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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
BC pode ampliar pacote de bondades
Numa demonstração de que
o Brasil também foi atingido
pela crise global, apesar de o governo até pouco tempo dizer
que o país não seria afetado, o
Banco Central adotou ontem
uma série de medidas para dar
mais liquidez ao sistema financeiro. O objetivo foi ajudar
principalmente os bancos pequenos e médios, que estavam
com dificuldades de atender às
necessidades de crédito das
empresas.
O Banco Central considera o
montante de recursos a ser injetado no mercado com as medidas de ontem, um total de
R$ 13 bilhões, suficiente para
atender as necessidades dos
bancos. Se for preciso um alívio
maior, no entanto, o Banco
Central está pronto para adotar
mais medidas nessa mesma direção.
A preocupação do Banco
Central é fazer com que os mercados funcionem normalmente. A restrição ao crédito estava
provocando algumas distorções no mercado, principalmente na formação de alguns
preços. Na semana passada, por
exemplo, o dólar chegou a bater
quase R$ 2 apenas por terem
evaporado as linhas de crédito
externas e não por um movimento normal de oferta e procura da moeda.
À primeira vista, as medidas
de ontem do Banco Central
proporcionando mais liquidez
ao mercado poderiam ser interpretadas como uma contradição em relação à política de
aperto monetário. Na teoria,
até que são contraditórias mesmo, mas o argumento do Banco
Central é que essas medidas
têm um caráter temporário. O
objetivo é apenas corrigir um
problema momentâneo de escassez de crédito.
A crença geral é a de que o
crédito irá retornar à normalidade assim que o pacote americano de salvação das instituições financeiras for aprovado
no Congresso. Dessa forma, os
problemas decorrentes da limitação do crédito ficariam restritos às empresas, sem transbordar para os consumidores.
Para o economista Sérgio
Werlang, ex-diretor do Banco
Central e vice-presidente do
Itaú, há, hoje, no entanto, diante das perspectivas de menor
crescimento no mundo, a perspectiva de a política monetária
não ser tão apertada como se
imaginava antes.
Ele estava prevendo que a taxa básica de juros terminasse
neste ano em 15%, mas, agora,
ele acha possível ficar em 14,5%
ou até em 14,25%. Pelas contas
de Werlang, o PIB mundial deve se expandir alguma coisa como 2,5% em 2009, o que terá
conseqüências sobre as exportações brasileiras.
Com menor exportação, o
Brasil também irá crescer menos. O Banco Central não só
não precisa subir tanto o juro,
como também poderá começar
a baixá-lo mais rapidamente.
"A recessão vai se incumbir
de diminuir a demanda."
Bolsa de Londres reúne empresas brasileiras
A Bolsa de Londres organiza, amanhã, o "Brazilian
Day", co-patrocinado por
Price Waterhouse, JPMorgan e pelo escritório Linklaters. Petrobras, Gerdau,
CSN, Embraer e JBS-Friboi,
entre outras, participam do
evento, que tem como uma
das metas estimular emissões de ações em Londres.
Os países emergentes são
um dos principais alvos da
Bolsa de Londres, com destaque para Brasil, México, China e Índia. Thiago Sandim,
sócio do Lefosse -escritório
brasileiro que tem parceria
com o Linklaters-, diz que,
apesar da queda dos investimentos a curto prazo, o Brasil está na contramão da crise
e seus ativos despertam interesse dos estrangeiros.
CIRCULANDO
André Duek deixa o grupo
TF, das marcas Forum, Triton e outras, para assumir a
direção da Carina Duek. Ele
foi responsável pela venda do
TF para a AMC Têxtil.
NOS TRILHOS
Rosangela Lyra, diretora
da Dior Brasil, fará no dia 4,
na Estação Júlio Prestes, a
festa Good Times, com o tema "Uma Noite no Orient
Express". Renda de convites
será doada à Aliança de Misericórdia e outras entidades.
LONGO PRAZO
A taxa de juros de longo prazo deve ser mantida em 6,25%
ao ano para evitar redução
brusca no volume de investimentos, diz a Fiesp. O Conselho Monetário Nacional se
reúne hoje para definir a taxa.
A federação afirma que, com a
crise internacional, os financiamentos do BNDES ganharam mais importância para as
empresas brasileiras. A manutenção dos juros, diz a
Fiesp, é essencial para reagir à
redução das fontes de financiamento externas no curto
prazo.
CONTRASTE
Apesar de a crise financeira global começar a respingar
no Brasil na área do crédito, o chamado mundo real ainda
não foi atingido. Um exemplo claro é o que ocorre na Votorantim Cimentos, que tem fábricas no Brasil e nos Estados Unidos. Enquanto nos EUA a empresa está demitindo
500 funcionários, no Brasil está contratando 2.000. No
Brasil, o consumo de cimento cresce quase 20% neste ano
e, nos EUA, cai mais de 20%. O investimento previsto pela empresa é de R$ 3,2 bilhões até 2011 para o Brasil e zero para os EUA. Segundo Walter Schalka, presidente da
Votorantim Cimentos, em 2005, quando ele assumiu o
comando da empresa, ocorria exatamente o contrário.
CULTIVO
Enquanto a área utilizada para cultivo de cana não pára
de crescer, o etanol vai ganhando espaço no destino final
dado à cana produzida no Brasil, em detrimento da participação do açúcar, segundo estudo da Andrade & Canellas, consultoria do setor energético. A terra ocupada pela
cana deve subir para 10 milhões de hectares até 2012. Já
a produção de etanol deve mais que dobrar, chegando a
36 bilhões de litros, e a de açúcar deve crescer 26%.
com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI
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