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CRISE NO AR
Assembléia só elegeu dois dos três membros do comitê de credores da aérea
Sindicatos boicotam reunião da Varig
BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Os sindicalistas foram ontem
até a porta da assembléia de credores da Varig, no Rio, mas se recusaram a entrar. Com isso, apenas parte do comitê de credores
que atuará no processo de recuperação judicial da aérea foi eleita.
A assembléia serviria para escolher os representantes das três
classes de credores (trabalhistas,
com garantias e sem garantias).
Sem quórum, a classe trabalhista, por enquanto, ficou fora do comitê. Segundo a Justiça, haverá
outra assembléia para essa escolha. Nas outras classes, os eleitos
foram indicados pelo governo.
Indicado pela Secretaria de Previdência Complementar, o representante dos credores com garantias reais é Erno Bretano, administrador especial dos planos da
Varig no fundo de pensão Aerus
-principal credor privado da aérea, com crédito de R$ 1,8 bilhão.
Já o eleito pelos credores sem garantias foi Adenauher Figueira
Nunes, diretor financeiro da Infraero, estatal que administra 66
aeroportos em todo o país.
Os sindicalistas se recusaram a
entrar em protesto contra decisão
proferida na tarde de anteontem
pela Justiça do Rio, por considerá-la "inconstitucional" e "política".
Na quinta, despacho do juiz
Alexander Macedo, titular da 8ª
Vara Empresarial do Rio, havia
autorizado os sindicatos a representar na assembléia todos os trabalhadores ausentes e determinou que a votação seria "por cabeça" (um voto por trabalhador).
Na sexta-feira, porém, outro
juiz que cuida do caso, Luiz Roberto Ayoub, respondeu a um pedido de esclarecimento da decisão
de Macedo e alterou a forma de
votação, dando peso ao voto de
acordo com o valor do crédito de
cada um. Além disso, Ayoub decidiu que os sindicatos apenas poderiam representar os trabalhadores associados a eles.
O TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), entidade que reúne as
associações de funcionários da
Varig, protestou contra o ato dos
sindicalistas. "Os sindicatos impediram os trabalhadores da Varig de ter um representante no
processo. Foi um ato irresponsável", afirmou Márcio Marsillac,
coordenador do TGV. Segundo
ele, a entidade processará os dirigentes sindicais pedindo indenização por perdas e danos.
"A decisão da Justiça, na última
hora, deixou de fora da assembléia 40% dos trabalhadores, que
se julgavam representados por
nós [sindicalistas]", disse Graziella Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas.
É antiga a disputa entre o TGV e
os sindicatos. Ambos querem assumir a representação no comitê.
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