São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2006

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Para instituto, alta é reflexo de anos anteriores

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

A maior parte da alta da carga tributária registrada em 2005 é reflexo de aumentos promovidos pelo governo Lula nos anos de 2003 e de 2004.
A constatação é do advogado Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário). Ele discorda da justificativa da Receita Federal, de que o aumento foi motivado principalmente pela boa lucratividade das empresas e pela eficiência da máquina arrecadadora.
Segundo Amaral, comparar apenas 2005 com 2004 é ver só um ângulo da questão. Ele fez alguns cálculos para justificar o aumento da carga tributária nos três primeiros anos de Lula. Em 2002, último ano da gestão FHC, a arrecadação somou R$ 482,4 bilhões. No primeiro ano de Lula, foram R$ 553,05 bilhões. Em 2004, foram R$ 650,15 bilhões, e, em 2005, R$ 732,87 bilhões (valores nominais levantados pelo IBPT).
Segundo Amaral, comparando a receita de 2005 com a do último ano de FHC, verifica-se aumento nominal de R$ 250 bilhões. Excluída a inflação, há aumento de R$ 120 bilhões acima do PIB.
Vários aumentos de tributos autorizados pelo governo Lula refletem na arrecadação atual, diz Amaral. Ele listou alguns deles: criação do PIS/Cofins sobre as importações a partir de maio de 2004; aumento, de 12% para 32% (mais 166,7%), da base de cálculo da CSLL para as empresas prestadoras de serviços; Cofins não-cumulativa para as empresas a partir de fevereiro de 2004 (de 3% para 7,6%); alta da contribuição previdenciária dos servidores da União a partir de 2004 (os Estados e municípios fizeram o mesmo); e aumento da base da CPMF em novembro de 2004 (toda liquidação de operação de crédito é feita via conta corrente).
Para o advogado Miguel Bechara Jr., do escritório Bechara Jr. Advocacia, o governo deveria fixar um índice para a carga tributária. Se ele fosse ultrapassado, o excedente deveria retornar para a sociedade, sob a forma de crédito.
Bechara entende que as micro, pequenas e médias empresas deveriam ser menos tributadas. "É preciso tributar mais o lucro e menos a produção."


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