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Braskem e Quattor temem influência maior da Petrobras
Companhias privadas veem ameaça de estatização do setor petroquímico
Petrobras tem participação minoritária relevante na Braskem (31%) e na Quattor (40%), que negociam acordo de "aliança estratégica"
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A discussão sobre o papel da
Petrobras no setor petroquímico brasileiro deve ser retomada
com a confirmação de que a
Braskem S.A. e a Quattor Participações negociam uma "aliança estratégica" para uma possível fusão. Dois anos depois de
ter voltado ao setor petroquímico, com participações minoritárias nas duas companhias,
há quem avalie que a estatal terá de esclarecer novamente se
permanecerá minoritária no
controle dos ativos.
Entre 2007 e 2008, período
em que a Petrobras exerceu papel central para a aquisição do
Grupo Ipiranga (depois consolidado na Braskem) e da Suzano Petroquímica (posteriormente conduzida para a formação da Quattor em parceria
com a Unipar), a estatal teve de
negar várias vezes versões de
que se aproveitaria da reestruturação do setor para assumir o
controle dessa indústria.
A Petrobras concluiu a reestruturação da indústria e a promessa de manter o setor ao
mando privado, mas assumiu
uma posição de "minoritária
relevante", com 40% do capital
da Quattor e 31% do capital da
Braskem. Segundo um especialista do setor petroquímico,
uma parte da estatal tem o objetivo de recuperar o poder da
Petroquisa como braço petroquímico da Petrobras a fim de
ganhar nova estatura no setor.
O enfraquecimento da Quattor
praticamente obriga a Braskem
a assumir a dianteira de qualquer negociação de fusão.
No jogo do setor, a companhia controlada pelo Grupo
Odebrecht nem cogita a hipótese de ver a Petrobras com mando total na Quattor, empresa
hoje controlada pela família
Geyer. Se isso ocorrer, a Petrobras passaria a controlar a indústria petroquímica nacional.
Como é produtora de petróleo, a companhia dominaria a
cadeia. Teria os ativos de exploração do petróleo, as refinarias
para a produção dos derivados
petroquímicos e uma base industrial para a transformação
da matérias-primas em petroquímicos básicos e em resinas,
como polietilenos e polipropileno, usados em carros.
Por deter a matéria-prima,
seria um concorrente imbatível
para a Braskem, que não tem
produção de petróleo -embora
seja a maior indústria da cadeia
do plástico na América Latina.
O objetivo da Braskem é ter a
Petrobras no máximo como
uma sócia "relevante" a fim de
ter acesso a matéria-prima (gás
e nafta) para ganhar força no
mercado internacional. A meta
da companhia é ser uma das
dez maiores do setor.
CVM de olho
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), autarquia que
monitora as companhias abertas, disse ontem que vai avaliar
as informações publicadas na
imprensa sobre negociações
entre a Braskem S.A. e Quattor,
bem como os comunicados distribuídos ao mercado pelas
duas empresas e a Petrobras.
A informação sobre a negociação foi publicada pelo Portal
Exame, na sexta-feira, e posteriormente confirmada pelas
empresas. O assunto é avaliado
pela superintendência de Relações com Empresas e de Acompanhamento de Mercado.
Em nota, a Comissão disse:
"A CVM acompanha e analisa
as informações e notícias relativas às cias. abertas e adota as
medidas devidas quando necessário. A autarquia também
acompanha o comportamento
dos papéis de companhias
abertas antes e após a divulgação de fatos relevantes".
Na sexta-feira, o papel PNB,
o mais negociado da Unipar,
subiu 3,5%, e o papel PNA, da
Braskem, registrou alta de
2,38%. O Ibovespa havia fechado com alta de 1,58%.
Ontem, a ação da Braskem
fechou com baixa de 2,13%,
após 2.400 negócios. O papel da
Unipar, que teve 354 transações, ficou estável. Já a ação ON
da Unipar, que registrou uma
negociação, saltou 17,5%.
Colaborou FABRICIO VIEIRA ,
da Reportagem Local
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