São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2005

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ECONOMIA GLOBAL

Países em desenvolvimento receberão US$ 345,2 bi em 2005; saldo para a AL tem aumento de 49%

Fluxo para emergentes terá recorde histórico

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Os mercados emergentes mundiais terão este ano um recorde histórico de US$ 345,2 bilhões em fluxos de capital líquido. A América Latina levará US$ 46,2 bilhões desse total.
Só no Brasil, os fluxos de investimento diretos para o setor produtivo dobraram ao longo dos primeiros sete meses do ano.
Os números foram anunciados ontem pelo IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), que reúne os 340 maiores bancos do mundo.
No conjunto, os países de toda a região onde o Brasil está inserido receberão uma cifra menor do que a China individualmente. O país asiático terá cerca de US$ 55 bilhões este ano em investimentos diretos e aplicações financeiras privadas em ativos e ações.
O recorde anterior de aplicações nos mercados emergentes era de 1996 (US$ 323 bilhões), ano que antecedeu uma longa seqüência de crises financeiras internacionais que abalaram a Ásia, a Rússia e o Brasil, entre outros.
Ao apresentar os números ontem, o presidente do Citibank, William Rhodes, lembrou o dominó de turbulências dos anos 90. "Não estou afirmando que agora vá acontecer o mesmo. Mas é sempre bom lembrar que nada que é bom dura para sempre."
Citando os atuais desequilíbrios globais, especialmente nos EUA, e o petróleo em alta, Rhodes recomendou aos países emergentes que "dobrem" os cuidados por meio de políticas que os tornem menos vulneráveis.

América Latina
Entre 2004 e 2005, o fluxo de dólares privados para investimentos produtivos e especulativos na América Latina subiu 49%. No caso do Brasil, só os investimentos produtivos líquidos devem somar cerca de US$ 10 bilhões ao longo deste ano.
O valor seria maior se os dados do IIF não levassem em conta também o volume de investimentos que empresas brasileiras têm feito no exterior.
Na região, o México será o maior receptor de investimentos diretos, levando cerca de um terço dos US$ 41 bilhões previstos.

Investimento direto
Os investimentos no setor produtivo representam individualmente a maior parcela das aplicações privadas nos emergentes. Depois de cair ao patamar de US$ 96 bilhões em 2003 (o menor em sete anos), as aplicações diretas devem somar, no total mundial, US$ 148,9 bilhões em 2005, o maior nível desde 1999.
O IIF também previu uma taxa de crescimento de 4,3% para a América Latina este ano. Para 2006, o instituto espera uma desaceleração. A exceção deve ocorrer no Brasil, que tende a conviver com juros em queda.
O presidente do Banco Itaú e vice-presidente do IIF, Roberto Setúbal, previu um crescimento acima de 4,5% para o Brasil em 2006, com substancial aumento do crédito e sem impactos da atual crise política na economia.
Setúbal disse também que Brasil e região ficaram mais resistentes a crises depois de terem adotado políticas de acúmulo de reservas, diminuição de dívidas e taxas de câmbio flutuante.
No ano que vem, segundo as previsões do IIF, o fluxo de dólares para os mercados emergentes deve voltar ao patamar de 2004 (US$ 317,4), refletindo um processo continuado de aumento dos juros nos EUA -que deve atrair para o mercado americano parte da liquidez internacional.


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