São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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Vaz reclama de espionagem e patrulhamento

DA REDAÇÃO

Manhã de sexta-feira. Claudio Vaz, 55, candidato da situação na Fiesp, encontra seu rival, Paulo Skaf, na saída de um hotel da capital onde ambos gravaram entrevistas na TV.
Depois de uma rápida troca de gentilezas, Vaz comunica ao concorrente que está entrando com uma petição numa delegacia para descobrir o autor de uma mensagem contra ele distribuída por e-mail aos industriais do Estado.
Não é sempre que as eleições da Fiesp vão parar na polícia, sintoma da acirrada disputa.
Um integrante da chapa de Paulo Skaf enviou um e-mail para vários empresários acusando Vaz de pertencer a uma quadrilha dentro da Fiesp especializada em lavagem de dinheiro.
Além do clima acusatório, a espionagem fez parte da campanha. Segundo conta o delegado do Sindilouça (louças e cerâmicas), Humberto Barbato, que apóia Vaz, no último sábado ele foi surpreendido por um telefonema estranho. "A pessoa do outro lado da linha se dizia do Ibope e queria saber se nosso voto no Ciesp poderia ser revisto por conta da possível definição na Fiesp [onde Skaf é favorito]. Há um clima de patrulhamento muito grande."
Mesmo com todo o clima de tensão na reta final, Vaz afirma que sua campanha foi "muito simples", apesar de ter usado o arsenal dos políticos tradicionais: santinhos, broches, cartazes e até um jingle de campanha.
Ele afirma não saber quanto custou sua campanha. A administração dos recursos foi feita por uma empresa de propósito específico criada para a campanha, a União Indústria 2004. "Só no final saberei quanto gastei."
Para Vaz, a campanha foi praticamente uma diversão. "Eu convivi com esses industriais por toda a vida. É uma visita a velhos amigos", disse.
Para visitar os "velhos amigos", o candidato apoiado pelo atual presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva, precisou viajar. E não foi pouco. "Não tenho idéia de quantas cidades visitei", disse. Segundo ele, foram três visitas a cada Ciesp (Centro das Indústrias de São Paulo). São 41 sedes ao todo. Em cada uma delas, costumava visitar mais três ou quatro cidades. Resultado dessa matemática do voto: pelo menos 120 cidades visitadas nos últimos dois meses, ou quase duas por dia.
Para percorrer as distâncias, Vaz contou com ajuda de amigos. "Às vezes, precisava viajar e algum amigo emprestava um helicóptero que não estava usando. Mas isso não aconteceu muitas vezes", garantiu.

Jantar em Mogi
Na noite de sexta, o último evento era uma jantar de encerramento em Mogi das Cruzes. Mais um cenário típico de campanhas políticas: cartazes, pessoas pregando broches nos convidados e farta distribuição de material de campanha. Sem falar na recepção pelo prefeito ao som do jingle da campanha e dos vários discursos em apoio a Vaz.
Após dois meses de viagens, centenas de discursos e milhares de quilômetros rodados pelas estradas paulistas, o cansaço parece atingir alguns membros da chapa de Claudio Vaz.
É o caso do presidente da Abrinq (brinquedos), Synésio Batista, que afirma nunca ter participado de jornada tão estafante. "Nunca vi uma campanha na qual tenha viajado tanto e perdido tantas noites de sono. Era um tal de um companheiro ligar para o outro durante a insônia para discutir detalhes da campanha."
Seu candidato a vice, Fausto Cestari, admite ter deixado um pouco de lado sua empresa para se dedicar integralmente à campanha. "Os negócios nessa hora ficaram um pouco de lado. Nossa campanha era muito amadora. Nós calculávamos o tempo que ficaríamos num lugar, mas sempre dava errado", disse.
Vaz não admite o cansaço. Afirma ter mantido seu peso. Começa a trabalhar no mesmo horário, às 8h, e vai até quase a meia-noite. O único inconveniente, segundo ele, é ter ficado um pouco longe da família. "Mas eles compreendem."


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