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Banco prevê impacto da crise na expansão mundial e do Brasil
Para UBS Pactual, economia do país deverá crescer 0,1 ponto percentual a menos por causa das turbulências financeiras
Guido Mantega, ministro da Fazenda, diz que inflação, e não crise internacional, é o que deve orientar decisão do Copom em setembro
JANAINA LAGE
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O economista Eduardo Loyo,
do UBS Pactual e ex-diretor do
Banco Central, afirmou ontem
que o impacto da crise internacional sobre a economia brasileira será de 0,1 ponto percentual a menos de crescimento no
PIB (Produto Interno Bruto),
um efeito inferior ao da média
da economia mundial. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, endossou a análise de que o
país está menos sujeito à "turbulência internacional".
Segundo Loyo, que participou do seminário de metas de
inflação do BC, estudo feito pelo UBS Pactual estima que os
efeitos sobre o crescimento da
economia mundial serão da ordem de 0,5 a 1 ponto percentual, de acordo com a atuação
do Fed (o BC dos EUA).
"Não vejo esse evento de proporções bíblicas, não é a nova
Grande Depressão que se inicia, mas há efeitos potenciais
importantes sobre o crescimento mundial", disse.
O estudo leva em conta projeções como expectativas de
uma queda sustentada dos preços das ações da ordem de 10%
e uma queda nos preços dos
imóveis nos EUA de 10%, entre
outros fatores. Na avaliação do
economista, os efeitos da crise
serão bastante concentrados
na economia americana.
Segundo Loyo, os fatores que
deflagraram a crise já eram conhecidos em parte pelos agentes financeiros. "Embora a performance do mercado hipotecário tenha sido pior do que se
imaginava, muito do que houve
de ruim nesse desempenho já
era notícia velha", disse. Apesar
de o mercado "subprime" (crédito imobiliário para pessoas
com histórico ruim de pagamento) ter um tamanho superior a US$ 1 trilhão, a perspectiva é que as perdas sejam absorvidas aos poucos.
Para o Brasil, o principal fator a ditar o ritmo de crescimento econômico será a demanda no mercado interno.
Loyo destacou que, ao contrário de experiências de crises internacionais anteriores, a principal pergunta no momento
não é o que vai acontecer com o
Brasil, e sim qual o cenário com
o qual o país vai se deparar daqui para a frente.
O economista elogiou a política adotada pelo Banco Central de acúmulo de reservas antes da crise. Segundo Loyo, se
desta vez não há problemas de
exposição do setor público ao
risco cambial, isso é resultado
da política de reduzir a parcela
da dívida atrelada ao câmbio e
de recomposição de reservas.
"É importante respeitar a
crise, mas não poderia transformar essa mudança no cenário internacional no fator definidor do desempenho macroeconômico do Brasil. (...) Os fatores que serão mais importantes para definir o mix adequado
de política econômica continuarão a ser os fatores domésticos", disse.
Sem contaminação
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez discurso semelhante ontem, no Rio, que a
"turbulência internacional"
não vai afetar o Brasil nem a sua
taxa de juros. De acordo com
Mantega, o cumprimento das
metas de superávit primário e
da Lei de Responsabilidade
Fiscal garantem a estabilidade
do país em meio à crise internacional e apenas a inflação pode
influenciar a taxa de juros.
"Graças à responsabilidade
fiscal praticada, o Brasil é respeitado e hoje a turbulência internacional não o afeta", disse.
Segundo o ministro, o problema no mundo não deve alterar a progressiva queda da taxa
de juros Selic. "A trajetória de
juros do Brasil não depende da
turbulência internacional, mas
da inflação. O Copom analisará
a inflação e tomará a decisão."
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