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Vaz reclama de
espionagem e
patrulhamento
DA REDAÇÃO
Manhã de sexta-feira. Claudio
Vaz, 55, candidato da situação na
Fiesp, encontra seu rival, Paulo
Skaf, na saída de um hotel da capital onde ambos gravaram entrevistas na TV.
Depois de uma rápida troca de
gentilezas, Vaz comunica ao concorrente que está entrando com
uma petição numa delegacia para
descobrir o autor de uma mensagem contra ele distribuída por e-mail aos industriais do Estado.
Não é sempre que as eleições da
Fiesp vão parar na polícia, sintoma da acirrada disputa.
Um integrante da chapa de Paulo Skaf enviou um e-mail para vários empresários acusando Vaz de
pertencer a uma quadrilha dentro
da Fiesp especializada em lavagem de dinheiro.
Além do clima acusatório, a espionagem fez parte da campanha.
Segundo conta o delegado do Sindilouça (louças e cerâmicas),
Humberto Barbato, que apóia
Vaz, no último sábado ele foi surpreendido por um telefonema estranho. "A pessoa do outro lado
da linha se dizia do Ibope e queria
saber se nosso voto no Ciesp poderia ser revisto por conta da possível definição na Fiesp [onde
Skaf é favorito]. Há um clima de
patrulhamento muito grande."
Mesmo com todo o clima de
tensão na reta final, Vaz afirma
que sua campanha foi "muito
simples", apesar de ter usado o arsenal dos políticos tradicionais:
santinhos, broches, cartazes e até
um jingle de campanha.
Ele afirma não saber quanto
custou sua campanha. A administração dos recursos foi feita por
uma empresa de propósito específico criada para a campanha, a
União Indústria 2004. "Só no final
saberei quanto gastei."
Para Vaz, a campanha foi praticamente uma diversão. "Eu convivi com esses industriais por toda a vida. É uma visita a velhos
amigos", disse.
Para visitar os "velhos amigos",
o candidato apoiado pelo atual
presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva, precisou viajar. E não foi
pouco. "Não tenho idéia de quantas cidades visitei", disse. Segundo ele, foram três visitas a cada
Ciesp (Centro das Indústrias de
São Paulo). São 41 sedes ao todo.
Em cada uma delas, costumava
visitar mais três ou quatro cidades. Resultado dessa matemática
do voto: pelo menos 120 cidades
visitadas nos últimos dois meses,
ou quase duas por dia.
Para percorrer as distâncias,
Vaz contou com ajuda de amigos.
"Às vezes, precisava viajar e algum amigo emprestava um helicóptero que não estava usando.
Mas isso não aconteceu muitas
vezes", garantiu.
Jantar em Mogi
Na noite de sexta, o último
evento era uma jantar de encerramento em Mogi das Cruzes. Mais
um cenário típico de campanhas
políticas: cartazes, pessoas pregando broches nos convidados e
farta distribuição de material de
campanha. Sem falar na recepção
pelo prefeito ao som do jingle da
campanha e dos vários discursos
em apoio a Vaz.
Após dois meses de viagens,
centenas de discursos e milhares
de quilômetros rodados pelas estradas paulistas, o cansaço parece
atingir alguns membros da chapa
de Claudio Vaz.
É o caso do presidente da
Abrinq (brinquedos), Synésio Batista, que afirma nunca ter participado de jornada tão estafante.
"Nunca vi uma campanha na qual
tenha viajado tanto e perdido tantas noites de sono. Era um tal de
um companheiro ligar para o outro durante a insônia para discutir
detalhes da campanha."
Seu candidato a vice, Fausto
Cestari, admite ter deixado um
pouco de lado sua empresa para
se dedicar integralmente à campanha. "Os negócios nessa hora
ficaram um pouco de lado. Nossa
campanha era muito amadora.
Nós calculávamos o tempo que ficaríamos num lugar, mas sempre
dava errado", disse.
Vaz não admite o cansaço. Afirma ter mantido seu peso. Começa
a trabalhar no mesmo horário, às
8h, e vai até quase a meia-noite. O
único inconveniente, segundo ele,
é ter ficado um pouco longe da família. "Mas eles compreendem."
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