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CONJUNTURA
Fiesp atribui primeira queda do ano ao cenário internacional; comércio interrompe reposição de estoques
Atividade industrial cai 5,8% em SP
ISABEL CLEMENTE
em São Paulo
A atividade industrial de São
Paulo teve no mês passado a primeira queda do ano, segundo a
Fiesp, a federação das indústrias
do Estado.
O INA (Indicador do Nível de
Atividade) caiu 5,8% em relação a
abril, interrompendo a recuperação gradual da indústria desde o
início do ano.
Nos quatro meses anteriores as
altas haviam sido de 2,7% (abril),
4% (março), 2,3% (fevereiro) e
2,9% (janeiro).
A reposição de estoques por parte do comércio-principal explicação para o discreto aquecimento das indústrias até abril- teria
cessado, segundo a Fiesp.
Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia da Fiesp,
atribui a queda do nível de atividade à instabilidade internacional
provocada pela crise asiática.
"As taxas de juros para a produção e o consumo continuam extremamente elevadas", disse.
Os juros básicos dobraram em
outubro do ano passado em resposta à crise asiática. Com isso, o
governo defendeu o real de um
ataque especulativo.
De lá para cá, as taxas foram
caindo, tendência mantida com a
decisão de ontem do Copom
(Conselho de Política Monetária).
Efeito eleitoral
Tabacof acredita que no segundo semestre haverá algum aquecimento da economia.
Ele alinha entre os fatores que
irão influenciar a atividade industrial as privatizações, as obras de
infra-estrutura, o aumento dos
gastos públicos (impulsionados
pelas eleições) e o crescimento das
exportações.
Para Tabacof, no entanto, as incertezas do cenário internacional
continuarão limitando o crescimento.
Vendas em baixa
As vendas das indústrias seguiram o desempenho do INA, caindo 6,6% em maio.
A economia industrial segue
operando em um patamar muito
abaixo do nível registrado antes
da adoção do pacote fiscal e da alta
dos juros, entre outubro e novembro do ano passado.
Dados da Fiesp mostram que as
vendas estão 7% menores e o INA,
5,7%.
Os resultados positivos acumulados de dezembro até hoje -as
vendas subiram 3,4% e o INA
6%- não bastaram para as indústrias recuperarem o nível de atividade que tinham antes de outubro.
Diante de um quadro de instabilidade, as indústrias continuam
desencorajadas a contratar.
O número de pessoas ocupadas,
segundo a Fiesp, caiu 5,4% em
maio, se comparado ao mesmo
período de 97 -queda ligeiramente superior à registrada em
abril (-5,3%) e março (-5,2%).
Em função da redução do número de postos de trabalho, a indústria paulista tem hoje uma folha de
pagamento 2% menor do que a de
maio do ano passado.
Segundo a pesquisa sobre o nível
de emprego industrial da Fiesp,
em maio a indústria cortou 6.700
postos de trabalho (147.827 entre
janeiro e maio).
O salário real médio pago pela
indústria continua maior em relação ao mesmo período de 97
(3,5%).
Tabacof estima que este mês vários setores estão voltando a aumentar suas vendas, entre eles o
de autopeças, papelão ondulado,
alimentos, perfumaria e tintas.
Em compensação, disse, a previsão é de queda para eletroeletrônicos de consumo, cujo otimismo
de vendas de TV por conta da Copa do Mundo não se concretizou,
assim como para máquinas e indústria química.
Carga fiscal
Um levantamento da Fiesp mostra uma elevação de 16% na carga
fiscal das empresas nos últimos 12
meses, contra um crescimento de
2% da economia.
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