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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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País obtém 1º superávit com o exterior no acumulado em 12 meses desde 94

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela primeira vez desde outubro de 1994, o Brasil registrou, no acumulado em 12 meses, resultado positivo na sua conta de transações correntes, um dos indicadores da vulnerabilidade externa do país. O superávit registrado no período foi de US$ 1,276 bilhão, o que equivale a 0,28% do PIB (Produto Interno Bruto).
Tradicionalmente, a conta de transações correntes é deficitária, devido ao elevado volume de juros da dívida externa que o Brasil precisa honrar. Desde o ano passado, porém, os bons resultados da balança comercial ajudaram a mudar esse quadro.
Em 2002 já haviam sido registrados superávit mensais, em agosto e setembro. Os saldos se repetiram em quatro meses deste ano (janeiro, março e maio, além de junho), segundo os dados do Banco Central.
A conta de transações correntes contabiliza todas as negociações de bens e serviços com outros países. Inclui, além da balança comercial (diferença entre importações e exportações), a balança de serviços (pagamento de juros, remessas de lucros, gastos com viagens internacionais, entre outras operações) e as transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).

Fundo do poço
No governo FHC, o déficit em 12 meses chegou a superar 5% do PIB, caiu para 4,37% do PIB em janeiro de 2002 e, em junho do ano passado, estava em US$ 18,308 bilhões, o que representava 3,83% do PIB. De lá para cá, a disparada do dólar ajudou na recuperação da balança comercial e, consequentemente, da conta de transações correntes, que fechou 2002 com um déficit de 1,71% do PIB.
Entre janeiro e junho deste ano, as exportações brasileiras superaram as importações em US$ 10,397 bilhões, contra US$ 2,587 bilhões registrados no primeiro semestre de 2002.
A conta de transações correntes é considerada um indicador da vulnerabilidade externa porque reflete parte da necessidade de financiamento externo do país. Quando ela registra déficit, o país precisa captar dinheiro no exterior -por meio de investimentos ou de empréstimos- para fechar suas contas.

Mais crédito
Neste ano, além da melhora no resultado em transações correntes, as contas externas do Brasil foram favorecidas pela maior facilidade que o setor privado tem encontrado para rolar suas parcelas da dívida externa.
No ano passado, diante da desconfiança em torno dos rumos da economia brasileira, as empresas enfrentaram dificuldades em conseguir crédito no exterior. Sem novos financiamentos, essas companhias foram obrigadas a enviar dólares para fora do país, para que as obrigações pudessem ser quitadas. Isso pressionou a taxa de câmbio.
Em 2002, apenas 43% das parcelas da dívida externa foram renovadas. No primeiro semestre deste ano, essa taxa de rolagem já havia subido para 110%. Ou seja, foi renegociada toda a dívida que venceu e ainda foram obtidos novos empréstimos.


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