São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Juro pode cair com menos gastos, diz Fiesp

Se o governo decidir cortar seus gastos e elevar o superávit primário para 5,6% do PIB, a taxa básica da economia (a Selic) poderia sofrer uma queda de 3,45 pontos percentuais em termos reais (descontada a inflação). Na média, cada ponto percentual de controle adicional de gastos gera dois pontos de queda da Selic real.
A conclusão consta de trabalho elaborado pelo Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos da Fiesp para mostrar os efeitos de um maior esforço fiscal do governo sobre a política monetária. A meta de superávit primário de 3,8% do PIB gera uma queda de apenas 0,15 ponto percentual da taxa real de juros.
O estudo da Fiesp mostra que, se o governo gastasse menos, talvez não tivesse sido necessário o Banco Central ter aumentado a Selic para 13%. De acordo com o trabalho, nos últimos cinco anos, o crescimento da despesa não só foi maior do que a receita como também foi duas vezes superior à expansão do PIB.
Para a Fiesp, essa condução da política fiscal frouxa faz com que o controle de preços fique exclusivamente à mercê da alta dos juros. E é isso que explica o fato de o Brasil ter as mais altas taxas de juros do mundo. Outros países que também sofrem com o problema da inflação estão com taxas de juros reais negativas, como nos casos de Japão, Chile e Estados Unidos.
O estudo da Fiesp mostra, a partir de exercícios matemáticos, que um esforço fiscal adicional resultaria na queda da taxa real de juros. A análise é feita a partir dos dados mensais do comportamento de diversos variáveis econômicos -taxa Selic real, resultado primário do setor público, taxa de câmbio, produção industrial e a meta de inflação- dos últimos nove anos (de junho de 1999 a maio de 2008).
Com base nisso, a Fiesp chegou à conclusão de que, se o governo estabelecesse uma meta de 5,6% do PIB para o superávit primário, a taxa Selic real seria de 5,3% em dezembro de 2009; para um superávit primário de 4,9%, a Selic seria de 6,5%; para 4,3% de superávit primário, a Selic seria de 7,6%; e, para um superávit primário de 3,8%, a Selic seria de 8,6%.
O trabalho da Fiesp mostra ainda que é perfeitamente possível o governo realizar um corte de gastos que eleve o superávit primário para 5,6% do PIB. Basta manter o mesmo percentual de gasto público médio dos últimos cinco anos.
O empresário Paulo Francini, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, afirma que é a favor do controle da inflação, mas diz que o governo adota uma política um tanto quanto esquizofrênica. De um lado, tenta conter o crescimento da atividade com a alta dos juros, e, de outro, adota uma política exatamente contrária com o aumento dos gastos públicos.
"Ao mesmo tempo em que pisa no acelerador dos gastos, o governo também pisa no freio para tentar conter o crescimento da economia. O que queremos evitar é que o BC pise no freio com tanta força", diz.
A grande preocupação de Francini, além de todas as razões já conhecidas, é com a valorização do câmbio, que pode ser fatal para a indústria.

"Ao mesmo tempo em que pisa no acelerador dos gastos, o governo também pisa no freio para tentar conter o crescimento da economia. Queremos evitar que o BC pise no freio com tanta força"
PAULO FRANCINI
diretor da Fiesp

NO BULE
Em agosto, o governo de MG deve concluir o programa de certificação de propriedades produtoras de café, grão responsável pela maior receita nas exportações do agronegócio mineiro neste ano. O produto alcançou cerca de US$ 1,1 bilhão no primeiro quadrimestre -13,8% mais que o valor do mesmo período do ano passado (US$ 850 milhões).

PARA TODOS
A Natura coloca no ar, no domingo, o primeiro comercial feito para a TV do país com linguagem descritiva para deficientes visuais. A peça foi criada pela PeraltaStrawberryFrog. Ao apertar a tecla SAP, um locutor irá relatar a dinâmica e o conteúdo do comercial.

SEDE
Em 20 dias desde o lançamento, o i9 Hidrotônico, da Coca-Cola, ultrapassou em duas vezes e meia as expectativas de vendas. A bebida de sais minerais criada no Brasil pode ser exportada.

NA TRILHA
O economista Andre Urani lança, no dia 30, na Livraria Cultura, em São Paulo, o livro "Trilhas para o Rio: do Reconhecimento da Queda à Reinvenção do Futuro" (Campus-Elsevier, 248 págs., R$ 59). O autor, que foi secretário do Trabalho da capital fluminense, baseia-se na cidade para discutir os problemas das grandes metrópoles, as suas mazelas socioeconômicas e apresentar propostas para o país.

VÔO DO MORCEGO

A expectativa da Estrela é fechar o ano com faturamento entre R$ 130 milhões e R$ 140 milhões, avanço de até 40% ante 2007. A empresa investiu R$ 15 milhões, em 2008, em novos produtos e estratégias de marketing. "O nosso foco, neste ano, foi ter uma gama de produtos que atendesse a todos os segmentos de faixa etária e de renda", diz Carlos Tilkian, presidente da Estrela. Entre as apostas, está o licenciamento do personagem Batman e a reformulação da linha de jogos. O Banco Imobiliário Brasil ganhou uma versão com pontos turísticos do país, escolhidos por internautas no site da empresa, e outra batizada de Banco Imobiliário Sustentável, com peças plásticas feitas a partir do etanol.

HERMANOS
A fabricante nacional de computadores Syntax fechou contrato de exportação para a Argentina e negocia remessas para Venezuela, Chile, Colômbia e México. O objetivo é que, até 2010, cerca de 20% da receita venha de exportações. Neste ano, a estimativa da empresa é faturar R$ 120 milhões.

EXPANSÃO
A Norcon, incorporadora com sede em Aracaju, abre unidade em Recife. A empresa opera em Maceió, Salvador e Feira de Santana. Segundo a empresa, o objetivo da expansão é concorrer com grandes construtoras que chegaram ao Nordeste. Até 2009, haverá filiais em Fortaleza, São Luís e Belém.

TUBARÃO
A Álamo Engenharia, especializada em projetos de infra-estrutura e manutenção, fechou dois contratos com a Vale, estimados em R$ 10 milhões, para fazer manutenção predial no Complexo Industrial de Tubarão (ES) e nas estações e pátios ao longo da estrada de ferro Vitória-Minas.

SANGUE NOVO
Rodrigo Affonso de Ouro Preto Santos passa a coordenar a área de propriedade intelectual do Siqueira Castro Advogados nas sedes de São Paulo e Rio de Janeiro. "Muitas empresas passaram a atuar também no exterior, e a propriedade intelectual ganha importância", afirma o especialista.

BALANÇA COMERCIAL

SALDO DO SETOR GRÁFICO CAI 219% NO PRIMEIRO SEMESTRE
O saldo da balança comercial da indústria gráfica caiu 219% no primeiro semestre sobre igual período de 2007, aponta a Associação Brasileira da Indústria Gráfica. O saldo ficou negativo em US$ 27,14 milhões. O crescimento das exportações foi de 1,6%, e o total, de US$ 151,30 milhões. As importações avançaram 41,4% e somaram US$ 178,45 milhões. Os segmentos que mais importaram foram o editorial (livros e revistas), com US$ 62,67 milhões, e o de cartões impressos (US$ 50,51 milhões). Nas exportações, o campeão de remessa é a indústria de embalagens (US$ 49,20 milhões).

com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI


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