São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Próximo Texto | Índice

MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

BC pode ampliar pacote de bondades

Numa demonstração de que o Brasil também foi atingido pela crise global, apesar de o governo até pouco tempo dizer que o país não seria afetado, o Banco Central adotou ontem uma série de medidas para dar mais liquidez ao sistema financeiro. O objetivo foi ajudar principalmente os bancos pequenos e médios, que estavam com dificuldades de atender às necessidades de crédito das empresas.
O Banco Central considera o montante de recursos a ser injetado no mercado com as medidas de ontem, um total de R$ 13 bilhões, suficiente para atender as necessidades dos bancos. Se for preciso um alívio maior, no entanto, o Banco Central está pronto para adotar mais medidas nessa mesma direção.
A preocupação do Banco Central é fazer com que os mercados funcionem normalmente. A restrição ao crédito estava provocando algumas distorções no mercado, principalmente na formação de alguns preços. Na semana passada, por exemplo, o dólar chegou a bater quase R$ 2 apenas por terem evaporado as linhas de crédito externas e não por um movimento normal de oferta e procura da moeda.
À primeira vista, as medidas de ontem do Banco Central proporcionando mais liquidez ao mercado poderiam ser interpretadas como uma contradição em relação à política de aperto monetário. Na teoria, até que são contraditórias mesmo, mas o argumento do Banco Central é que essas medidas têm um caráter temporário. O objetivo é apenas corrigir um problema momentâneo de escassez de crédito.
A crença geral é a de que o crédito irá retornar à normalidade assim que o pacote americano de salvação das instituições financeiras for aprovado no Congresso. Dessa forma, os problemas decorrentes da limitação do crédito ficariam restritos às empresas, sem transbordar para os consumidores.
Para o economista Sérgio Werlang, ex-diretor do Banco Central e vice-presidente do Itaú, há, hoje, no entanto, diante das perspectivas de menor crescimento no mundo, a perspectiva de a política monetária não ser tão apertada como se imaginava antes.
Ele estava prevendo que a taxa básica de juros terminasse neste ano em 15%, mas, agora, ele acha possível ficar em 14,5% ou até em 14,25%. Pelas contas de Werlang, o PIB mundial deve se expandir alguma coisa como 2,5% em 2009, o que terá conseqüências sobre as exportações brasileiras.
Com menor exportação, o Brasil também irá crescer menos. O Banco Central não só não precisa subir tanto o juro, como também poderá começar a baixá-lo mais rapidamente.
"A recessão vai se incumbir de diminuir a demanda."

Bolsa de Londres reúne empresas brasileiras

A Bolsa de Londres organiza, amanhã, o "Brazilian Day", co-patrocinado por Price Waterhouse, JPMorgan e pelo escritório Linklaters. Petrobras, Gerdau, CSN, Embraer e JBS-Friboi, entre outras, participam do evento, que tem como uma das metas estimular emissões de ações em Londres.
Os países emergentes são um dos principais alvos da Bolsa de Londres, com destaque para Brasil, México, China e Índia. Thiago Sandim, sócio do Lefosse -escritório brasileiro que tem parceria com o Linklaters-, diz que, apesar da queda dos investimentos a curto prazo, o Brasil está na contramão da crise e seus ativos despertam interesse dos estrangeiros.

CIRCULANDO
André Duek deixa o grupo TF, das marcas Forum, Triton e outras, para assumir a direção da Carina Duek. Ele foi responsável pela venda do TF para a AMC Têxtil.

NOS TRILHOS
Rosangela Lyra, diretora da Dior Brasil, fará no dia 4, na Estação Júlio Prestes, a festa Good Times, com o tema "Uma Noite no Orient Express". Renda de convites será doada à Aliança de Misericórdia e outras entidades.

LONGO PRAZO
A taxa de juros de longo prazo deve ser mantida em 6,25% ao ano para evitar redução brusca no volume de investimentos, diz a Fiesp. O Conselho Monetário Nacional se reúne hoje para definir a taxa. A federação afirma que, com a crise internacional, os financiamentos do BNDES ganharam mais importância para as empresas brasileiras. A manutenção dos juros, diz a Fiesp, é essencial para reagir à redução das fontes de financiamento externas no curto prazo.

CONTRASTE

Apesar de a crise financeira global começar a respingar no Brasil na área do crédito, o chamado mundo real ainda não foi atingido. Um exemplo claro é o que ocorre na Votorantim Cimentos, que tem fábricas no Brasil e nos Estados Unidos. Enquanto nos EUA a empresa está demitindo 500 funcionários, no Brasil está contratando 2.000. No Brasil, o consumo de cimento cresce quase 20% neste ano e, nos EUA, cai mais de 20%. O investimento previsto pela empresa é de R$ 3,2 bilhões até 2011 para o Brasil e zero para os EUA. Segundo Walter Schalka, presidente da Votorantim Cimentos, em 2005, quando ele assumiu o comando da empresa, ocorria exatamente o contrário.

CULTIVO

Enquanto a área utilizada para cultivo de cana não pára de crescer, o etanol vai ganhando espaço no destino final dado à cana produzida no Brasil, em detrimento da participação do açúcar, segundo estudo da Andrade & Canellas, consultoria do setor energético. A terra ocupada pela cana deve subir para 10 milhões de hectares até 2012. Já a produção de etanol deve mais que dobrar, chegando a 36 bilhões de litros, e a de açúcar deve crescer 26%.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI



Próximo Texto: BC eleva liquidez para bancos pequenos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.