São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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AMBIENTE

Instituição fará aporte inicial de US$ 349 mil em projeto que visa preservação e desenvolvimento sustentável

Bird investe em pesquisa na caatinga

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

A caatinga nordestina e sua biodiversidade estão no foco do Projeto Bioma Caatinga, que contará com investimento inicial de US$ 349 mil do Bird (Banco Mundial). O projeto será desenvolvido nos Estados da Bahia e do Ceará, com ênfase na preservação e no uso sustentável da caatinga. Outro objetivo é a criação de mecanismos para a fixação do homem à terra, a partir de alternativas de capacitação, trabalho e renda.
Os recursos para a primeira etapa (US$ 349 mil) serão geridos pela Fundação Luís Eduardo Magalhães e destinados ao desenvolvimento de instrumentos, metodologias e estratégias do projeto. Na Bahia, a condução técnica ficará a cargo da CAR (Companhia de Ação e Desenvolvimento Regional), ligada à Secretaria do Planejamento, e no Ceará será realizada pelas secretarias estaduais de Planejamento e da Ouvidoria e Meio Ambiente.
O bioma caatinga é o principal ecossistema da região Nordeste, estendendo-se pelo domínio de climas semi-áridos, numa área de 73.683.649 ha, 6,83% do território nacional. Ocupa principalmente Bahia e Ceará, mas também os outros Estados da região e Minas Gerais. O termo caatinga é originário do tupi-guarani e significa mata branca. A caatinga tem sido ocupada desde os tempos do Brasil-Colônia, com o regime de sesmarias e sistema de capitanias hereditárias, por meio de doações de terras, criando-se condições para a concentração fundiária.
O acordo tripartite que dá início ao projeto já foi assinado pela fundação baiana e os governos baiano e cearense.
Na avaliação do superintendente-geral da fundação, Geraldo Machado, o estabelecimento de ações prioritárias para a caatinga pode ser considerado uma das ações ambientais mais urgentes no Brasil, já que a região encontra-se em processo de desertificação, com aproximadamente 80% dos seus ecossistemas originais alterados pela presença humana.
"Primeiro, porque a caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro. Segundo, porque abriga uma fauna e flora únicas, com muitas espécies endêmicas, ou seja, que não são encontradas em nenhum outro lugar do planeta. Por fim, porque a caatinga é um dos biomas mais ameaçados do Brasil", afirmou. A segunda fase do Bioma Caatinga prevê a implantação de projeto-piloto nos dois Estados.
O projeto prevê a preservação do bioma caatinga por meio da formação de corredores ou outras formas de assegurar os recursos naturais do ecossistema. Entre suas metas, estão ainda a redução da emissão de carbono na atmosfera, via aumento do estoque de carbono na vegetação da caatinga, e a redução dos riscos de desertificação, via melhoramento das práticas de manejo dos solos e tecnologias voltadas a irrigação.

Fixação à terra
A região do bioma caatinga vivencia a migração contínua da sua população em busca de melhores condições de vida dos grandes centros urbanos brasileiros. O projeto, observa Geraldo Machado, tem o intuito de apresentar caminhos para a melhoria da situação socioeconômica e a qualidade de vida da população local, por meio da criação de mecanismos para a capacitação e a geração de trabalho e renda associada ao uso sustentável dos recursos naturais, fomentando o uso de novas tecnologias.


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