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NOVA ECONOMIA
CDs e livros perdem espaço para itens de maior valor, como eletrônicos; dez lojas concentram 70% das vendas on-line
Varejo eletrônico deve crescer 30% em 2005
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O varejo on-line brasileiro continua em expansão. Neste ano, as
vendas por internet devem chegar
a R$ 9,8 bilhões, alta de mais de
30% em relação aos R$ 7,5 bilhões
de 2004. As transações on-line
ainda representam menos de 1%
do varejo total, porém avançam
em ritmo acelerado.
No primeiro semestre deste
ano, as transações eletrônicas envolvendo consumidores finais totalizaram R$ 4,6 bilhões. Cerca de
62% foram compras de veículos.
Bens de consumo responderam
por 23,12% do total, enquanto
compras de serviços de turismo
chegaram a R$ 664 milhões, ou
14,4% do total. Os dados são de
pesquisa feita pela e-Consulting
em parceria com a Câmara-e.net.
Mais que o crescimento rápido,
o perfil das compras mostra convergência entre o que ocorre no
mundo real com as operações na
internet. Aos poucos, CDs e livros
perdem espaço para bens de
maior valor. Pesquisa da e-Bit,
consultoria de marketing on-line,
mostra que, no primeiro semestre
do ano passado, CDs, DVDs e livros representavam cerca de 48%
do total das vendas do varejo virtual. Em 2005, a participação desses itens caiu para 39%. Ganharam espaço eletrônicos, produtos
de beleza e eletrodomésticos.
O crescimento, pelo menos neste ano, é quase todo explicado pelo aumento do número de internautas. O relatório "Insider Information", também desenvolvido
pela e-Consulting, mostra que o
número de usuários de internet
deve chegar a 25 milhões, alta de
20% sobre 2004.
O valor médio das compras não
mudou entre 2005 e 2004, o que
sugere que o aumento de faturamento do setor ocorreu pela adesão de mais usuários. Hoje, mostra o relatório da e-Bit, os consumidores que compram pela internet gastam em média R$ 300.
Em lojas que têm tanto pontos
reais como sites, o valor médio
das compras atinge valores até
dez vezes maiores nas transações
virtuais. Fenômeno explicado,
mostram pesquisas sobre o perfil
do internauta, pelo poder aquisitivo relativamente alto de quem
acessa a internet no Brasil. A renda média de quem compra on-line está hoje em torno de R$ 4.000.
Interior ganha espaço
Além da redução da participação de CDs e livros no total das
vendas, outro aspecto que mostra
amadurecimento do setor, ou pelo menos certa convergência com
a antes chamada "velha economia", é a desconcentração regional das compras on-line. "Nossa
pesquisa mostra que a participação do interior aumentou em relação às grandes capitais", diz Pedro Guasti, diretor-geral da e-Bit.
A era de uma miríade de empresas concorrendo entre si, algo comum nos modelos teóricos de
economia mas muito raro no
mundo real, também acabou.
Guasti lembra que apenas dez lojas respondem por mais de 70%
de todas as vendas feitas pela internet. "O mercado está mais concentrado tanto em termos de consumidor como de gasto", diz.
"O mercado se firmou. Antes,
era uma loucura. Hoje, os consumidores sabem o que acessar e
onde buscar o que precisam", diz
Aleksandar Mandic, que atua no
mercado de internet desde os primórdios do setor no Brasil.
O uso de internet pode ter chegado à classes de renda mais baixas. Mas, por enquanto, as compras virtuais estão concentradas
nos estratos mais altos. Apesar
disso, Guasti aponta para o potencial de crescimento do setor. Cerca de 10 milhões de brasileiros utilizam serviços bancários pela internet. São pessoas com acesso a
serviços financeiros, cartão de
crédito e com renda alta.
Menos da metade desses usuários, argumenta o diretor da e-Bit,
compra pela net. "É claro que,
com a adesão das classes de renda
mais baixa, o valor médio das
compras tende a cair", diz ele.
A proporção das vendas pela rede em relação ao varejo total pode
decepcionar. O mundo virtual reponde por menos do que 1% do
total do varejo. Mas não é anomalia brasileira. Nos EUA, onde o varejo on-line já chega a US$ 100 bilhões anuais, não representa mais
do que 5% do varejo total.
"O comércio eletrônico tende a
crescer muito. Há uma barreira
cultural, mas ela tende a ser vencida com o tempo", diz Antonio Tavares, presidente da Abranet (Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet).
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