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Órgão da Fazenda analisa a compra da BrT pela Oi
Iniciativa de avaliar impacto no mercado tomada antes de decisão da Anatel surpreende teles
Secretaria responsável por defesa da concorrência pediu informações a empresas rivais, como a Embratel, sobre os efeitos do negócio
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico), do
Ministério da Fazenda, começou a discussão, no âmbito do
governo, sobre os efeitos da
compra da Brasil Telecom pela
Oi na competição no setor de
telefonia. Em nota distribuída
ontem, o órgão informou que
enviou ofícios com pedidos de
informação a empresas e agentes privados que serão afetados
pelo negócio. A primeira consultada foi a Embratel, do empresário mexicano Carlos Slim,
dono também da Claro.
A Seae disse ter pedido à operadora de longa distância informações sobre o impacto da
compra da BrT no mercado de
internet. Não foi divulgado o
teor da resposta da Embratel. A
operadora apenas informou,
por meio de sua assessoria, que
atendeu ao pedido do órgão de
defesa da concorrência.
A iniciativa da Seae apanhou
de surpresa a Brasil Telecom e
a Oi. Elas esperavam que o debate sobre o impacto do negócio na concorrência começasse
após a manifestação da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações), o que estaria distante. Cabe à Anatel instruir os
processos de empresas de telecomunicações para julgamento
do Cade (Conselho Administrativa de Defesa Econômica).
No entanto, a Seae disse que
tem a prerrogativa de enviar
parecer ao Cade sobre os processos que ela considera de
grande interesse público.
A legislação atual não permite a compra da BrT pela Oi. Os
controladores das duas empresas acertaram o negócio, em
abril, com a condicionante de
que seja alterado o PGO (Plano
Geral de Outorgas), que define
as áreas de concessão na telefonia fixa. O plano atual impede
que uma empresa acumule
duas concessões. A mudança do
PGO, defendida pelo governo
Lula, está em fase de consulta
pública na Anatel. O prazo para
manifestação dos interessados
termina no dia 1º de agosto próximo, mas há pedidos para que
a agência dilate o prazo.
Embora a Embratel não tenha divulgado o teor de sua manifestação à Seae, a expectativa
é a de que ela tenha criticado a
concentração no mercado de
transmissão de dados.
A Telcomp (associação empresarial que representa a Embratel) divulgou recentemente
o estudo ""Análise Econômica
da Concentração BrT-Oi", no
qual sustenta que o negócio elimina um concorrente potencial, cria novas barreiras à entrada de outras empresas no
mercado, aumenta o custo da
burocracia associada ao tamanho e à diversidade de operações da nova tele, entre outros.
Segundo o estudo, o usuário
brasileiro de telefonia ainda
não se beneficiou dos avanços
tecnológicos e da competição
como tem ocorrido em outros
países. Na atual década, o item
comunicações do IPCA (o índice oficial de inflação) cresceu
12%, enquanto houve redução
de 31,4% nos Estados Unidos e
de 33,8% na União Européia.
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