São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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GANÂNCIA INFECCIOSA

Fundador e diretores da Adelphia, empresa de TV a cabo, são presos sob acusação de fraude de US$ 2,3 bi

EUA prendem executivos de megafraude

Associated Press
John Rigas, 77, fundador e ex-presidente da Adelphia, acusada de fraudes, é levado a um tribunal


DE NOVA YORK

A era pós-ganância infecciosa, nos dizeres do presidente do Banco Central norte-americano, Alan Greenspan, teve suas primeiras prisões de peso ontem. Cinco executivos da Adelphia, sexta maior empresa de TV a cabo dos EUA, foram detidos por fraudes financeiras.
O fundador da empresa, seus dois filhos e dois funcionários foram acusados de esconder dos acionistas US$ 2,3 bilhões em dívidas. A Adelphia é uma das companhias que estão sendo investigadas por fraude contábil, fenômeno que vem chacoalhando o mercado de ações norte-americano, fenômeno conhecido como "contabilidade criativa".
Segundo declaração da Comissão de Valores Mobiliários (SEC na sigla em inglês), que cuidava do caso, os cinco protagonizam "uma das fraudes financeiras mais extensas a acontecer numa empresa de capital aberto". "Eles usavam a Adelphia como seu cofrinho particular", disse o inspetor Thomas Feeney, "à custa dos investidores particulares".
Os presos são o fundador e ex-CEO John Rigas, 77, seus filhos Timothy (ex-diretor financeiro), 46, e Michael (ex-diretor) Rigas, 48, o vice-presidente financeiro James Brown, 40, e o supervisor Michael Mulcahey, 48. Todos foram soltos sob fiança ontem à tarde. Se condenados, podem pegar até 30 anos de detenção.
Entre as fraudes encontradas pela SEC, está o empréstimo de US$ 13 milhões em dinheiro da empresa para que John Rigas construísse um campo de golfe particular, além de saques para compra de madeira e investimento num time de hóquei.
As manobras podem ter causado perdas de até US$ 60 bilhões para os acionistas. As ações da empresa, que no auge chegaram a valer US$ 86 a unidade, fecharam ontem cotadas a US$ 0,15.
O caso Adelphia é o terceiro a merecer abertura de processo criminal desde o pedido de concordata da Enron em dezembro, considerado o "ponto zero" da onda de escândalos. Ex-executivos da Tyco e da ImClone também estão sendo processados.
As prisões de ontem levaram o governo George W. Bush, que luta para se desvincular de ligações com empresas fraudulentas, a se manifestar favoravelmente e ajudaram o pregão da Bolsa de Valores de Nova York, que fechou em alta pela primeira vez na semana.
"Esta administração vai responsabilizar executivos que violarem a confiança do público e fará isso de uma maneira que consigamos proteger os trabalhadores e investidores norte-americanos", disse ontem o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
(SÉRGIO DÁVILA)


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