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TRABALHO
Retração em maio foi de 1,8%, menor do que a de abril; desemprego atinge 7,2% em junho e 7,3% no semestre
Em queda há 17 meses, renda cai 4,6% no ano
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
No primeiro semestre deste
ano, o mercado de trabalho sofreu
uma piora generalizada: cresceu a
taxa de desemprego, a renda caiu
e aumentou a informalidade da
economia. É o que revela pesquisa
do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Pelo 17º mês consecutivo, a renda do trabalhador caiu. O rendimento, que está em queda desde
janeiro de 2001, sofreu uma retração de 1,8% em maio. Na média
dos cinco primeiros meses do
ano, o recuo atingiu 4,6%.
Desde o início do Plano Real, no
entanto, o rendimento acumula
um ganho de 14%. Essa alta ficou
concentrada nos primeiros anos
do governo FHC. De 1994 a 1997,
houve um crescimento de 20%,
enquanto que de 1998 a 2001 a
renda caiu 11%, segundo dados
do IBGE. Em reais, o rendimento
médio do trabalhador ficou em
R$ 792,76 -aproximadamente
quatro salários mínimos.
Para Shyrlene Ramos de Souza,
economista do do Departamento
de Emprego e Rendimento do IBGE, a renda, apesar de se manter
em queda, está sendo reduzida
num ritmo menor. A queda de
maio é menos intensa do que a de
abril (-4,1%). Desde fevereiro, a
retração do rendimento está perdendo fôlego.
Para especialistas, a renda do
trabalhador já está em queda há
muitos meses e a atual desaceleração poderia indicar que o rendimento está atingindo um piso
-abaixo dele não teria mais como cair. Shyrlene disse que isso é
possível, mas que não há indicadores para comprovar a tese.
A consultoria LCA prevê para o
final deste ano uma queda de 3%
no rendimento médio. Se confirmada, a retração será menor do
que a do ano passado -de 4%.
Segundo Shyrlene, o que também explica a queda da renda é o
fato de que os setores que estão
sustentando o mercado de trabalho -comércio e serviços- são
justamente os que pagam os menores salários.
Em crise, a indústria, cujos vencimentos são os mais altos de toda
a economia, reduziu o rendimento dos trabalhadores em 2,9% nos
cinco primeiros meses deste ano.
Desemprego
Em 2002 (até junho), o desemprego ficou em 7,3% -superior
aos 6,3% do mesmo período de
2001. Em junho, a taxa com ajuste
sazonal (livre de influências típicas de cada período) foi de 7,2%
-quase igual à de maio (7,1%).
São Paulo foi, de novo, a recordista do desemprego entre as regiões metropolitanas pesquisadas. A taxa ficou em 8,5% -pouco abaixo dos 8,8% de maio.
Mais sinais da piora: até maio,
houve crescimento de 3,9% no
número de novos empregos sem
carteira. Esse tipo de contratação
indica o crescimento da informalidade, mais ainda porque o emprego com carteira subiu num ritmo bem menor (1,5%).
O único indicador de recuperação é o aumento da ocupação
-ou seja, do número de novas
vagas criadas. Cresce desde janeiro deste ano o total de pessoas
ocupadas. Em junho, atingiu alta
de 1,3%. No semestre, houve crescimento de 1,5%.
"O crescimento da ocupação
nos seis meses, porém, foi insuficiente para reduzir a taxa de desemprego", disse Shyrlene.
O problema é que, ao mesmo
tempo em que cresce a ocupação,
aumenta num ritmo maior o número de pessoas entrando no
mercado de trabalho. Prova disso
é que se ampliaram em 20,2% as
pessoas desocupadas (os desempregados) no primeiro semestre
ante igual período de 2001.
Marcela Prada, da Tendências
Consultoria, diz acreditar que a
piora do cenário econômico (juro
alto, câmbio subindo etc.) já afetou a taxa de ocupação, desacelerando o ritmo de crescimento verificado no começo do ano. "Nos
próximos meses, devemos ter
adiamento de contratações e até
mesmo demissões, se a demanda
[consumo" cair ainda mais."
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