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CONTAS EXTERNAS
Saldo de capital estrangeiro para o país recua de US$ 9,6 bi, no 1º semestre de 2002, para US$ 3,5 bi, em 2003
Investimento externo no Brasil cai 63%
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As empresas e instituições estrangeiras reduziram em 63%
seus investimentos no Brasil no
primeiro semestre de 2003, segundo dados do Banco Central. A
comparação é feita com os seis
primeiros meses do ano passado.
De janeiro a junho deste ano, o
saldo de capital externo no país
(entradas menos saídas) ficou em
US$ 3,5 bilhões, contra US$ 9,617
bilhões em igual período de 2002.
No mês passado, o total de investimento direto estrangeiro
(IDE) recebido pelo país ficou em
apenas US$ 186 milhões, o menor
valor desde abril de 1995.
"Os resultados registrados até
agora estão dentro do previsto",
diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
A previsão a que o BC se refere,
porém, foi refeita diversas vezes
neste ano. No início de 2003, a expectativa era de entrada de US$ 16
bilhões em investimento estrangeiro para este ano. Como os recursos começaram a minguar, o
BC diminui a projeção para US$
15 bilhões, depois para US$ 13 bilhões até chegar à atual previsão
de saldo de US$ 10 bilhões.
Isso significa que, no segundo
semestre, será necessário um
crescimento de 186% na entrada
de dinheiro estrangeiro.
O BC diz que nas últimas semanas já se observa uma leve recuperação. Dados parciais colhidos
ontem indicavam que US$ 600
milhões em investimentos haviam entrado no país neste mês.
Dos US$ 3,5 bilhões em investimentos recebidos pelo Brasil no
primeiro semestre, US$ 801 milhões -ou 22,9%- não se traduziram num ingresso efetivo de dólares, mas sim às operações denominadas de "conversão".
Nessas transações, a empresa
faz um acordo com seus credores
para pagar suas dívidas em ações
da companhia. Assim, o antigo
credor se transforma em sócio da
empresa, sem que seja necessário
o aporte de novos recursos.
No primeiro semestre de 2002,
US$ 2,473 bilhões dos investimentos recebidos pelo Brasil
-25,7% do total- se referiam às
conversões.
Mesmo com o risco Brasil em
queda de 49% no ano, o país não
conseguiu atrair novos investimentos significativos em 2003.
Para Altamir Lopes, do BC, a queda no volume de investimentos
recebidos no primeiro semestre
foi resultado de operações isoladas realizadas nos últimos meses,
em que multinacionais venderam
a participação que tinham em
empresas que atuam no Brasil e
enviaram o dinheiro de volta às
suas matrizes.
Foi o caso do banco BBV, que
remeteu US$ 649 milhões referentes à venda de sua operação brasileira para o Bradesco.
Ele afirma ainda que a queda no
fluxo de capital externo tem sido
observada em todo o mundo, e
não apenas no Brasil. Esse fenômeno seria consequência da desaceleração das economias dos países desenvolvidos.
Infra-estrutura
Um dos setores afetados pela
queda nos investimentos foi o de
infra-estrutura. As multinacionais aplicaram US$ 1,313 bilhão
em energia e telecomunicações
no primeiro semestre deste ano,
contra US$ 3,739 bilhões em 2002.
Lopes relativizou a importância
do chamado marco regulatório
do setor para atrair investimentos. Para alguns analistas, os estrangeiros estariam evitando aplicar novos recursos em telecomunicações e energia por causa da
falta de clareza das regras que ditam o funcionamento dessa área.
"A questão da regulamentação
do setor tem a sua importância,
mas não é determinante", diz ele.
Segundo Lopes, o nível de atividade econômica também influencia no planejamento de novos investimentos, já que o crescimento
da economia tem impacto direto
na rentabilidade das empresas.
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