São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2005

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MERCADO ABERTO

Executivo encara desafio nos EUA

Há cerca de dois anos, o executivo Paulo Zottolo, 49, presidente da Nivea no Brasil, quase perdeu o emprego. Ele havia tonado decisões que desagradaram à empresa alemã. Ele contratou a top brasileira Gisele Bündchen para ser garota-propaganda e trocou a agência TBWA, que atende a empresa mundialmente, pela Africa, de Nizan Guanaes. As duas decisões não foram bem recebidas por muitos de seus superiores, na Alemanha. "Passei momentos difíceis", afirmou.
Depois de dez anos à frente da Nivea no Brasil, Zottolo foi promovido à presidência da filial na América do Norte (Estados Unidos e Canadá), o segundo maior faturamento da empresa no mundo, com US$ 1 bilhão de receita por ano. No Brasil, os números não são conhecidos, mas estima-se um faturamento de cerca de R$ 300 milhões anuais.
Entre a fase difícil que passou e o atual momento, a Nivea foi vendida para um grupo alemão, e o conselho da empresa foi mudado. Além disso, as vendas da empresa no Brasil aumentaram significativamente, e a Nivea tornou-se líder em diversos produtos. A empresa multiplicou por 13 os lucros. A promoção foi resultado desse desempenho.
Nos Estados Unidos, Zottolo terá uma missão difícil. A Nivea não é conhecida, detém apenas 3% do mercado e enfrenta a concorrência da gigante Procter & Gamble. Só para dar uma idéia da concorrência, Zottolo diz que, no ano passado, a Nivea gastou US$ 30 milhões em mídia nos EUA para o lançamento de um produto. A Procter & Gamble gastou US$ 270 milhões para lançar um produto semelhante.
Zottolo ainda não elaborou o seu plano para tornar a marca conhecida nos EUA. Ele tinha um prazo até novembro para concluí-lo, mas avisou que irá pedir um adiamento para janeiro. Ele não esconde que pretende contratar uma modelo, mas não deverá ser Gisele Bündchen, e ainda terá Nizan Guanaes como seu consultor, embora nos EUA irá manter a TBWA como agência da empresa. "Se não ousar, seremos engolidos pela gigante", diz Zottolo, que é apaixonado por mar e barco à vela.
Ele também pretende formar uma diretoria globalizada, com executivos de diversos lugares do mundo. Um dos problemas que ele identificou na Nivea nos EUA é que ela se distanciou muito da Europa. Em seus cerca de 20 anos, a Nivea só teve um presidente alemão, logo quando foi criada, e depois todos os demais foram americanos. "Os Estados Unidos são o calcanhar-de-aquiles da Nivea", diz ele.

LEITURA
Após o sucesso da última edição, lançada em 2000 e com mais de 120 mil exemplares vendidos só no Brasil, chega às livrarias a 12ª edição de "Administração de Marketing", de Philip Kotler e Kevin Lane Keller. Batizada de a bíblia do marketing, a obra, a ser lançada neste mês pela editora Pearson, trata de assuntos como marketing holístico e experimental, além de contar com um número maior de exemplos práticos, entre eles de empresas brasileiras, como a Natura.

NO JAPÃO
Roger Agnelli, presidente da Vale, viajou neste final de semana para o Japão a fim de comemorar os 50 anos do primeiro embarque de minério para uma siderúrgica japonesa. O Japão representa, hoje, 9% dos embarques da Vale.

NEGÓCIOS DO FUTURO
O fórum de jovens empreendedores da Associação Comercial de São Paulo vai trazer ao país o congresso mundial de jovens empreendedores, em março de 2006, no Anhembi. As edições anteriores reuniram mais de 5.200 participantes e promoveram 350 joint ventures com valores entre US$ 20 mil e US$ 35 milhões. O congresso será lançado pelo governador Geraldo Alckmin e pelo presidente da Associação Comercial, Guilherme Afif Domingos, na terça.

À PROCURA
A Petrobras está em busca de um local no litoral do Espírito Santo para construir seu próprio porto. O complexo portuário de Vila Velha é um dos favoritos.

APOSTA NA MARCA
Para ganhar mercado, as empresas de varejo irão focar esforços em três ações relacionadas, aponta pesquisa da revista inglesa "The Economist". Segundo a pesquisa, com 123 executivos de indústrias de consumo nos EUA, primeiramente elas irão investir na criação de marcas. Depois, irão apostar em novos produtos e, finalmente, implementar cortes nos custos de produção.

DECIDIDO
A Camargo Corrêa bateu o martelo. Depois de analisar cerca de 30 cidades próximas a São Paulo, ela escolheu Americana para instalar seu centro de serviços compartilhados, que irá concentrar a folha de pagamento das empresas do grupo, por exemplo. A estimativa é que haja uma redução de custo de até R$ 90 milhões por ano com esse novo centro. O que pesou na escolha de Americana foi o fato de a empresa já ter na cidade um grande terreno ao lado de uma fábrica da Santista, que pertence ao grupo. O projeto prevê que o novo centro irá contar com cerca de mil funcionários.

À MODA CPI
Para enfrentar as críticas que seu governo tem recebido, o presidente Lula tem sido conservador na escolha de seus ternos. Porém nem sempre da maneira mais elegante. A avaliação é do estilista Ricardo Almeida, que assessorou o presidente durante a campanha eleitoral de 2002. "Naquela época, falávamos para ele usar uns ternos mais colados ao corpo. Agora, às vezes, ele usa uns ternos de um tamanho maior. Isso engorda a pessoa." Almeida nota que o presidente tem usado tons mais escuros, "que conferem maior credibilidade". Para momentos como o vivido por Lula, é conveniente, diz. Mas, para o verão que se aproxima, indica tons claros -como o bege-, que, bem usados, também garantem credibilidade e sobriedade.


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