
oferta da Visanet é hoje a maior
em curso no mundo -pode levantar até R$ 9,6 bilhões.
Entre as corretoras inabilitadas, estão duas -Ágora e Bradesco Corretora- ligadas ao
próprio conglomerado Bradesco, dono da maior fatia (39,3%)
na Visanet e responsável pelo
banco que coordenou a operação. O Bradesco não quis se
pronunciar sobre o assunto.
"O Bradesco detectou uma
potencial irregularidade no
material de divulgação. Todo
material publicitário tem de ser
aprovado pela CVM, que pode
suspender a oferta", disse Felipe Claret, superintendente de
Registros da CVM.
Juntas, as corretoras excluídas têm mais da metade do
mercado de pessoa física da
Bolsa -Ágora tinha 21,1% em
maio, enquanto o Banif tinha
7,9%, e o Bradesco, 5,8%.
Surpreendidas pela decisão,
entidades do mercado como
BM&FBovespa, Ancor (associação das corretoras), Apimec
(analistas de mercado), Amec
(investidores minoritários) e
Anbid (bancos de investimento) não se pronunciaram.
Apesar do incidente, o IPO
deve seguir intacto. Só entre
10% e 20% das ações iriam para
o varejo. Fundos de investimento e de pensão -incluindo
estrangeiros- têm reserva garantida diretamente com os
coordenadores.
A oferta despertou o interesse do varejo, que teve forte procura desde a quarta da semana
passada, quando começou o período de reserva, segundo as
corretoras. A expectativa era
que houvesse rateio das ações
entre esses investidores, como
aconteceu em 2007, nos IPOs
da Bovespa e da BM&F.
Entre as corretoras, só Senso,
Umuarama e XP disseram que
estudam recorrer da decisão.
Algumas afirmaram que não
chegaram a saber qual peça de
comunicação com o cliente teria sido considerada irregular.
Segundo Ricardo Fontes,
professor de finanças do Insper, a CVM deveria ter estendido o prazo para que o investidor tivesse tempo hábil de recolocar seu pedido em outra
corretora. "Também deveria
padronizar o material de divulgação. Esse fato vai gerar todo
um debate sobre prospectos e o
papel do distribuidor", disse.
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