São Paulo, quinta, 25 de junho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA MONETÁRIA
Custo do dinheiro encosta no nível pré-crise asiática
BC reduz taxa de juro anual para 21%

da Sucursal de Brasília

O Banco Central promoveu ontem uma pequena redução nas taxas básicas de juros, aproximando-as dos níveis anteriores a crise asiática. A TBC (Taxa Básica do BC) foi reduzida de 21,75% para 21% anuais, e a Tban (Taxa de Assistência do BC) caiu de 29,75% para 28% ao ano.
Antes da crise a TBC estava em 20,70% anuais. Ela foi elevada para 43,41% no final de outubro último para evitar a fuga de recursos estrangeiros do país. Será a sétima queda dos juros desde dezembro do ano passado. A queda deve continuar em julho, mas num percentual menor.
A queda ficou dentro das expectativas de mercado. As novas taxas passam a vigorar a partir de hoje e valem, pelo menos, até 29 de julho, quando ocorre a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), órgão que reúne o presidente, diretores e chefes de departamento do BC.
Embora os juros básicos tenham sido reduzidos, a medida não irá diminuir os juros cobrados pelos bancos e financeiras nas operações de crédito direto ao consumidor porque a inadimplência ainda continua elevada. Sua queda, porém, mostra ao mercado em que direção o governo está caminhando.
A inadimplência no comércio paulista, em maio, tirando os efeitos sazonais, ficou em 9,84%, segundo o analista de risco de mercado do Banco Pontual, Manlio Arena. Em janeiro, esse índice era de 10,6%.
Dois motivos básicos contribuíram para a queda dos juros básicos. Primeiro, a manutenção das reservas internacionais brasileiras acima de US$ 70 bilhões. O outro motivo é o alto custo dos juros elevados sobre a dívida mobiliária (em títulos públicos) do governo federal.
A Folha apurou que o governo considera haver espaço para novas reduções dos juros básicos, mesmo que isso reduza o ganho do investidor estrangeiro que aplica dinheiro no Brasil. Na avaliação do governo, a principal preocupação desses investidores é o potencial do mercado brasileiro.
Isto é, os estrangeiros que fazem investimentos diretos no Brasil consideram mais importante o lucro que poderá ser obtido no longo prazo. Com base nesse argumento, o governo avalia que há espaço para reduzir os juros sem alterar a política cambial ou reduzir a tributação sobre renda fixa.
O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Demósthenes Madureira de Pinho Neto, acredita que as reservas internacionais vão fechar o ano entre US$ 66 bilhões e US$ 70 bilhões, na pior das hipóteses.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.