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Setor de seguros é novo alvo de disputa de grandes bancos
Porto Seguro era a última grande empresa que atuava sem estar associada a um banco
Bradesco e Banco do Brasil também querem ampliar sua carteira na área; no país, apenas 33% da frota de veículos possui seguro
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
A associação entre o Itaú
Unibanco e a Porto Seguro delimita a mais nova trincheira da
disputa pela hegemonia do sistema financeiro nacional -o
setor de seguros.
"A nova disputa guarda relação direta com a consolidação
de uma nova classe média consumidora no país", disse o analista Henrique Navarro, do
Santander. "O brasileiro já não
quer só comprar bens financiados, mas preservar aqueles que
adquiriram com a democratização do crédito."
Essa avaliação já tinha sido
feita há um ano pelo Banco do
Brasil -instituição pública
que, há duas semanas, reassumiu o posto de maior banco em
ativos da América Latina.
O foco da estratégia do BB,
em um primeiro momento, foi
a atuação agressiva na concessão de crédito durante a crise.
Mas o passo seguinte da instituição pública é (e ainda é)
justamente o de elevar (dos
atuais 12% para 25%) a parcela
do setor de seguros na composição de seu lucro líquido.
O Bradesco, que tira 36% de
seus lucros do segmento, planejava consolidar sua liderança
no setor. O Itaú Unibanco, com
seus 11%, corria por fora.
Carros
Nesse sentido, o seguro de
carros tornou-se o ponto central. O Brasil compõe o seleto
grupo de cinco países que apresentaram crescimento de vendas de veículos no primeiro semestre deste ano. As vendas no
resto do globo despencaram.
Contraditoriamente, só 33%
da frota de carros do país tem
seguro, diferentemente da Europa, onde o número é de 85%.
Esse dado reflete, entre outras realidades, o anacronismo
da frota brasileira e a relutância
do consumidor em segurar um
carro usado. Mas, com relação
aos carros novos, a disposição
do brasileiro é outra.
Se uma das maiores aspirações do brasileiro é comprar
um carro financiado, seu maior
pesadelo é perdê-lo num roubo,
principalmente antes de a dívida ser inteiramente paga.
Líder absoluta em seguro de
automóveis usados, de onde tirava mais de 60% de seu faturamento, a Porto Seguro era a última grande seguradora que
conseguira sobreviver sem associar-se a um banco.
Era, portanto, a "noiva mais
bonita" dentro de um mercado
promissor. Mas o horizonte da
Porto Seguro era limitado.
Para ingressar no segmento
de carros novos, os analistas
viam como inevitável sua associação com uma instituição financeira forte no financiamento de veículos novos.
Fracasso
Vice-líder do mercado de seguros como um todo, o Bradesco esteve muito perto de comprar a carteira da Porto Seguro.
As negociações fracassaram
porque Jayme Garfinkel, dono
da Porto Seguro, preferia um
modelo de associação na qual
pudesse manter o controle
acionário e a gestão da empresa, fundada em 1945 e adquirida por sua família em 1972.
O Itaú Unibanco ofereceu à
empresa justamente uma associação, em vez de uma simples
aquisição.
"Como reconhecemos a excelência do Jayme [Garfinkel]
em seu segmento, não haveria
forma melhor de nos associarmos a ele do que esta", disse à
Folha Roberto Setubal. As conversas entre o Itaú Unibanco
começaram há duas semanas e
foram concluídas no último domingo.
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