São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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TURISMO

Accor vai gerenciar local sob sua bandeira Sofitel

Grupo Silvio Santos investe em hotel cinco estrelas no Guarujá

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Patricia Abravanel, filha de Silvio Santos, e Rafael Palladino, do GSS, com maquete do hotel


BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Grupo Silvio Santos, famoso pelo sucesso em negócios voltados às classes populares, como o Baú da Felicidade, a Tele Sena e boa parte da programação do SBT, lançou ontem um empreendimento de luxo. É um hotel Sofitel, a bandeira mais refinada da Accor, quarta rede hoteleira do mundo, que será aberto em janeiro de 2007 no Guarujá (SP).
Conjugado ao hotel, em um terreno de 77 mil metros quadrados na praia de Pernambuco, o grupo também construirá um condomínio residencial com apenas 36 casas -todas elas já vendidas por valores entre R$ 1,06 milhão e R$ 1,6 milhão por unidade.
Quanto vale o show? São R$ 150 milhões, dos quais R$ 30 milhões investidos pelo GSS, R$ 40 milhões financiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e R$ 40 milhões do valor do terreno. Os outros R$ 40 milhões saem da venda das casas do condomínio.
"Atuamos em qualquer mercado. Ana Paula Padrão [jornalista recém-contratada pelo SBT], por exemplo, é classe A", afirmou o presidente do Grupo Silvio Santos, Luiz Sebastião Sandoval, para justificar o novo negócio. "Temos o [apresentador de TV] Ratinho e temos a Ana Paula Padrão. Temos um Sofitel e continuamos a fazer empréstimos consignados na rua [via banco PanAmericano, maior braço financeiro do grupo]."
A estréia no segmento hoteleiro é, segundo Sandoval, mais um marco na trajetória de Silvio Santos. "Silvio, de camelô, construiu um dos 50 maiores grupos empresariais do país", lembrou.
"O projeto vem um um momento muito oportuno e une a visão do Grupo Silvio Santos à expertise da Accor", declarou Roland de Bonadona, diretor-geral da Accor Hotels na América do Sul. A Accor firmou contrato de sete anos para operar o hotel, que é exclusivamente de propriedade do Grupo Silvio Santos.

Senor Abravanel
Em publicação distribuída ontem à imprensa, o empresário e apresentador de TV Silvio Santos afirma que o local do empreendimento tem importância sentimental. "O Guarujá representa parte importante da minha vida, e muito me alegro em iniciar ali essa nova fase, pois foi onde conheci a Íris, minha mulher, que gerou as nossas preciosas filhas e, com sua alegria e entusiasmo, contribuiu para dar colorido à minha existência", diz o texto. O empresário assina somente como Senor Abravanel, seu nome verdadeiro.
A filha "de número quatro" do empresário, Patricia Abravanel, 27, que é publicitária e atua como assessora do Banco PanAmericano, participa do projeto. "Alguém [na família] tinha de se envolver. Isso vai ser nosso. A empresa [o grupo] vai crescer muito mais e é uma forma de honrar tudo o que meu pai fez", afirmou. "Só o fato de termos vendido todas as casas antes do lançamento já mostra a credibilidade do GSS, não importa a área [de atuação], não importa a classe social."

Cassino
O hotel de Silvio Santos, batizado de Sofitel Jequitimar Guarujá, nasce no local em que, em 1962, foi inaugurado o tradicional hotel Jequitimar. Famoso pela freqüência de celebridades sobretudo nas décadas de 60 e 70, foi comprado por Silvio Santos em 1997.
Segundo o GSS, a intenção é "devolver o glamour e a exclusividade do Guarujá do passado".
Desde 97, há rumores de que a verdadeira intenção de Silvio Santos ao comprar o hotel seria recriar um cassino no prédio, nos moldes dos cassinos que viviam lotados no Guarujá até a década de 40. A liberação do jogo, entretanto, nunca ocorreu. A proibição foi feita por decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra em 1946.
"O empreendimento está preparado para isso [caso ocorra a liberação]. Área não falta, mas o hotel não foi feito pensando em jogo", ressaltou o vice-presidente da divisão financeira do GSS, Rafael Palladino. O empreendimento, segundo ele, tem foco no turismo internacional, daí a escolha da bandeira Sofitel, que está em mais de 50 países no mundo.
Entre os interesses do grupo para atrair esses turistas, está a utilização da base aérea de Santos como aeroporto. "A Infraero [estatal que administra 66 aeroportos no país] não quer operar aquele aeroporto, mas deve abrir uma licitação para isso", disse Palladino.


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