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ELEIÇÃO NA FIESP
Disputa acirrada pela presidência da entidade seguiu modelo das campanhas políticas: discursos, caravanas, viagens e intrigas
E-mail ofensivo
agita campanha
de Paulo Skaf
MARCELO PINHO
DA REDAÇÃO
Tarde de sexta-feira. Paulo Skaf,
49, atual presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria
Têxtil) e candidato da oposição na
Fiesp, é informado pela Folha de
que a equipe de Claudio Vaz armou um circo em delegacia de
São Paulo ao apresentar uma petição à polícia para esclarecer ofensas enviadas ao e-mail do rival.
As denúncias de um aliado de
Skaf envolviam o adversário num
esquema de lavagem de dinheiro.
Inicialmente, Skaf demonstrou
indiferença. "Não tenho como
controlar o que passa na cabeça
de todos os que me apóiam", afirmou.
Ao saber da informação, Skaf
lançou mão de seu celular e disparou vários telefonemas para advogados e assessores. "Prepara uma
nota à imprensa, mas não confirme as informações para não cairmos no jogo do Vaz", dizia a assessores pelo celular.
Depois, disse que a atitude de
seu adversário ao chamar a imprensa era de desespero. "Ele sabe
que vai perder e quer ficar criando
fatos." Ainda no carro, Skaf afirmou ter recebido vários e-mails
com ofensas. "Um deles até cheguei a processar. Foi um diretor
do Ciesp que ficou me chamando
de mentiroso, mas não precisei
chamar a imprensa como o Vaz."
A partir deste momento, a campanha de Paulo Skaf se resumiu a
telefonemas de sua sala na sede da
Abit. Aquilo que na agenda do
candidato constava como uma
burocrática tarde de contatos telefônicos, pelo que mostrou no carro, foi bem mais tensa do que o esperado.
A campanha de Skaf foi muito
similar a uma campanha política.
"Em alguns aspectos a nossa campanha se parece com a dos políticos. Mas somos apartidários", frisou o empresário.
Como seu rival, ele criou uma
empresa para gerir os gastos da
campanha e diz não saber quanto
foi gasto.
Piadas
Em entrevista, deixa claro seu
lado comunicativo. Faz piada sobre o tamanho de seu nariz e mostra intimidade com as câmeras.
Antes de entrar no estúdio de um
programa de TV em hotel em São
Paulo, pergunta se seus olhos estão vermelhos demais. "Para qual
[câmera] devo olhar? [...] Acho
que estou olhando demais para
você", disse para o entrevistador.
Para os adversários, o estilo do
candidato beira o populismo. O
ex-presidente da Fiesp Carlos
Eduardo Ferreira, que, como desta vez, protagonizou uma acirrada disputa pelo cargo com Emerson Kapaz, em 1992, diz que "nosso adversário [não cita o nome de
Skaf] quer a presidência para se
eleger político", acusa.
Para Skaf, o fato de ele se comunicar com desenvoltura é um atributo essencial. "Candidato que
não consegue se comunicar não
pode ser candidato". Questionado sobre se afirmação era uma alfinetada em Claudio Vaz, disparou: "Se o Vaz é um burocrata, paciência".
Assim como Vaz, Skaf perdeu a
conta de quanto viajou. Pelos cálculos, deve ter percorrido o mesmo número de cidades que Vaz:
120 ao todo. Para isso, também recorreu ao auxílio de "apoiadores". "Às vezes, quando o apoiador tinha um helicóptero parado
e precisávamos viajar, pegávamos
emprestado o aparelho. Mas não
é verdade que tínhamos quatro
helicópteros à nossa disposição,
como andaram falando por aí",
disse ele.
Mas nem sempre as viagens
usaram métodos tradicionais. No
município de Santa Gertrudes, ele
conta, "fizemos uma cavalgada de
mais de duas horas entre a cidade
e um município vizinho".
Skaf não admite o cansaço pela
rotina, mas pela falta dela. "Costumava nadar todos os dias e comer em horários regulares. Com a
campanha isso ficou bagunçado.
Acho até que estou com umas
gordurinhas."
A campanha de Paulo Skaf é assessorada por uma empresa com
profissionais com experiência em
eleições majoritárias.
Durante os programas de TV,
Skaf dá palpites até no texto da repórter. "Quando for ler Abit, leia a
sigla porque é mais conhecida."
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