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ECONOMIA GLOBAL
Países em desenvolvimento receberão US$ 345,2 bi em 2005; saldo para a AL tem aumento de 49%
Fluxo para emergentes terá recorde histórico
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Os mercados emergentes mundiais terão este ano um recorde
histórico de US$ 345,2 bilhões em
fluxos de capital líquido. A América Latina levará US$ 46,2 bilhões
desse total.
Só no Brasil, os fluxos de investimento diretos para o setor produtivo dobraram ao longo dos
primeiros sete meses do ano.
Os números foram anunciados
ontem pelo IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla
em inglês), que reúne os 340
maiores bancos do mundo.
No conjunto, os países de toda a
região onde o Brasil está inserido
receberão uma cifra menor do
que a China individualmente. O
país asiático terá cerca de US$ 55
bilhões este ano em investimentos diretos e aplicações financeiras privadas em ativos e ações.
O recorde anterior de aplicações
nos mercados emergentes era de
1996 (US$ 323 bilhões), ano que
antecedeu uma longa seqüência
de crises financeiras internacionais que abalaram a Ásia, a Rússia
e o Brasil, entre outros.
Ao apresentar os números ontem, o presidente do Citibank,
William Rhodes, lembrou o dominó de turbulências dos anos 90.
"Não estou afirmando que agora
vá acontecer o mesmo. Mas é
sempre bom lembrar que nada
que é bom dura para sempre."
Citando os atuais desequilíbrios
globais, especialmente nos EUA, e
o petróleo em alta, Rhodes recomendou aos países emergentes
que "dobrem" os cuidados por
meio de políticas que os tornem
menos vulneráveis.
América Latina
Entre 2004 e 2005, o fluxo de dólares privados para investimentos
produtivos e especulativos na
América Latina subiu 49%. No caso do Brasil, só os investimentos
produtivos líquidos devem somar
cerca de US$ 10 bilhões ao longo
deste ano.
O valor seria maior se os dados
do IIF não levassem em conta
também o volume de investimentos que empresas brasileiras têm
feito no exterior.
Na região, o México será o
maior receptor de investimentos
diretos, levando cerca de um terço
dos US$ 41 bilhões previstos.
Investimento direto
Os investimentos no setor produtivo representam individualmente a maior parcela das aplicações privadas nos emergentes.
Depois de cair ao patamar de US$
96 bilhões em 2003 (o menor em
sete anos), as aplicações diretas
devem somar, no total mundial,
US$ 148,9 bilhões em 2005, o
maior nível desde 1999.
O IIF também previu uma taxa
de crescimento de 4,3% para a
América Latina este ano. Para
2006, o instituto espera uma desaceleração. A exceção deve ocorrer
no Brasil, que tende a conviver
com juros em queda.
O presidente do Banco Itaú e vice-presidente do IIF, Roberto Setúbal, previu um crescimento acima de 4,5% para o Brasil em 2006,
com substancial aumento do crédito e sem impactos da atual crise
política na economia.
Setúbal disse também que Brasil
e região ficaram mais resistentes a
crises depois de terem adotado
políticas de acúmulo de reservas,
diminuição de dívidas e taxas de
câmbio flutuante.
No ano que vem, segundo as
previsões do IIF, o fluxo de dólares para os mercados emergentes
deve voltar ao patamar de 2004
(US$ 317,4), refletindo um processo continuado de aumento dos
juros nos EUA -que deve atrair
para o mercado americano parte
da liquidez internacional.
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