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Juro alto do BC garante lucro de investidor na crise
Alta na Selic torna papéis do Tesouro mais atraentes em meio à turbulência no mercado
Dia seguinte à decisão do Copom foi de venda de papéis na Bolsa e de aposta em aumento das taxas de juros na BM&F
DA REPORTAGEM LOCAL
A intensificação do aumento
de juros promovido pelo Banco
Central e o recrudescimento
dos temores em relação à crise
financeira americana podem
levar a um rearranjo das carteiras dos investidores no Brasil.
Perde quem apostava na Bolsa
e aumenta a possibilidade de
ganho para os investimentos
atrelados às taxas de juros, como fundos DI e CDBs.
Os títulos do governo brasileiro, que neste ano ganharam
chancela internacional de segurança com o grau de investimento concedido pelas agências de avaliação de risco estrangeiras, estarão pagando no
final do ano algo perto de 15%
ao ano -antes da decisão do
BC, a previsão era de 14,25%.
É um investimento seguro
num momento em que os mercados oscilam bruscamente ao
sabor das notícias do dia. Já a
Bovespa, campeã de rendimento nos últimos anos, amarga em
2008 perda de 10,1%.
Virginia Queiroz, da corretora Liquidez, disse que o dia ontem foi bastante movimentado,
com os clientes pedindo a venda de posições na Bolsa para
comprar contratos de DI (que
acompanham o movimento
dos juros) na BM&F.
O volume de negócios com
DI cresceu 30% ontem, um dia
depois do aumento de 0,75
ponto na taxa básica de juros do
BC, que foi para 13% anuais.
"Foi um dia muito complicado, de volatilidade e de saída da
Bolsa, que fica menos atraente
[para o investidor]. Teve uma
queda forte na Bolsa de Nova
York, que seguiu indicadores
ruins de seguro-desemprego. O
cenário externo é ruim, e tivemos uma corrida para a venda
na Bolsa. O volume financeiro
do DI subiu muito, e a BM&F
movimentou mais de 2 milhões
de contratos", disse ela.
A Bovespa fechou ontem o
dia com perda de 3,3%, enquanto o dólar comercial recuou 0,28%, para R$ 1,5795. Já
a BM&F negociou ontem 2,2
milhões de contratos de juros
futuros, movimentando R$ 201
bilhões. Anteontem, por exemplo, o volume negociado ficou
em 1,7 milhão de contratos de
DI, que giraram R$ 159 bilhões.
Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Corretora, avalia que, "com a redução
do risco soberano e os juros
monumentais do país", fica cada vez mais atrativo para os estrangeiros adquirir títulos do
governo brasileiro.
"É difícil afirmar que o mesmo investidor estrangeiro está
vendendo ações brasileiras para comprar título público. Mas
notamos uma venda expressiva
de ações na Bolsa e o câmbio
permanece tranqüilo. Essa reação do câmbio demonstra que
tem havido ao menos um equilíbrio [de saída e entrada]", diz.
Neste mês, até o dia 21, o saldo dos estrangeiros na Bovespa
ficou negativo em R$ 5,7 bilhões. Em junho, outros R$ 7,4
bilhões já haviam saído da Bolsa paulista -o pior resultado
mensal da história.
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