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INFRA-ESTRUTURA
Para fortalecer posição de países da América Latina na Alca, Brasil quer obras que desenvolvam a região
PPA aposta em integração latino-americana
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o objetivo de integrar a
América Latina e de olho na Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) em 2005, o governo
Lula deve tirar duas obras do papel e incluí-las no PPA (Plano Plurianual): a ligação Brasil-Peru e a
Brasil-Guiana Francesa. Os detalhes serão anunciados na próxima
sexta-feira, quando o presidente
Lula entrega ao Congresso a íntegra do plano para 2004-2007.
As duas pontes que serão executadas em parceria com os dois
países são obras de importância
para fortalecer o desenvolvimento regional e aumentar o poder de
fogo da região nas negociações de
acordos internacionais. A informação é do secretário-executivo
do Ministério dos Transportes,
Keiji Kanashiro. "O Brasil tem
condições de exercer a liderança
nas negociações sobre a Alca.
Nesse sentido, as obras voltadas
para a integração da América Latina são prioritárias", afirmou.
O acesso à Guiana Francesa será
feito por meio de um ponte sobre
o rio Oiapoque (AP), com previsão para ser inaugurada ainda no
governo petista, segundo a Folha
apurou com técnicos do ministério. A ponte vai ligar as cidades de
Oiapoque e Saint Georges, na
Guiana Francesa. Hoje, essa ligação é feita por balsa e barcos.
Dos R$ 25 milhões necessários
para a execução da obra, segundo
estudos técnicos do ministério,
50% viriam do Orçamento da
União. O restante, do governo
francês. Também serão divididas
despesas de manutenção da ponte. Uma comissão bilateral já estuda aspectos jurídicos da legislação
fundiária, ambiental e trabalhista
dos dois países para poder definir
as regras de licitação. Uma das
propostas é usar a mão-de-obra
local para baratear os custos.
No caso da ponte sobre o rio
Acre (AC), que vai ligar Brasil-Peru, a parceria entre os dois países
também vai custear o empreendimento. O projeto, que inclui um
trecho de três quilômetros de
acesso à rodovia BR 317, está orçado em R$ 25 milhões. A minuta
com detalhes da licitação, preparada por técnicos brasileiros, está
sendo avaliada pelos peruanos.
Em viagem desde ontem ao Peru, o presidente Lula deve discutir
projetos para a construção das estradas Tarapoto-Yurimaguas, no
norte do país, e Iñapari-Ponte
Inambari, com acesso a portos do
sul do Peru. Os custos são estimados em US$ 160 milhões e US$
220 milhões, respectivamente.
Para executar pelo menos outras quatro obras de infra-estrutura que devem constar do plano,
o governo quer investimentos
privados. A expectativa é atrair recursos por meio da PPP (Parceria
Público-Privada), programa em
estudo e que será divulgado pelo
Ministério do Planejamento.
Entre as obras que devem receber parte dos R$ 191,4 bilhões previstos para obras de infra-estrutura estão: a ferrovia Transnordestina, o Ferroanel de São Paulo, o
trecho da Ferronorte entre Alto
do Araguaia e Rondonópolis, no
Mato Grosso, e a construção de
um arco rodoviário no Rio.
Para atrair do setor privado pelo
menos 40% dessas verbas, como
já anunciou o ministro Guido
Mantega (Planejamento), será
elaborado um projeto de lei regulamentando a PPP. A idéia não é
modificar a Lei de Concessões,
mas sim criar uma legislação
complementar. Essas novas regras serão usadas em projetos de
interesse público que o governo
precisa executar, mas não dispõe
de recursos. Uma das mudanças
que a PPP deve permitir é em relação à origem da receita para remunerar a empresa que fizer uma
obra pública. Pelas regras de concessão, essa receita vem da cobrança de tarifas. No caso das estradas, do pedágio.
As novas regras da PPP devem
permitir que os recursos para
"pagar" a empresa que fez a obra
possam vir do próprio governo,
mas em prazos mais esticados.
Na construção de um aterro sanitário, por exemplo, uma prefeitura poderia -em vez de construir a obra e cobrar uma taxa alta
de lixo para pagar o empreendimento- executar a PPP. Por esse
modelo, a ganhadora da licitação
construiria a obra, cuidaria da coleta e da destinação final do lixo. A
prefeitura cobraria um imposto
pelo serviço, com valor mais baixo, que seria repassado à empresa
por meio de um fundo especial
criado para garantir remuneração
à parceira. E o pagamento pela
obra do aterro seria feito em prestações periódicas, segundo explicaram técnicos do Planejamento,
por prazos como os estabelecidos
na Lei de Concessões.
Colaborou Fátima Fernandes, da Reportagem Local
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