São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2005

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CRISE NO AR

Assembléia só elegeu dois dos três membros do comitê de credores da aérea

Sindicatos boicotam reunião da Varig

BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Os sindicalistas foram ontem até a porta da assembléia de credores da Varig, no Rio, mas se recusaram a entrar. Com isso, apenas parte do comitê de credores que atuará no processo de recuperação judicial da aérea foi eleita.
A assembléia serviria para escolher os representantes das três classes de credores (trabalhistas, com garantias e sem garantias).
Sem quórum, a classe trabalhista, por enquanto, ficou fora do comitê. Segundo a Justiça, haverá outra assembléia para essa escolha. Nas outras classes, os eleitos foram indicados pelo governo.
Indicado pela Secretaria de Previdência Complementar, o representante dos credores com garantias reais é Erno Bretano, administrador especial dos planos da Varig no fundo de pensão Aerus -principal credor privado da aérea, com crédito de R$ 1,8 bilhão. Já o eleito pelos credores sem garantias foi Adenauher Figueira Nunes, diretor financeiro da Infraero, estatal que administra 66 aeroportos em todo o país.
Os sindicalistas se recusaram a entrar em protesto contra decisão proferida na tarde de anteontem pela Justiça do Rio, por considerá-la "inconstitucional" e "política".
Na quinta, despacho do juiz Alexander Macedo, titular da 8ª Vara Empresarial do Rio, havia autorizado os sindicatos a representar na assembléia todos os trabalhadores ausentes e determinou que a votação seria "por cabeça" (um voto por trabalhador).
Na sexta-feira, porém, outro juiz que cuida do caso, Luiz Roberto Ayoub, respondeu a um pedido de esclarecimento da decisão de Macedo e alterou a forma de votação, dando peso ao voto de acordo com o valor do crédito de cada um. Além disso, Ayoub decidiu que os sindicatos apenas poderiam representar os trabalhadores associados a eles.
O TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), entidade que reúne as associações de funcionários da Varig, protestou contra o ato dos sindicalistas. "Os sindicatos impediram os trabalhadores da Varig de ter um representante no processo. Foi um ato irresponsável", afirmou Márcio Marsillac, coordenador do TGV. Segundo ele, a entidade processará os dirigentes sindicais pedindo indenização por perdas e danos.
"A decisão da Justiça, na última hora, deixou de fora da assembléia 40% dos trabalhadores, que se julgavam representados por nós [sindicalistas]", disse Graziella Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas.
É antiga a disputa entre o TGV e os sindicatos. Ambos querem assumir a representação no comitê.


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