São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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ELEIÇÃO NA FIESP

Disputa acirrada pela presidência da entidade seguiu modelo das campanhas políticas: discursos, caravanas, viagens e intrigas

E-mail ofensivo agita campanha de Paulo Skaf

MARCELO PINHO
DA REDAÇÃO

Tarde de sexta-feira. Paulo Skaf, 49, atual presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) e candidato da oposição na Fiesp, é informado pela Folha de que a equipe de Claudio Vaz armou um circo em delegacia de São Paulo ao apresentar uma petição à polícia para esclarecer ofensas enviadas ao e-mail do rival.
As denúncias de um aliado de Skaf envolviam o adversário num esquema de lavagem de dinheiro.
Inicialmente, Skaf demonstrou indiferença. "Não tenho como controlar o que passa na cabeça de todos os que me apóiam", afirmou.
Ao saber da informação, Skaf lançou mão de seu celular e disparou vários telefonemas para advogados e assessores. "Prepara uma nota à imprensa, mas não confirme as informações para não cairmos no jogo do Vaz", dizia a assessores pelo celular.
Depois, disse que a atitude de seu adversário ao chamar a imprensa era de desespero. "Ele sabe que vai perder e quer ficar criando fatos." Ainda no carro, Skaf afirmou ter recebido vários e-mails com ofensas. "Um deles até cheguei a processar. Foi um diretor do Ciesp que ficou me chamando de mentiroso, mas não precisei chamar a imprensa como o Vaz."
A partir deste momento, a campanha de Paulo Skaf se resumiu a telefonemas de sua sala na sede da Abit. Aquilo que na agenda do candidato constava como uma burocrática tarde de contatos telefônicos, pelo que mostrou no carro, foi bem mais tensa do que o esperado.
A campanha de Skaf foi muito similar a uma campanha política. "Em alguns aspectos a nossa campanha se parece com a dos políticos. Mas somos apartidários", frisou o empresário.
Como seu rival, ele criou uma empresa para gerir os gastos da campanha e diz não saber quanto foi gasto.

Piadas
Em entrevista, deixa claro seu lado comunicativo. Faz piada sobre o tamanho de seu nariz e mostra intimidade com as câmeras. Antes de entrar no estúdio de um programa de TV em hotel em São Paulo, pergunta se seus olhos estão vermelhos demais. "Para qual [câmera] devo olhar? [...] Acho que estou olhando demais para você", disse para o entrevistador.
Para os adversários, o estilo do candidato beira o populismo. O ex-presidente da Fiesp Carlos Eduardo Ferreira, que, como desta vez, protagonizou uma acirrada disputa pelo cargo com Emerson Kapaz, em 1992, diz que "nosso adversário [não cita o nome de Skaf] quer a presidência para se eleger político", acusa.
Para Skaf, o fato de ele se comunicar com desenvoltura é um atributo essencial. "Candidato que não consegue se comunicar não pode ser candidato". Questionado sobre se afirmação era uma alfinetada em Claudio Vaz, disparou: "Se o Vaz é um burocrata, paciência".
Assim como Vaz, Skaf perdeu a conta de quanto viajou. Pelos cálculos, deve ter percorrido o mesmo número de cidades que Vaz: 120 ao todo. Para isso, também recorreu ao auxílio de "apoiadores". "Às vezes, quando o apoiador tinha um helicóptero parado e precisávamos viajar, pegávamos emprestado o aparelho. Mas não é verdade que tínhamos quatro helicópteros à nossa disposição, como andaram falando por aí", disse ele.
Mas nem sempre as viagens usaram métodos tradicionais. No município de Santa Gertrudes, ele conta, "fizemos uma cavalgada de mais de duas horas entre a cidade e um município vizinho".
Skaf não admite o cansaço pela rotina, mas pela falta dela. "Costumava nadar todos os dias e comer em horários regulares. Com a campanha isso ficou bagunçado. Acho até que estou com umas gordurinhas."
A campanha de Paulo Skaf é assessorada por uma empresa com profissionais com experiência em eleições majoritárias.
Durante os programas de TV, Skaf dá palpites até no texto da repórter. "Quando for ler Abit, leia a sigla porque é mais conhecida."


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