São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2008

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Juro alto do BC garante lucro de investidor na crise

Alta na Selic torna papéis do Tesouro mais atraentes em meio à turbulência no mercado

Dia seguinte à decisão do Copom foi de venda de papéis na Bolsa e de aposta em aumento das taxas de juros na BM&F

DA REPORTAGEM LOCAL

A intensificação do aumento de juros promovido pelo Banco Central e o recrudescimento dos temores em relação à crise financeira americana podem levar a um rearranjo das carteiras dos investidores no Brasil.
Perde quem apostava na Bolsa e aumenta a possibilidade de ganho para os investimentos atrelados às taxas de juros, como fundos DI e CDBs.
Os títulos do governo brasileiro, que neste ano ganharam chancela internacional de segurança com o grau de investimento concedido pelas agências de avaliação de risco estrangeiras, estarão pagando no final do ano algo perto de 15% ao ano -antes da decisão do BC, a previsão era de 14,25%.
É um investimento seguro num momento em que os mercados oscilam bruscamente ao sabor das notícias do dia. Já a Bovespa, campeã de rendimento nos últimos anos, amarga em 2008 perda de 10,1%.
Virginia Queiroz, da corretora Liquidez, disse que o dia ontem foi bastante movimentado, com os clientes pedindo a venda de posições na Bolsa para comprar contratos de DI (que acompanham o movimento dos juros) na BM&F.
O volume de negócios com DI cresceu 30% ontem, um dia depois do aumento de 0,75 ponto na taxa básica de juros do BC, que foi para 13% anuais.
"Foi um dia muito complicado, de volatilidade e de saída da Bolsa, que fica menos atraente [para o investidor]. Teve uma queda forte na Bolsa de Nova York, que seguiu indicadores ruins de seguro-desemprego. O cenário externo é ruim, e tivemos uma corrida para a venda na Bolsa. O volume financeiro do DI subiu muito, e a BM&F movimentou mais de 2 milhões de contratos", disse ela.
A Bovespa fechou ontem o dia com perda de 3,3%, enquanto o dólar comercial recuou 0,28%, para R$ 1,5795. Já a BM&F negociou ontem 2,2 milhões de contratos de juros futuros, movimentando R$ 201 bilhões. Anteontem, por exemplo, o volume negociado ficou em 1,7 milhão de contratos de DI, que giraram R$ 159 bilhões.
Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Corretora, avalia que, "com a redução do risco soberano e os juros monumentais do país", fica cada vez mais atrativo para os estrangeiros adquirir títulos do governo brasileiro.
"É difícil afirmar que o mesmo investidor estrangeiro está vendendo ações brasileiras para comprar título público. Mas notamos uma venda expressiva de ações na Bolsa e o câmbio permanece tranqüilo. Essa reação do câmbio demonstra que tem havido ao menos um equilíbrio [de saída e entrada]", diz.
Neste mês, até o dia 21, o saldo dos estrangeiros na Bovespa ficou negativo em R$ 5,7 bilhões. Em junho, outros R$ 7,4 bilhões já haviam saído da Bolsa paulista -o pior resultado mensal da história.


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