São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2005

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Investigação policial alcança diretor da Fiesp

DA SUCURSAL DO RIO

O diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) Laodse de Abreu Duarte representa três empresas que negociaram títulos estrangeiros com a Bombril que estão sendo investigadas no inquérito da 7ª DP de São Paulo: Monte Mor, Duagro e Sipasa. As três negociaram R$ 69 milhões em títulos com a Bombril, segundo informações do inquérito.
O empresário nega envolvimento com remessa ilegal de divisas e com lavagem de dinheiro. Disse que suas empresas foram fiscalizadas pela Receita Federal e que as negociações com a Bombril foram cristalinas.
Abreu Duarte diz que os títulos dos EUA e da Argentina mudavam de mãos até quatro vezes em um dia, quando as operações estavam no auge, e que atuava como intermediário. Por isso, não sabe informar se os títulos realmente existiam.
O ex-acionista controlador da Bombril, o empresário Ronaldo Sampaio Ferreira, vendeu US$ 2,3 milhões em T-Bills à Duagro entre 2001 e 2002. O advogado Eduardo Munhoz, que defende o empresário, disse à Folha que Ferreira vendeu as ações a Sérgio Cragnotti, que pagou parte do prometido no exterior. Disse que o dinheiro recebido no exterior veio ao Brasil por meio da negociação de T-Bills e foi declarado no Imposto de Renda.
Segundo Munhoz, o ex-presidente da Bombril Joamir Alves é quem teria recomendado a operação.
Cerca de 70% do total dos contratos negociados pela Bombril tiveram na ponta de compra duas empresas: Hardsell e Logística, representadas por Geraldo Rondon da Rocha Azevedo, genro de Adolfo Mello Neto, gestor e um dos principais financiadores da Bombril.
A Hardsell e a Logística, somadas, negociaram R$ 1,4 bilhão em títulos com a Bombril entre 1998 e 2002. As empresas têm como endereço um escritório virtual em Barueri, na Grande São Paulo. A exemplo dos demais empresários envolvidos, Rocha Azevedo declarou, por meio de seu advogado, que as operações foram legais e estão contabilizadas nas empresas.
Relatório do Banco Central, que está anexado ao inquérito, diz que as operações funcionavam do seguinte modo: empresas de fachada abriam contas em bancos no Brasil para receber depósitos de terceiros, que eram transferidos para a Bombril, a qual fazia as transferências para o exterior. A Bombril Overseas então comprava títulos para entrega no Brasil.


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