São Paulo, terça-feira, 25 de agosto de 2009

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Braskem e Quattor temem influência maior da Petrobras

Companhias privadas veem ameaça de estatização do setor petroquímico

Petrobras tem participação minoritária relevante na Braskem (31%) e na Quattor (40%), que negociam acordo de "aliança estratégica"

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A discussão sobre o papel da Petrobras no setor petroquímico brasileiro deve ser retomada com a confirmação de que a Braskem S.A. e a Quattor Participações negociam uma "aliança estratégica" para uma possível fusão. Dois anos depois de ter voltado ao setor petroquímico, com participações minoritárias nas duas companhias, há quem avalie que a estatal terá de esclarecer novamente se permanecerá minoritária no controle dos ativos.
Entre 2007 e 2008, período em que a Petrobras exerceu papel central para a aquisição do Grupo Ipiranga (depois consolidado na Braskem) e da Suzano Petroquímica (posteriormente conduzida para a formação da Quattor em parceria com a Unipar), a estatal teve de negar várias vezes versões de que se aproveitaria da reestruturação do setor para assumir o controle dessa indústria.
A Petrobras concluiu a reestruturação da indústria e a promessa de manter o setor ao mando privado, mas assumiu uma posição de "minoritária relevante", com 40% do capital da Quattor e 31% do capital da Braskem. Segundo um especialista do setor petroquímico, uma parte da estatal tem o objetivo de recuperar o poder da Petroquisa como braço petroquímico da Petrobras a fim de ganhar nova estatura no setor.
O enfraquecimento da Quattor praticamente obriga a Braskem a assumir a dianteira de qualquer negociação de fusão. No jogo do setor, a companhia controlada pelo Grupo Odebrecht nem cogita a hipótese de ver a Petrobras com mando total na Quattor, empresa hoje controlada pela família Geyer. Se isso ocorrer, a Petrobras passaria a controlar a indústria petroquímica nacional.
Como é produtora de petróleo, a companhia dominaria a cadeia. Teria os ativos de exploração do petróleo, as refinarias para a produção dos derivados petroquímicos e uma base industrial para a transformação da matérias-primas em petroquímicos básicos e em resinas, como polietilenos e polipropileno, usados em carros.
Por deter a matéria-prima, seria um concorrente imbatível para a Braskem, que não tem produção de petróleo -embora seja a maior indústria da cadeia do plástico na América Latina.
O objetivo da Braskem é ter a Petrobras no máximo como uma sócia "relevante" a fim de ter acesso a matéria-prima (gás e nafta) para ganhar força no mercado internacional. A meta da companhia é ser uma das dez maiores do setor.

CVM de olho
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autarquia que monitora as companhias abertas, disse ontem que vai avaliar as informações publicadas na imprensa sobre negociações entre a Braskem S.A. e Quattor, bem como os comunicados distribuídos ao mercado pelas duas empresas e a Petrobras.
A informação sobre a negociação foi publicada pelo Portal Exame, na sexta-feira, e posteriormente confirmada pelas empresas. O assunto é avaliado pela superintendência de Relações com Empresas e de Acompanhamento de Mercado.
Em nota, a Comissão disse: "A CVM acompanha e analisa as informações e notícias relativas às cias. abertas e adota as medidas devidas quando necessário. A autarquia também acompanha o comportamento dos papéis de companhias abertas antes e após a divulgação de fatos relevantes".
Na sexta-feira, o papel PNB, o mais negociado da Unipar, subiu 3,5%, e o papel PNA, da Braskem, registrou alta de 2,38%. O Ibovespa havia fechado com alta de 1,58%.
Ontem, a ação da Braskem fechou com baixa de 2,13%, após 2.400 negócios. O papel da Unipar, que teve 354 transações, ficou estável. Já a ação ON da Unipar, que registrou uma negociação, saltou 17,5%.


Colaborou FABRICIO VIEIRA , da Reportagem Local


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